Topo

Com estudo e salário em dia, futebol nos EUA atrai brasileiros em busca de diploma e chance

Piracicabano Bruno Guarda com Beckham: emprego como jogador e bolsa nos EUA - Divulgação/ Major League Soccer
Piracicabano Bruno Guarda com Beckham: emprego como jogador e bolsa nos EUA Imagem: Divulgação/ Major League Soccer

Bruno Thadeu

Do UOL, em Nova Iorque (Estados Unidos)

05/06/2012 09h15

O futebol, ou o “soccer”, como é chamado pelos norte-americanos, nunca foi o forte nos EUA, embora a principal competição nacional, a Major League Soccer (MLS) cresce a cada ano. O país da América do Norte desperta o interesse de muitos brasileiros. Além de receber salários em dia e viver bem, outro atrativo chama a atenção dos atletas: a necessidade de ingressar nos estudos para ter espaço nos times de base.

  • Bruno Thadeu/UOL

    Bruno Guarda e Paulo da Silva assistem a amistoso da seleção brasileira contra o México, em Dallas, Bruno começou aos 16 anos nos EUA e hoje, aos 26 anos, é meio-campista do Dallas FC. Já Paulo da Silva chegou a fazer pré-temporada no Dallas, mas optou pelo diploma obtido após anos de estudo com bolsa concedida a atletas nos EUA.

A estratégia é clara: se o atleta não vingar como jogador profissional, ele terá oportunidade de seguir carreira em outra profissão com diploma na mão.

É o caso de Paulo da Silva, 28 anos, que passou por todas etapas como atleta universitário e chegou fazer pré-temporada no Dallas FC. No entanto, dores crônicas no púbis encurtaram a carreira de Paulo, que acionou seu “plano B”: trabalhar com economia e finanças, diploma obtido após estudar gratuitamente enquanto defendia times da high-school (ensino médio norte-americano).

Já o meio-campista do Dallas FC, o brasileiro Bruno Guarda, 26, conseguiu acesso à principal liga do país, Ele ainda concilia estudo (pago pelo clube) e futebol, restando um ano para se formar. Hoje ele se vê em situação confortável nos EUA. Há três anos no profissional americano, o jogador sonha defender o XV de Piracicaba, clube onde começou, mas conta que dificilmente deixará a Liga dos EUA até o fim da carreira. Não vale apostar no incerto, diz.

“Acho muito difícil alguém sair da MLS, porque eles oferecem todas as condições possíveis. No dia exato cai o dinheiro na conta. A estrutura é excelente. Tirei o green card recentemente, e sei que se um dia encerrar a carreira, poderei ter outra profissão, porque estou próximo de me formar. Aqui eles investem na gente”, declara Guarda, vice-campeão da MLS em 2009 .

O santista Fábio Joaquim, 31, tentou ser profissional no Brasil. Chegou a treinar no Botafogo-PB, mas reprovou a estrutura do clube. Pouco depois, e se inscreveu em um programa de caça talentos do futebol na Califórnia, em 2005, conseguindo bolsas e ajuda de custo até chegar a Naia, espécie de competição colegial norte-americana.

A ideia de atuar na Major League não vingou, mas Fábio concluiu os cinco anos de faculdade de contabilidade e atualmente trabalha em um banco no Texas.

“O colegial americano que cede atletas para o profissional. Isso faz com que todos os atletas tenham uma base muito boa. E eu jamais teria como pagar uma universidade nos Estados Unidos e ainda me sustentar aqui. O esporte me deu essa chance. Vivi com o futebol nos EUA até os 27 anos, e hoje trabalho com finanças”.