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Fla segue sem patrocinador master e sofre para arcar com R$ 72 milhões em salários

Flamengo segue com a camisa "lisa", sem um anunciante master para expor sua marca - Alexandre Vidal/ Fla Imagem
Flamengo segue com a camisa "lisa", sem um anunciante master para expor sua marca Imagem: Alexandre Vidal/ Fla Imagem

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/02/2012 12h30

Na última terça-feira, o Flamengo realizou o pagamento de toda a folha salarial do mês de janeiro a jogadores e comissão técnica e acertou as contas com o departamento na data prometida. A situação, no entanto, não deverá ser repetida tão facilmente até o fim do ano. Novamente com dificuldades para negociar um patrocinador master - na parte mais nobre da camisa -, o rubro-negro sofrerá mais que o esperado para arcar com cerca de R$ 72 milhões em salários e encargos do futebol do clube.

  • Alexandre Vidal/ Fla Imagem

    Volante Luiz Antõnio comemora o gol do Flamengo na estreia da Taça Libertadores. Imagem gerada para inúmeros países da competição mais importante da América do Sul não tinha qualquer anunciante no espaço mais nobre da camisa

O alto valor a ser pago até dezembro se deve à inflacionada folha salarial do futebol, que custa ao clube R$ 6 milhões por mês, segundo apurou a reportagem do UOL Esporte. Até o fim da temporada, serão onze parcelas referentes aos meses restantes, além do décimo terceiro salário.

Com apenas dois patrocinadores e um faturamento abaixo do esperado nos espaços da camisa, a diretoria busca quitar os compromissos através da verba recebida pela assinatura do contrato com a TV Globo. Este valor, no entanto, é um mistério até mesmo para alguns poderes do clube, que admitem não saber o montante que o clube recebeu e quanto está sendo usado no futebol.

Enquanto isso, a BMG, parceira antiga e que estampa sua marca nas mangas da camisa por R$ 9 milhões, e a Mobil, que acertou um contrato de R$ 5 milhões na barra traseira após um acordo judicial, vão garantindo os primeiros pagamentos da temporada.

Responsável pelo processo de captação de recursos, o vice-presidente de marketing do rubro-negro, Henrique Brandão, admite uma certa demora em fechar novos patrocínios. Segundo o dirigente, a conturbada parceria com a Traffic, que seria responsável por buscar parceiros para o clube, acabou deixando o Flamengo "travado" no mercado.

“O Flamengo se libertou da Traffic um pouco tarde. Com isso, ficamos travados. No ano passado, foram alguns meses esperando que a empresa trouxesse coisas que não aconteceram. Demos tempo suficiente para essa questão. A indefinição da situação do Ronaldinho atrasou a nossa ida ao mercado", explicou Brandão, acrescentando que a nova aposta do clube é a busca por parceiros no mercado exterior.

OS PRINCIPAIS SALÁRIOS DO FLAMENGO*

RONALDINHO GAÚCHOR$ 1,250 milhão/ mês
VAGNER LOVER$ 550 mil/ mês
DEIVIDR$ 500 mil/ mês
ALEX SILVAR$ 290 mil/ mês
RENATO ABREUR$ 280 mil/ mês
LÉO MOURAR$ 220 mil/ mês
(*) Valores aproximados 

"Algumas empresas de marketing esportivo nos procuraram e demos autorização para prospectar patrocínios. Essa é uma prioridade absoluta. Correr atrás inclusive fora do Brasil. Estados Unidos e Europa são possibilidades”, afirmou.

Ajuda externa por patrocínios

A ajuda de outras empresas para captar recursos não é uma novidade no Flamengo. Em pouco mais de dois anos, o atual departamento de marketing só conseguiu negociar diretamente dois contratos minoritários para o clube, BMG e Tim. Todos os outros, incluindo as cotas masters de temporadas anteriores, foram conseguidos por parceiros como a 9ine [empresa de Ronaldo] e a Traffic.

Desta vez, a responsável por negociar o espaço nobre da camisa é a empresa "Africa", do renomado publicitário Nizan Guanaes. Mas apesar do nome novo nas conversas, os problemas são antigos. Em função da demora na negociação, o Flamengo está longe de alcançar a sua pedida inicial de R$ 24 milhões para o patrocínio master. Com as dificuldades, a tendência é que o clube, mais uma vez, acabe fechando o contrato por um valor abaixo do mercado.

Sem acerto e, consequentemente, sem dinheiro para arcar com os compromissos, Henrique Brandão aposta em outras estratégias para gerar recursos, como o programa de fidelidade que deve ser retomado em abril. Mesmo com toda urgência do caso, o dirigente acredita que a situação só estará "bem avançada" no segundo semestre. 

“Fechamos em R$ 5 milhões com a Mobil. Queremos retomar a questão do patrocínio no ombro. Talvez a possibilidade de renovação com a Brasil Brokers. O patrocínio master também vai fechar. Uma hora essa ficha vai cair. Também vamos retomar o programa de fidelidade em abril. Isso gera lucro para o clube. Achamos que em setembro e outubro essa questão vai estar bem avançada", encerrou o vice-presidente de marketing do Flamengo.