Divino da vida real reúne coroinhas de Igreja e é conhecido em bairro do Rio como "Desastre"

A novela "Avenida Brasil" tornou famoso o Divino Futebol Clube. O time de segunda divisão do futebol do Rio de Janeiro, mesmo sem existir de verdade, já é muito mais conhecido que muitas equipes reais, graças às histórias do ex-craque Tufão e aos casos de amor conturbados de seus jogadores galãs.

Na vida real, entretanto, o time do Divino está muito longe do retratado na novela. Formado por amigos frequentadores da igreja Divino Espírito Santo e São João Batista, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, o time não tem “pegadores”. Tem é cerimoniários --coroinhas mais velhos que ajudam padres nas missas-- e é conhecido como “desastre” por seus maus resultados.

Desastre, aliás, está no nome do Divino real: Divino Futebol Desastre. O time surgiu em 2005 para a disputa do Interjovem, um campeonato entre equipes de paróquias da Zona Norte do Rio de Janeiro. Desde então, conquistou somente um título: Melhor Torcida Organizada de 2005.

PERSONAGENS DO DIVINO DA VIDA REAL

		Leandro é o "Tufão" do Divino. Foi camisa dez do time e não joga mais em torneios por causa da idade
		Régis é o galã do time. Também tem tatuagens como a de Jorginho, da novela
		Antônio leva o futebol a sério. Por isso, é o "Leandro" do Divino Futebol Desastre
		Guilherme é da nova geração do Divino, assim como Iran, da novela. Cerimoniário da Paróquia, só não é "pegador"

• SAIBA MAIS SOBRE A NOVELA AVENIDA BRASIL

Seu melhor resultado como time de futebol foi um terceiro lugar, também no Interjovem de 2005. No campeonato, a ajuda dos adversários foi fundamental para a boa campanha. “Naquele ano, ganhamos muitas partidas por WO [quando o adversário não aparece para jogar]”, conta Leandro de Oliveira Rocha, que jogou aquele torneio. “Nosso time era muito ruim, mas conseguimos alguma coisa.” 

Com 29 anos e praticamente “aposentado” pelo Divino, Leandro é o “Tufão” do time. Fez parte da melhor equipe do Divino da história e sua camisa, de número 10, foi levada para a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte (SP), como agradecimento pelo “milagre” alcançado pelo time.

“Deixaram minha camisa na Sala dos Milagres”, conta ele. “Todo ano tem romaria da paróquia. Naquele ano, levaram uma camisa do Desastre e um bandeirão da torcida.”

Régis Teixeira Neves, 22 anos, não fez parte desse time do Divino. Entrou para a equipe em 2006, mas assumiu um papel importante. É ele quem organiza os jogos.

Catequista e cerimoniário, Régis conhece todos na paróquia. Na Praça Niterói, onde o Divino costuma jogar aos fins de semana, são muitos os que o cumprimentam. 

“A gente vai chamando o pessoal. Nossa intenção é reunir os amigos e se divertir. Quando dá, a gente joga aqui na praça”, explica. “Futebol é bom porque ajuda a chamar os jovens para Igreja. Ninguém quer ir na missa, mas todo mundo gosta de futebol.”

Segundo ele, na Igreja, todos já conhecem o Divino Futebol Desastre. Quando viram que o time de "Avenida Brasil" tinha um nome semelhante, muitos se surpreenderam e acharam engraçado a coincidência. “Foi meu pai quem me avisou sobre o nome”, disse Régis, que quase não acompanha a novela.

Guilherme Pessoa, de 20 anos, diz que assiste a "Avenida Brasil". É, inclusive, fã de Murilo Benício, o protagonista da novela. Ele entrou há pouco tempo para o Divino, mas está empolgado. Mesmo sabendo do histórico do time, Guilherme acha que nos próximos anos a equipe pode surpreender seus adversários no Interjovem. Confiante, Guilherme desafia até os astros de "Avenida Brasil": “Quero ver o pessoal da novela ganhar da gente aqui na praça.”