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Raí planeja sala de cinema e confirma perfil anti-Ronaldo nos negócios e na silhueta

Raí: trabalho social e foco em gestão de marcas de personalidades similares  - Juan Esteves
Raí: trabalho social e foco em gestão de marcas de personalidades similares Imagem: Juan Esteves

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

08/03/2012 06h00

Raí se aposentou como ídolo de um dos maiores times de São Paulo e hoje é sócio de uma empresa de marketing. O caminho é parecido com o de Ronaldo, que deixou os gramados no ano passado para virar diretor da 9ine. Mas as semelhanças terminam por aí.

RONALDO: ROTINA DE EMPRESÁRIO TEM NHOQUE E DUELOS NO VIDEOGAME

  • Eduardo Knapp/Folhapress

    Ronaldo colecionou fama, mulheres, títulos, polêmicas, lesões e muito dinheiro com o futebol. Agora, em sua nova carreira como sócio da agência 9ine, parece tentar mudar seu estilo de vida. Opta pela discrição e adota hábitos simples como comer nhoque no almoço, jogar videogame na empresa e fazer amizade com os vizinhos.

    A sede da 9ine, que em pouco tempo se tornou uma referência em marketing esportivo e tem clientes graúdos como Neymar, Lucas, Anderson Silva e Falcão, é uma prova de discrição. Uma casa bonita, mas sem grandes atrativos no Alto de Pinheiros, Região Oeste de São Paulo, sem qualquer placa ou referência a Ronaldo. Coisa de quem quer passar despercebido.

     

No mundo dos negócios, o ex-são paulino exibe um perfil oposto ao ex-corintiano – até na silhueta, esbelta no ex-meia e cheinha no ex-atacante, as escolhas diferentes são evidentes. Se Ronaldo parou de jogar e logo ingressou no marketing esportivo, Raí esperou alguns anos, avaliou o mercado e só então mergulhou no mercado. E o foco das duas empresas também é muito diferente.

A 9ine é uma gigante, faz gestão de carreira de atletas badalados, como Neymar e Anderson Silva, e faz o meio de campo para o patrocínio de empresas a clubes de futebol. A Raí+Velasco, criada há quatro anos, trabalha na gestão de marcas de personalidades que se aproximam do “universo Raí”. São apenas três clientes: Magic Paula, Zetti e o arquiteto Ruy Othake.

“Começamos fazendo a gestão apenas da marca Raí. Mas com o sucesso desse projeto, outras pessoas que têm o mesmo perfil do Raí se aproximaram”, conta Paulo Velasco, sócio do ex-meia.

Além disso, a empresa está se especializando em uma área em que a 9ine não atua: a gestão de espaços, para transformá-los em marca. E a primeira empreitada nessa direção já tem um alvo, o cinema.

“Hoje, no Brasil, a maioria das salas de cinema migrou para os shoppings. Mas no exterior, os cinemas estão voltando para as ruas e acreditamos que essa tendência vai chegar ao Brasil. Por isso, o plano é montar uma sala de cinema nas ruas”, diz Velasco.

A empreitada, porém, não envolveria só filmes. “A ocupação dos cinemas em São Paulo é de 30%. É baixa. Esses espaços precisam ser multiuso. Ninguém vai aos cinemas pela manhã. É uma oportunidade para usar o local para outros eventos”, completa.

Nas funções paralelas, Raí e Ronaldo também estão em lados diferentes. O ex-são-paulino é um dos fundadores da Gol de Letra, instituição de cunho social que ganhou, neste ano, o prêmio Laureus, considerado o Oscar do esporte. Já o ex-corintiano aceitou um convite de Ricardo Teixeira e é um dos diretores do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014.

Até mesmo na silhueta Ronaldo e Raí são opostos. Quem olha para o ex-meia do São Paulo atualmente ainda reconhece a forma física de jogador, mesmo após 11 anos de aposentadoria. Ronaldo, pouco mais de um ano após o adeus aos campos, já ostenta uma barriguinha de aposentado.

“Eu estou um quilo mais pesado do que quando jogava. Mas é claro que a forma física não é a mesma. Não tenho mais tantos músculos. E não jogo futebol. Ainda não encontrei um grupo para jogar peladas ainda”.

RAÍ SE UNE A CARLINHOS NEVES POR AULA DE ACADEMIA BASEADA NO FUTEBOL

Mais uma prova do perfil anti-Ronaldo de Raí foi dado na segunda-feira. Ele lançou o método Raí Training, levando movimentos do futebol para salas de aula de academia. Os exercícios foram idealizados por Carlinhos Neves, preparador da seleção brasileira e do Atlético-MG.

"É uma ideia simples. Levar o tipo de treinamento do futebol para a academia. Apesar de trabalhar com bola, praticar chutes e passes, o objetivo não é ensinar futebol a ninguém. É para melhorar a forma física", explica Carlinhos.

A ideia veio do próprio Raí, quase um rato de academia. "Eu frequento academia três vezes por semana. E sempre senti falta do tipo de treinamento que fazíamos no futebol. Algo que tivesse ritmos diferentes e trabalhasse força e resistência juntos. O que mais se aproximava disso eram as aulas de spinning, mas ainda faltava alguma coisa".