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Conselho do Palmeiras pede expulsão de ex-diretores por suposto desvio de verba

Arnaldo Tirone, presidente do Palmeiras, será cobrado por postura firme no caso - Carlos Padeiro/UOL
Arnaldo Tirone, presidente do Palmeiras, será cobrado por postura firme no caso Imagem: Carlos Padeiro/UOL

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

19/01/2012 16h20

O COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) concluiu o relatório sobre o “sumiço” de quase R$ 300 mil das contas do clube e recomendou que os conselheiros Antônio Carlos Corcione e Francisco Busico e o ex-conselheiro e hoje sócio Pedro Renzo sejam punidos com expulsão do quadro de associados. Há a suspeita de que a verba tenha sido desviada. O presidente Arnaldo Tirone deve sofrer uma forte pressão nos próximos dias para ter pulso firme no caso.

Os quase R$ 300 mil vieram de uma ação que o Palmeiras ganhou na Justiça no valor de R$ 1,1 milhão. Na ocasião, Pedro Jorge Renzo de Carvalho, advogado do clube e sócio de Corcione, foi autorizado a resgatar a verba. O balanço do clube só registrou a entrada de R$ 880 mil. Cerca de R$ 30 mil foram colocados como honorários do escritório de advocacia que trabalhou para o clube. Os quase R$ 300 mil faltantes ainda têm seu destino como um mistério.

Segundo apurou o UOL Esporte, o relatório afirma que a verba realmente não chegou ao Palmeiras e que, por isso, os ex-diretores jurídicos Corcione e Renzo precisam ser punidos. Em relação a Francisco Busico, a opinião dos relatores é de que o ex-diretor financeiro não poderia assinar o protocolo sem ter visto a verba.

O relatório foi feito por quatro conselheiros: Alberto Strufaldi, Emílio Acocela, Francisco Gervásio Primo e Gilto Antônio Avallone. Após a conclusão, eles entregaram o documento com as recomendações para José Ângelo Vergamini, que é presidente do Conselho Deliberativo e que, por sua vez, indicou o também ex-diretor Seraphim del Grande para o cargo de presidente de sindicância.

Del Grande já trabalhou em várias áreas do clube, inclusive o futebol, e aguarda o depoimento das últimas testemunhas para dar a palavra final e levar o caso à votação do Conselho Deliberativo. Para que a expulsão dos três se concretize, dois terços dos votantes precisam aprovar a decisão.

“Eu recebi o relatório do COF e agora estou esperando para ouvir as últimas testemunhas. Eu, honestamente, acho que não vamos mudar muita coisa porque os ex-presidentes que serão ouvidos nem trabalhavam no clube na época do incidente. De qualquer jeito, vou ouvir todo mundo até o fim da próxima semana e, até o fim do mês, se Deus quiser, vamos ter o resultado final”, afirmou Seraphim.

As testemunhas que serão ouvidas são os ex-presidentes Mustafá Contursi, Affonso Della Mônica e Salvador Hugo Palaia, além do ex-gerente financeiro Eduardo Novo. Luiz Gonzaga Belluzzo também foi arrolado como testemunha, mas já prestou seu depoimento.

Francisco Busico diz ter sido pego de surpresa com a recomendação do COF e afirma que tudo não passa de uma decisão que tem fins políticos. Ele ainda lamenta o fato de estar sendo acusado mesmo após ter trabalhado enquanto sua mulher estava em estado terminal no hospital.

“A decisão tem fins políticos, não preciso nem dizer, porque todo mundo sabe. Eu fui pego de surpresa, estou sabendo agora disso, mas tenho certeza de que não vai dar em nada. Além disso, mesmo que eles (comissão) decidam que a gente seja expulso, o Conselho ainda vai precisar dizer se sim ou se não. Eu volto a dizer. Confio nos diretores jurídicos da época e, por isso, assinei o protocolo do hospital, enquanto minha mulher estava em estado terminal”, afirmou Busico, que confirmou não ter visto o dinheiro, apesar de ter assinado o documento.
 

 

  • Reprodução/Blog do Perrone

    Renzo move processo na Justiça contra o Palmeiras para provar inocência e cita bagunça financeira


Antônio Carlos Corcione também reagiu com surpresa e mantém o discurso de seu colega de grupo político de que as decisões são baseadas em fatos que não batem com a realidade. Ele ainda ressalta que está à disposição para mostrar a todos que entregou a verba ao clube.

“Se foi contabilizado ou não no balanço, o problema que não compete a mim. Compete à bagunça da contabilidade, que temos até laudo, da Ernest Young (empresa de auditoria) dizendo que o Palmeiras era inauditável. Mas vamos aguardar. Coloquei à disposição meu sigilo fiscal e meu sigilo bancário para o Seraphim del Grande. Estou absolutamente tranquilo, porque estou no clube há 20 anos e só trouxe dinheiro ao clube, nunca tirei. Por isso chamei os ex-presidentes como testemunha”, afirmou Corcione, que completou.

“Essa é uma atitude baixa, que tem fins políticos para levantar fumaça e esconder outros buracos dessa atual gestão, especialmente de Gilto Avallone, nosso rival político que nunca achou nada para nos prejudicar e agora quer atribuir esse furo do balanço a nós. Eles ficaram ainda mais bravos comigo porque eu trabalhei muito pela construção da Nova Arena e esse o problema que atrapalha ele. Isso é algo que está me incomodando muito e prejudicando minha profissão e minha família” concluiu.

Pedro Renzo foi procurado pela reportagem, mas não foi localizado. Ele move um processo na Justiça para provar que é inocente. Segundo Corcione, os dois ainda podem mover uma nova ação para cobrar pelos prejuízos morais que estão acumulando com esse processo.

“Em um voto de respeito, vamos deixar a coisa correr. Mas existe uma ação de prestação de contas, proposta pelo Renzo, contra a Sociedade Esportiva Palmeiras, que está na Justiça. A decisão precisa ser primeiro do Palmeiras. Se fosse nosso interesse, poderíamos pedir, em uma medida liminar, que todas as apurações internas fossem paralisadas. Elas estão cheia de problemas políticos. Na Justiça, já mostramos nossos documentos e estou com a consciência absolutamente tranquilo”, finalizou Corcione.