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'Esquecido' no São Paulo, Cañete vive rotina de fisioterapia, videogame e turismo

Meia argentino Marcelo Cañete joga videogame em sua casa em São Paulo  - Leandro Moraes/UOL
Meia argentino Marcelo Cañete joga videogame em sua casa em São Paulo Imagem: Leandro Moraes/UOL

Renan Prates

Do UOL, em São Paulo

13/04/2012 06h00

Contratado em julho do ano passado como solução para a meia do São Paulo, o argentino Marcelo Cañete não conseguiu jogar o que sabe por ter sofrido em novembro uma lesão que o deixará entre seis e oito meses fora dos gramados, ficando esquecido na cabeça do torcedor por conta disso. Enquanto não pode voltar, o jogador vive uma rotina de fisioterapia em dose dupla, além de muito videogame e turismo, para conhecer melhor a capital e o litoral paulista.

CAÑETE REVELA APOSTA COM CENI

  • Leandro Moraes/UOL

    Cañete contou ao UOL que fez uma aposta com o goleiro Rogério Ceni e o volante Wellington para ver quem retorna primeiro aos gramados. "Quem ganhar, recebe uma camisa dos outros dois", falou o jogador, que em tese é o que deve voltar antes.

Desde que chegou ao São Paulo, Cañete só conseguiu atuar em duas partidas: Fluminense e Vasco, ambas pelo Brasileirão. No duelo de São Januário, o meia argentino sofreu a grave lesão no ligamento cruzado posterior do joelho direito. Mas se engana quem acha que esta foi a pior da carreira do jovem de 21 anos.

“Quando estava na base do Boca Juniors, sofri uma lesão que me deixou um ano e dois meses longe do campo. Acho que isso me deu muita força mental para superar um momento como esse. Mas também tenho ajuda da família”, revelou o jogador ao UOL Esporte.

Cañete recebeu a reportagem no confortável condomínio em que vive sozinho no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo. Uma rápida olhada basta para perceber que tanto a decoração da casa como a redondeza de onde vive estão de acordo com o traço mais marcante da sua característica: a discrição.

O argentino é muito tímido e não se mostra confortável em dar entrevista. Mesmo assim, ele gentilmente aceitou falar estando com a boca inchada por ter feito uma microcirurgia de última hora para a retirada de dois dentes.

ENCANTAMENTO COM AS BRASILEIRAS

Questionado sobre o que mais gosta no Brasil, Cañete não pensou duas vezes em responder: "mulher", risos. "Minha mãe até vai ficar brava, mas acho que no Brasil as mulheres são mais bonitas, até por ser um país bem maior né? Mas na Argentina também tem mulheres bonitas".

Cañete parece não estar tão incomodado com a ausência dos gramados. Quando a saudade bate, ele ‘desconta’ no videogame – seu passatempo preferido, que se intensifica ainda mais quando seu irmão vem de Buenos Aires para visitá-lo.

Da Argentina, ele disse não sentir muita falta, pois está plenamente adaptado ao Brasil. Saudades Cañete sente mesmo é dos seus familiares, pois as sessões de fisioterapia não permitem que viaje para Buenos Aires - os pais e a filha Martina, de sete meses, costumam visitá-lo com alguma periodicidade. Quando isso não acontece, a solução é recorrer à internet, com as mídias sociais MSN, Skype e Facebook.

Mesmo tento atuado pouco com a camisa do São Paulo, o meia garante que é reconhecido pelos torcedores nas ruas. “Às vezes quando vou ao restaurante, tem gente que me pede autógrafo, me dá força e pergunta quando eu vou voltar”.

CAÑETE, O JOGADOR NOVELEIRO

O meia revelou também um lado pouco conhecido de sua personalidade: o de admirador de novelas argentinas e brasileiras. "Aqui não tenho tido tempo, mas via muito na Argentina", explicou o jogador, citando 'La Botinera' (Maria Chuteira) e Xica da Silva e Terra Nostra como exemplos.

O meia do São Paulo frequenta regularmente as sessões de fisioterapia – duas vezes por dia, de segunda a sábado. O tempo de folga que lhe resta, ele usa para descansar ou para fazer o que geralmente um argentino faz quando visita o Brasil: turismo. “Quando dá, eu aproveito para conhecer São Paulo. Às vezes vou para o litoral também. Já conheci Santos, Guarujá. São cidades muito bonitas”.

Com cinco meses de recuperação da lesão, Cañete avalia que seu joelho está em boas condições, mas não quer antecipar prazos. Na sua visão, julho será o mês que ele retornará aos gramados. O argentino tem o respaldo da diretoria do São Paulo, mas sabe que irá encontrar dificuldades pelo bom momento que o concorrente Jadson atravessa no time.

“Ele [Jadson] é um grande jogador, tanto é que atuou no exterior. Ele tem mostrado todo o seu potencial. É difícil falar sobre isso [briga por titularidade], prefiro focar na minha recuperação”.