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Botafogo rebate e culpa Bombeiros por erro no atendimento a torcedor

Bombeiros agem após queda de torcedor no fosso do Engenhão, durante final no Rio - Celso Pupo/Fotoarena
Bombeiros agem após queda de torcedor no fosso do Engenhão, durante final no Rio Imagem: Celso Pupo/Fotoarena

Luiz Gabriel Ribeiro e Roberta Nomura

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/02/2012 12h35

Botafogo e Corpo de Bombeiros não se entendem a respeito do primeiro atendimento a um torcedor do Fluminense que caiu no fosso do Engenhão durante a final da Taça Guanabara, no domingo. A vítima – Francisco de Assis Vilar de Freitas, 53 anos – recebeu assistência de maneira rápida, mas equivocada. O colar cervical foi colocado de forma invertida no torcedor. Com o erro, o tricolor não teve a coluna e o pescoço protegidos. O Botafogo rebate a versão dos Bombeiros e tenta esclarecer quem é o 'dono' da ação.

MÉDICO COMENTA RISCOS PARA VÍTIMAS DE QUEDAS

De acordo com Renato Graça, ortopedista e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), um manuseio equivocado na vítima pode ocasionar uma lesão que não havia logo após o acidente. “A tendência de um leigo é sempre carregar a vítima, levá-la no colo. Com isso, a cabeça da pessoa é jogada para trás. Um erro no momento de atender ou transportar a vítima pode atingir a medula”, explica o médico, que acrescenta a importância do colar cervical em casos de queda.

“O colar cervical serve para o transporte. Assim, os médicos evitam movimentos arriscados. O colar não deixa o pescoço se movimentar. Uma maca resistente também é importante para evitar balanços”, comenta Graça.

Clube que administra o Engenhão, o Botafogo tem uma empresa contratada de forma terceirizada para fazer atendimento médico no estádio. Há também mini postos médicos com socorristas de plantão. De acordo com a versão de Sergio Landau, diretor executivo do clube alvinegro, a equipe da arena foi enviada imediatamente ao local após a ocorrência durante a final entre Fluminense e Vasco. Os bombeiros, segundo o cartola, já estavam fazendo o pré-atendimento.

Através de nota, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro confirmou o erro, mas alertou que o equívoco não foi cometido pelos militares. A corporação indica que o primeiro contato com Francisco foi feito pelos maqueiros do Engenhão. “O primeiro atendimento à vítima não foi feito pelos bombeiros. O equipamento pertence ao estádio - portanto, acreditamos que tenha sido colocado por padioleiros [maqueiros] que o socorreram assim que o acidente aconteceu”, esclarece o comunicado.

O relato do Botafogo sobre o caso é outro. “A equipe [do Botafogo] foi imediatamente acionada pelo comandante da área e chegou ao local levando todo o equipamento. Os bombeiros já estavam fazendo o pré-atendimento. Foi tudo muito rápido. Na verdade, foi a equipe da Saver que consertou o erro”, explica Landau.

Sem a intenção de entrar em uma briga com o Corpo de Bombeiros, o dirigente exalta a rapidez do atendimento – apesar do erro que poderia deixar o estado da vítima ainda mais grave. “O que é importante dizer é que todo o atendimento foi muito ágil. Os bombeiros atenderam de maneira imediata. Em 1min, ele já estava sendo assistido. Mas não foi a equipe do Botafogo que colocou, mas sim forneceu o material”.

Ainda durante a vitória do Fluminense sobre o Vasco [3 a 1], o UOL Esporte publicou a notícia sobre a queda do torcedor de uma altura de cerca de 5m, acompanhada da imagem acima, de autoria do fotógrafo Celso Pupo. Na noite de domingo, alguns internautas enviaram comentário ao site apontando que o colete estava colocado equivocadamente em Francisco Freitas.

Após a correção do erro na utilização do colar cervical, a vítima foi levada para o centro médico do estádio com suspeita de fratura no punho esquerdo e antebraço. Francisco também teve trauma de face e abdominal após queda de uma altura de cerca de cinco metros.Em seguida, o fã do Fluminense fez os primeiros exames no hospital Salgado Filho. Na manhã de segunda-feira, ele foi transferido a um hospital particular do Rio de Janeiro, onde irá operar o braço.