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Ídolo alvinegro, Paulinho McLaren relembra papo com Senna: 'Ele rejeitou a camisa do Santos'

Paulinho desejou sorte a Senna um dia antes de vitória em Interlagos em 1991 - Arquivo Pessoal/Paulinho Mclaren e Folha Imagem
Paulinho desejou sorte a Senna um dia antes de vitória em Interlagos em 1991 Imagem: Arquivo Pessoal/Paulinho Mclaren e Folha Imagem

Bruno Thadeu

Do UOL, em São Paulo

05/05/2012 06h00

McLaren virou sobrenome para Paulinho. O apelido surgiu de brincadeira feita pelo jornalista Milton Neves. O então jogador estava 'voando em campo', como a McLaren então pilotada por Ayrton Senna. Paulinho terminou 1991 como artilheiro do Brasileirão defendendo o Santos; Senna se sagraria campeão da Fórmula 1 daquele ano.

No auge no Santos, Paulinho recebeu convite para falar por telefone com o ídolo Ayrton Senna. Ele topou na hora. A conversa rolou, mas Senna educadamente avisou que recusaria um presente de Paulinho: uma camisa do Santos.

"Me puseram para conversar com o Senna um dia antes dele vencer o GP de Interlagos, em 1991. Ele tinha acabado de fazer a pole. Eu desejei boa sorte e disse que ele ia ganhar a prova. Ainda ofereci uma camisa do Santos. Ele ganhou a corrida no dia seguinte, agradeceu pelas palavras de apoio, mas disse que não aceitaria a camisa do Santos porque era corintiano [risos]. Foi um grande ídolo", relembrou.

PAULINHO MCLAREN CHORA AO RELEMBRAR DE GOLS PELO SANTOS

MCLAREN FEZ ESTÁGIO COMO AUXILIAR TÉCNICO NO SANTOS E ELOGIA ESTRUTURA

  • Santos/FC

    Em 2010, Paulinho realizou estágio de auxiliar técnico no Santos. No retorno ao clube, Paulinho afirma ter visto um novo Santos. Na década de 90, o elenco não tinha o CT Rei Pelé à disposição. O local abrigava campos esburacados usados para jogos de várzea.

    As opções para o treino do time principal era a Vila Belmiro e os campos do Exército, em São Vicente. De vez em quando os treinamentos aconteciam na praia do Itararé.

    “O Santos vivia uma situação muito difícil no fim dos anos 80. Não tinha estrutura necessária, o campo juntava lama, mas foi uma fase extremamente prazerosa. Imagine o Neymar e o Ganso cruzando a bola para mim naquele tapete da Vila. Seria caixa. Eu só empurraria para o gol”, brinca.

Paulinho McLaren foi no começo dos anos 90 uma espécie de Neymar para o torcedor do Santos. Ele era a principal estrela do time da época, arrastava fãs por onde passava na Baixada e seu corte estilo Chitãozinho & Xororó era febre entre os jovens, assim como é hoje o moicano. Agora treinador do Capivariano, o ex-atacante pretende retornar ao Santos desta vez como técnico.

Foram 55 gols marcados pelo Santos, de 1989 a 1992. Paulinho ainda considera cedo pensar em assumir o Santos e diz que Muricy Ramalho terá longo tempo na Vila.

“Estou começando minha carreira de técnico, mas é lógico que um dia penso em voltar ao clube que me deu tudo na vida. Com o Santos conheci 19 países. O Muricy está muito bem, vai ficar por muito tempo, mas quem sabe um dia”, sorriu Paulinho, em entrevista ao UOL Esporte.

Muito antes das dancinhas criadas pelos Meninos da Vila, Paulinho McLaren já elaborava comemorações engraçadas defendendo o Santos. O atacante pensava assim: se o jogo ocorresse em data especial, a comemoração já estava definida. Foi assim na celebração em homenagem ao Dia dos Índios e em dia de vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1.

Os gols deram fama a Paulinho na época. Seu corte de cabelo era o preferido dos torcedores jovens. Bem humorado, o ex-atacante disse ter se inspirado no personagem Conan, o Bárbaro para deixar a vasta cabeleira. O problema é que todos associavam o corte à dupla Chitãozinho & Xororó.

“Eu sempre gostei do cabelo estilo mullets. Engraçado que o pessoal achava que eu adotava aquele cabelo por causa do Chitãozinho e Xororó. Poxa, mas era por causa do filme Conan, o Bárbaro. Nada contra o corte Xororó [risos], mas o Conan era mais estiloso”.

“Mas tudo bem. Eu sou amigo do Chitãozinho e Xororó. Admiro eles. Vi a Sandy e o Júnior crescerem. Tá tudo certo”, sorri.

NO CRUZEIRO, MCLAREN FAZ GOL 'DANÇA DA GALINHA' PARA PROVOCAR RIVAL

Paulinho Mclaren teve passagem pelo Cruzeiro nos anos 90. O atacante caiu nas graças da torcida após marcar um gol no clássico contra o Atlético-MG. Mais do que fazer o gol da vitória por 2 a 1, no Brasileirão de 96, Paulinho provocou a torcida do Atlético ao imitar uma galinha na comemoração.

'Aquela comemoração rendeu, viu. Na hora me veio a ideia de imitar uma galinha. A torcida do Cruzeiro foi à loucura de tanto comemorar. Mas a do Atlético não gostou", relembra.