Topo

Andrés reclama de palpiteiros na CBF e não descarta até rebelião de clubes contra Marin

Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians - Danilo Verpa/Folhapress
Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

27/03/2012 06h01

Homem de confiança do ex-presidente Ricardo Teixeira, o diretor de seleções da CBF, Andrés Sanchez, deixa transparecer sua condição de “estranho no ninho” na gestão de José Maria Marin.

A cada vez que toca no nome do atual presidente da entidade, o ex-mandatário do Corinthians demonstra pouca proximidade, enquanto o desconforto com a saída de Teixeira é evidente.

“Triste”, “abalado”, “chocado” e “quebra dos alicerces” são algumas das palavras descritas por Sanchez, durante entrevista exclusiva ao UOL Esporte, para definir seu sentimento sobre a saída do homem que o contratou para sua função.

“Mas o Marín está aí e temos que respeitar. É o estatuto”, falou, lembrando que o atual gestor só assumiu o cargo por ser o vice-presidente mais velho da entidade.

O ex-presidente do Corinthians não tem bom relacionamento com Marco Polo Del Nero, atual presidente da Federação Paulista de Futebol e principal aliado e braço direito de Marin no comando da CBF.

GAVIÕES COBIÇAM CBF

Tem muito gavião que não tem cargo nenhum e não fez nem sucessor no clube que quer palpitar

Em contrapartida, conta com a simpatia da grande parte dos dirigentes de times para presidir e comandar uma liga de clubes que reduza os poderes da CBF no futebol nacional e que a nova associação tenha maior interferência nas decisões.

Andrés reclamou que tem gente querendo se aproveitar da troca no comando da entidade para ter oportunidade de participar do gerenciamento do futebol nacional.

“Lógico, lógico [que tem gente querendo se aproveitar da situação]. Tem muito gavião que não tem cargo nenhum e não fez nem sucessor no clube que quer palpitar, se meter e ter posição. Mas quem tem quem discutir o futebol brasileiro são os dirigentes de confederações, clubes e federações. Eles têm que decidir, e não é focar dando tiro pra lá e pra cá”, falou Andrés.

Ele nega querer presidir a entidade ou encabeçar a liga. Mas deixa claro que deseja que o poder da CBF seja repartido com os clubes, que o procuraram para representá-los.

“Mais de 15 clubes me procuraram e alguns se reuniram com o Marin e outros ainda vão se reunir. Vou ajudar no que puder. Não quero ser presidente da Liga ou da CBF. Futebol cresce muito financeiramente. Tudo isso vai dar reviravolta. Nós dirigentes temos que estar atentos pra saber o que vamos fazer. Sou a favor da Liga.”

UNIÃO E FORÇA DOS CLUBES

Se o Marin não fizer bom trabalho, todo mundo tem que se revoltar e tem que mudar

Questionado pela reportagem como o atual presidente pode conseguir agradar em seu mandato, a receita foi simples: se aproximar daqueles que podem “bancar” Andrés em uma possível disputa.

“Ele se apega chamando os clubes, federações e discutindo o que é melhor para o futebol brasileiro. Ele tem que fazer isso mais vezes”, falou.

Mesmo pisando em ovos para evitar um atrito com Marin, Andrés até deixou escapar que caso ele não agrade a todos, tem que ser feita uma mudança.

“O importante é a pessoa fazer um bom trabalho, independentemente da região onde for. Se tiver fazendo um mal trabalho, pode ser carioca, gaúcho, cearense, tem que mudar, e se o Marin não fizer bom trabalho todo mundo tem que se revoltar e tem que mudar.”