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CBF se reaproxima de políticos e terá Romário para negociar R$ 4 bi em dívidas de clubes

Romário cumprimenta José Maria Marin em visita do presidente da CBF ao Congresso - CBF/Divulgação
Romário cumprimenta José Maria Marin em visita do presidente da CBF ao Congresso Imagem: CBF/Divulgação

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/05/2012 11h00

Há quase dois meses na presidência da CBF, José Maria Marin conseguiu reaproximar a entidade máxima do futebol nacional dos políticos brasileiros. Após duas visitas ao Congresso e reuniões reservadas com parlamentares ligados ao futebol, o substituto de Ricardo Teixeira dá agora os primeiros passos para um dos seus principais projetos à frente da confederação: dar uma solução para a dívida de R$ 4 bilhões dos clubes brasileiros. 

Para isso, Marin contará, inclusive, com a ajuda de ex-inimigos da CBF durante a gestão do ex-presidente Teixeira. Um deles, o ex-jogador e agora deputado federal Romário (PSB-RJ), que já esteve na sede da confederação de futebol para falar sobre as dívidas. Romário é vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados e apoiou a criação de uma subcomissão especial que tratará exclusivamente dos débitos dos clubes.

“Este tema [da dívida dos clubes] foi discutido”, afirmou Romário, após sair de uma reunião fechada com o presidente da CBF na sede da entidade, no mês passado. “Existe a ideia de conversarmos sobre o assunto. Por isso, criamos a subcomissão na Câmara.”

A subcomissão é coordenada pelo deputado federal Wanderley Alves de Oliveira (PSC-RJ), o Deley, que também é ex-jogador. Em entrevista ao UOL, Deley afirmou que a chegada de Marin à presidência da CBF mudou a relação da entidade com os parlamentares. Segundo ele, a entidade está “mais disposta ao diálogo” e isso tende a ajudar no debate para o equacionamento dos débitos dos clubes de futebol.

De acordo com o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Pedro Trengrouse, especialista em mercado do futebol, todos os times do país juntos devem cerca de R$ 4 bilhões. Metade disso, são dívidas com o governo (impostos federais, estaduais, contribuições previdenciárias, etc). Outra metade são dívidas relacionadas a salários atrasados, pagamentos a fornecedores e outros débitos.

Para tentar solucionar parte desses problemas, o governo federal criou em 2007 a Timemania. A loteria que usa o nome dos clubes no seu sorteio serviria para ajudar os times a pagar o que devem em impostos. Entretanto, segundo Deley, ela está longe de atingir seu objetivo. “Quando o governo criou a Timemania, esperava arrecadar R$ 520 milhões por ano com o jogo. Neste ano, a previsão é que ela arrecade R$ 200 milhões”, afirmou.

De acordo com a Caixa Econômica Federal, administradora da Timemania, em 2011, foram arrecadados exatamente R$ 159 milhões. Desse total, 22%, ou seja, R$ 34 milhões foram repassados aos clubes.

Deley afirmou que esse valor não é suficiente. Desde que a Timemania foi criada, a dívida de clubes não diminuiu. Pelo contrário, vem aumentando ano após ano.

Por isso, uma das alternativas estudadas pelos deputados para ajudar aos times é mudar a Timemania. Neste mês, a subcomissão destinada a estudar as dívidas dos clubes deve realizar uma audiência pública para analisar os resultados da loteria. A presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, foi convidada a comparecer na sessão, assim como o professor Trengrouse e um representante da Caixa.

Deley disse que os deputados estão dispostos a ajudar os clubes a quitar seus débitos. Essa ajuda, porém, terá de ter uma contrapartida. "Não estamos aqui para passar a mão na cabeça dos clubes. A administração tem que melhorar."

Para Romário, clubes com dívidas com atletas, por exemplo, deveriam perder pontos em campeonatos. No Campeonato Paulista, isso já acontece. Romário apoia a ideia e quer levá-la a outros lugares. “O clube tem que ter responsabilidade sobre o que assinar”, afirmou.