Mano se mostra aliviado e vê mudança de mentalidade inédita na seleção

Depois de nos últimos dias rechear algumas de suas declarações com comentários um pouco mais irônicos, o discurso de Mano Menezes na zona mista da Imtek Arena tinha tons de alívio. Além de a seleção ter mostrado um bom desempenho numa partida em que teve vários desfalques, a vitória sobre a Dinamarca deverá dar um pouco mais de sossego ao treinador em meio aos polêmicos comentários do presidente da CBF, José Maria Marin, sobre a situação do técnico – Marin nos últimos dias vinha diretamente cobrando resultados de Mano.

Logo após a vitória, aliás, o dirigente ligou para o treinador para dar os parabéns. A informação foi até veiculada pelo site oficial da CBF, para que todos tomassem conhecimento. 

"O domínio que tivemos no primeiro tempo não foi natural, mas fiquei satisfeito por termos trabalhado bem a bola e por termos pressionado bastante o adversário. No segundo tempo, a Dinamarca mudou um pouco a atitude e criou um pouco mais de dificuldades. Não podemos achar que está tudo perfeito quando ganhamos nem que está tudo péssimo quando perdemos, mas um resultado como de hoje é animador para a equipe, sobretudo quando levamos em conta que estamos trabalhando com um grupo de média de idade de 22 anos. Foi extremamente positivo e alentador para o que temos pela frente", explicou o treinador.

Mano, porém, negou ter se sentido sob algum tipo diferente de pressão para o amistoso contra a equipe escandinava. "Eu não me preocupo muito com a pressão sobre o trabalho do técnico. Ele tem que estar aqui para suportá-la. Quem não pode aguentar não tem que estar aqui".

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Ele também adotou um tom de certa forma épico e típico dos momentos mais entusiasmado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao argumentar que um de resultados de seu trabalho de mudança de  atitudes na seleção já foi visto em Hamburgo. "Estamos no processo de formação de uma nova seleção, mais importante que a vitória é mudar nossa mentalidade. Nunca antes na nossa história jogamos marcando no ataque".

Em décimo lugar no ranking da Fifa e classificada para a Eurocopa, a Dinamarca surgia como um adversário de hora errada para Menezes, especialmente depois das baixas provocadas por lesões (Ganso, David Luiz e Daniel Alves) e pelo congestionado calendário do futebol brasileiro (Neymar e Rafael, que atuaram pelo Santos na Libertadores). E Menezes admitiu que o resultado superou até mesmo suas expectativas. "Fizemos 3 a 0, no primeiro tempo, numa equipe madura. Antes do jogo, não tínhamos isso como prognóstico. A Dinamarca me pareceu um pouco surpresa com a atitude brasileira".

O técnico voltou a dar um voto de confiança a Ganso, cujas atuações na seleção têm sido longe de convincentes, até mesmo na opinião do próprio jogador. Embora a sombra de Oscar tenha crescido com o desempenho c ontra os dinamarqueses, Menezes foi conciliador ao falar sobre o papel de principal articulador de jogadas da seleção. "Penso que o Oscar é um dos que vai estar na Olimpíadas. Esperamos que o Ganso esteja também. Sempre é melhor ter dois com essa qualidade de armar jogadas ofensivas".