Modesto no mercado, Fla só saberá quanto poderá gastar com reforços em janeiro

Preocupado, o torcedor do Flamengo se pergunta os motivos que justificam a contratação de apenas um reforço até o momento para a temporada 2012. O modesto lateral-esquerdo Magal chegou sem alarde para compor o elenco que defenderá o clube na Copa Libertadores. Além da natural disputa do mercado, a explicação está na autorização orçamentária do próximo ano, que ainda não foi emitida pelos poderes.

De fato, o departamento de futebol não sabe quanto poderá utilizar para reforçar o grupo. Por isso, qualquer negociação no momento precisa de um aval provisório do Conselho Fiscal. Todos os poderes combinaram de chegar a um consenso até o final da primeira semana de janeiro. Desta forma, o clube teria até o primeiro mês de 2012 para fechar o elenco para o primeiro semestre.

A reportagem do UOL Esporte teve acesso ao documento de emenda do Conselho Fiscal com valores orçamentários computados até setembro deste ano. O ofício foi aprovado na última terça-feira pelo Conselho de Administração. Os dois conselhos ainda precisam anexar os três meses restantes para que as contas sejam votadas posteriormente no plenário do Deliberativo. Na emenda, fica claro que o Rubro-Negro não conseguiu alcançar metas em patrocínio, bilheteria e social durante 2011. Por outro lado, recebeu mais de R$ 30 milhões de receitas extraordinárias. Consta neste montante mais de R$ 10 milhões equivalentes a negociação de parte de direitos econômicos de jogadores, principalmente os novos valores das categorias de base rubro-negra.

No entanto, como houve gastos excessivos e que ultrapassaram alguns limites pré-estabelecidos, os conselhos precisaram fazer ajustes e divisão de cotas para que o orçamento de 2011 não fosse estourado. Tal feito poderia deixar a presidente Patricia Amorim inelegível no próximo pleito.

Procurado pela reportagem, Leonardo Ribeiro, presidente do Conselho Fiscal, explicou a situação delicada para a formação do elenco profissional que irá disputar a Copa Libertadores em 2012.

“Não se pode fazer nada sem a autorização orçamentária para 2012. Ajustamos a situação do orçamento deste ano para evitar problemas. O Flamengo deixou de alcançar algumas metas, mas conseguiu receitas que não esperava. Precisamos ter cautela para manter os salários em dia. Isso é uma das características da administração Patricia Amorim. Não se pode cometer loucuras e todos os poderes do clube sabem disso. Temos uma problemática para resolver. Precisamos saber de forma correta como será o fluxo do caixa para utilizarmos parte da verba de 2012 nas negociações”, afirmou o dirigente.

O imbróglio envolvendo Flamengo e Traffic aparece mais uma vez como protagonista nos bastidores. A diretoria espera uma resolução antes do Natal e considera a questão peça chave para a definição do orçamento.

“A dificuldade está no comprometimento dos recebíveis. Quanto o clube pode autorizar a diretoria utilizar? Não descobrimos ainda. Temos que saber se a Traffic continua conosco. Se a empresa deixar o Flamengo, vamos ter que incluir mais R$ 9 milhões no orçamento. Precisamos também documentar claramente o que já foi adiantado do contrato com a televisão. Ainda temos a possibilidade de antecipar royalties da inauguração do museu e estudar o quanto podemos dar como garantia de direitos econômicos de alguns atletas da base. É um processo trabalhoso, mas necessário. O Flamengo não pode ser sugado pelos empresários de qualquer forma. Eles chegam aqui e arrombam os nossos cofres? Não é assim”, disse.

Por fim, Leonardo Ribeiro colocou o “projeto Libertadores” como a obsessão da diretoria para 2012. Segundo o dirigente, o clube não aguenta mais viver de um título conquistado há 30 anos.

“Isso não pode mais acontecer. Está na hora de ganhar de novo a Libertadores e ir para o Mundial preparado. Não queremos fazer vergonha na temporada. Ninguém aguenta viver apenas desse título de 1981. O mais importante é comprar o carro novo e ter dinheiro para pagar o combustível. O Flamengo precisa ter um bom time, mas honrar os seus compromissos. O departamento de futebol está cobrando a situação e todos estão se esforçando para resolver o mais rápido possível”, encerrou.