Perrella diz que deixou caixa do Cruzeiro vazio e que não vendeu Montillo em respeito a Gilvan
Em meio à crise vivida neste início de temporada pelo Cruzeiro, que pagou com atraso parte dos salários de dezembro, o ex-presidente Zezé Perrella admitiu ter deixado o clube com o caixa vazio e déficit de R$ 30 milhões. Segundo ele, a venda de Montillo resolveria o problema de dinheiro, porém alega que não negociou o meia em respeito ao atual mandatário, Gilvan de Pinho Tavares.
CRUZEIRO PAGA SALÁRIOS ATRASADOS
A diretoria do Cruzeiro confirmou nesta quarta-feira que os salários atrasados de parte dos jogadores referentes à folha de pagamento de dezembro foram quitados e o dinheiro já está na conta dos atletas. Ainda na terça-feira, o clube mineiro havia informado que o empréstimo bancário estava liberado.
“Realmente entreguei o clube sem dinheiro em caixa. Mas existia maneira de arrumar recursos, porque dinheiro em caixa nunca teve, na verdade, o Cruzeiro, nem clube nenhum. Porque o objetivo do clube não é lucro. Têm duas maneiras de você pagar as suas contas, ou você vai ao mercado financeiro e arranja recursos, ou você vende jogadores”, observou Zezé Perrella, em entrevista a TV Globo.
“Eu coloquei isso antes de sair, que a gente teria um déficit de 30 milhões no ano, obviamente com a venda do Montillo esses 30 milhões seriam parcialmente pagos, e era o que eu queria fazer na época. Não o fiz em respeito, obviamente, ao presidente novo, que estava assumindo”, acrescentou o ex-presidente.
Gilvan Tavares, que foi o candidato indicado por Zezé Perrella, tomou posse em dezembro. O dirigente recusou propostas de São Paulo e Corinthians para negociar Montillo e bateu o pé no valor fixado, de 15 milhões de euros, para vender o meia argentino.
“Quando ele (Gilvan Tavares) fez a opção de não vender o Montillo, essa possibilidade de atrasar salários era bem real. Normalmente, a nossa receita fixa gira em torno de 80 milhões por ano, entre renda de jogos e tudo mais, e a despesa chega a alguma perto de 120 (milhões)”, afirmou Zezé Perrella.
A folha de pagamento de dezembro só foi totalmente quitada nessa terça-feira, depois que o empréstimo bancário solicitado pelo Cruzeiro foi liberado. A diretoria alega que os salários dos funcionários e dos atletas que recebem menos haviam sido pagos. Porém, faltava acertar com os jogadores que ganham mais.
Roupa suja se lava em casa
Zezé Perrella condenou a iniciativa dos atletas, que divulgaram uma carta na qual repudiam a forma irônica em que Gilvan Tavares tratou o atraso nos salários. No dia 19 de janeiro, o dirigente, em entrevista coletiva, disse a seguinte frase: “Não podemos adiar, os atletas ganham muito pouco, essa miséria que ganham, faz falta danada, se atrasar três, quatro dias para eles”.
Na abertura da carta, os jogadores rebatem o atual presidente: “Estamos indignados com a declaração irônica do presidente Gilvan de Pinho Tavares sobre o atraso de salário”. “Sendo muito ou pouco, o salário é um direito de todo o trabalhador”, completam os atletas em outro trecho.
“Não é motivo para tomar essa atitude de soltar essa carta à imprensa. Eu acho que roupa suja se lava em casa, e a lei permite que se atrase salário até por 90 dias. Só após 90 dias você pode perder o passe de um jogador. Pelo que eu viu na nota, os jogadores se sentiram ofendidos, entre aspas, por uma brincadeira. Eu acho que foi muito mais uma brincadeira que o presidente Gilvan fez”, disse Zezé Perrella.
“Eu fico chateado, porque 20 dias não é atraso no futebol brasileiro. Talvez estejam mal-acostumados, porque o Cruzeiro nunca atrasou. Nós também não podemos transformar isso numa tempestade”, acrescentou o ex-presidente.
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