Topo

Teixeira dobra "cachê" de amistoso e triplica ganho da CBF com seleção antes de renunciar

Ricardo Teixeira, que renunciou neste ano depois de comandar a CBF por 23 anos - Rafael Andrade/Folha Imagem
Ricardo Teixeira, que renunciou neste ano depois de comandar a CBF por 23 anos Imagem: Rafael Andrade/Folha Imagem

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/04/2012 06h00

O último dos 23 anos de Ricardo Teixeira na CBF foi de bons negócios para a entidade. Antes de renunciar, Teixeira conseguiu mais que dobrar o valor recebido pela Confederação Brasileira de Futebol pela venda dos direitos de transmissão dos amistosos da seleção brasileira. Com isso, triplicou os ganhos da CBF com os jogos da equipe.

BALANÇO FINANCEIRO DA CBF

Itens20112010
Receita com patrocínioR$ 219 milhõesR$ 193 milhões
Receita com direitos de transmissãoR$ 41,9 milhõesR$ 13,1 milhões
Outras receitasR$ 39,1 milhõesR$ 57,1 milhões
Receita totalR$ 300 milhõesR$ 263 milhões
LucroR$ 73,6 milhõesR$ 83 milhões
  • Fonte: Confederação Brasileira de Futebol

Só em 2011, a CBF recebeu R$ 41,9 milhões em direitos de transmissão, segundo o último balanço financeiro da confederação, divulgado neste mês. Em 2010, a entidade tinha recebido R$ 13,1 milhões pelo mesmo motivo. Ou seja, conseguiu aumentar seus ganhos em quase 220% em um ano.

De acordo com a própria CBF, todo esse crescimento se deveu ao aumento do número de amistosos da seleção de um ano para o outro e, principalmente, ao reajuste da cota recebida pela transmissão de cada partida.

Em 2010, a CBF organizou sete amistosos da seleção e recebeu até R$ 1,15 milhão pelo direito de transmissão de cada um deles. Segundo as contas da própria entidade, ela ganhou cerca de R$ 8 milhões com a venda de amistosos para a TV.

Já em 2011, a seleção jogou 12 amistosos. Por cada partida, a CBF recebeu até R$ 3,2 milhões de direitos de transmissão. Portanto, a CBF afirma que recebeu cerca de R$ 38,4 milhões com a venda da transmissão desses jogos da seleção principal.

TEIXEIRA E A CORRUPÇÃO NA FIFA

  • Ricardo Texeira, ex-presidente da CBF, também é suspeito de receber suborno em nome da Fifa e não repassar o dinheiro à entidade. O caso é tema de um processo que tramita na Justiça da Suíça. Além de Teixeira, João Havelange também teria participado do esquema, que movimentou cerca de US$ 40 milhões. O UOL Esportes teve acesso a documentos que comprovam o recebimento de suborno por Teixeira e Havelange. Leia a matéria completa abaixo.

A diferença entre o ganho com as partidas da seleção e o total recebido pelos direitos de transmissão foi ganha com os jogos de categorias de base, de outras seleções nacionais, como a feminina, ou com parte do que a CBF recebeu pela participação da seleção principal em torneios oficiais. A Copa América, no ano passado, é exemplo disso.

Apesar desse aumento de receita de quase R$ 29 milhões em um ano só com direitos de transmissão, Ricardo Teixeira não conseguiu aumentar o lucro da CBF. O aumento de despesas com funcionários e com a administração da confederação acabou impactando no lucro da entidade.

Além disso, um processo que a Coca-Cola move contra a confederação fez com que ela reservasse cerca de R$ 8 milhões para pagamento de indenizações e reduziu o lucro de 2011. Mesmo assim, ele é grande.

A CBF lucrou R$ 73,6 milhões em 2011. No anterior, o resultado tinha sido melhor: lucro de R$ 83 milhões. A queda de cerca de R$ 9 milhões representa um recuo de 11%.

O valor perdido no lucro é quase igual ao que a CBF reservou para as perdas no processo com a Coca-Cola. Nesse processo, a companhia de bebidas cobra da CBF uma indenização por a confederação ter rompido um contrato de patrocínio que as duas mantinham. Em 2011, a CBF admitiu que dificilmente escapará da condenação e, por isso, já reservou R$ 8 milhões para possíveis perdas. Essa reserva também está informada no balanço financeiro da entidade.

Esses R$ 8 milhões correspondem ao que a CBF estima que vai perder. O valor, porém, pode ser bem maior. Por determinação da Justiça, a confederação mantém um depósito bancário de mais de R$ 23 milhões. O valor está bloqueado pelo processo.

Além deste depósito, também chama a atenção no balanço da CBF a reserva de R$ 4,1 milhões feita para cobrir possíveis perdas da entidade na disputa judicial que ela mantém com a Receita Federal pela cobrança de impostos devido à importação de um jatinho Citation Sovereign PP AAd. A CBF tem, em aeronaves, um patrimônio estimado em R$ 60 milhões.