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Valdivia revela assédio do sequestrador e diz que ainda não tomou decisão sobre o futuro

Valdivia concede entrevista após sofrer sequestro-relâmpago em São Paulo - Danilo Lavieri/UOL Esporte
Valdivia concede entrevista após sofrer sequestro-relâmpago em São Paulo Imagem: Danilo Lavieri/UOL Esporte

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

14/06/2012 11h56

Valdivia ainda não quer falar sobre seu futuro no Palmeiras. O jogador chileno, que sofreu um sequestro-relâmpago na semana passada, convocou uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira para falar sobre o assunto. O atacante, entretanto, se esquivou da principal pergunta: se vai sair ou não do Palmeiras.

"Uma das razões que eu vim aqui e decidi dar uma coletiva é para falar de uma coisa que aconteceu comigo, que é o sequestro. Eu vi muito de vocês ontem (quarta-feira) na delegacia e isso me levou a pensar em aceitar a dar uma coletiva hoje. Gostaria que as primeiras perguntas fossem direcionadas a isso", disse Valdivia.

O atacante, então, passou a relatar os momentos de terror vividos com o bandido na semana passada. E a pressão sofrida após a revelação do caso.

"Eu passei muitos dias mal, mas ainda quando as pessoas acharam que eu estava mentindo. Que era um pretexto para sair do Palmeiras. Passei por quase três horas com o bandido como a maiora de vocês já sabe. Horas de terror, de não saber se a pessoa que me sequestrou com minha mulher iria nos matar. Foi muito difícil. Ele ameaçou várias vezes em tirar as nossas vidas".

Valdivia revelou ainda estar "muito abalado" com o caso. "De quinta até hoje veio na minha cabeça a imagem da pessoa que nos sequestrou apontando uma arma na cabeça da minha mulher e na minha e dizendo que se a gente fizesse algum movimento ou falasse alguma palavra pra outra pessoa ele iria atirar. Passei quase 3 horas dentro do carro a toda hora com ele dizendo que iria nos matar. É uma situação muito difícil, só a gente que viveu isso pra falar o quanto você pensa que vai morrer. Ainda mais quando ele dizia que tinha matado, acho que era mentira, mas dizia que já tinha sido preso e fugido da cadeia", falou.

O jogador ainda se mostrou assustado com o sangue frio exibido por Rogério dos Santos, que também é conhecido como Orelhinha.

"O cara já tinha os R$ 1 mil, sabia que não ia conseguir sacar os outros R$ 19 mil. Primeiro, eu pensei que ele ia me matar. Mas depois ele pediu para ir no Mc Donalds. Esse cara é um doente mental. Se ele já tinha o dinheiro, por que ele fez isso?", relatou.

O criminoso foi preso nesta quarta-feira, em São Paulo. Valdivia foi duas vezes à delegacia para reconhecer o bandido: a primeira através de fotos e a segunda pessoalmente.

"Depois que a pessoa foi presa eu soube que ele tinha dois estupros. Quando eu desci do carro pra pegar o dinheiro, os mil reais, ele pegou no peito da minha mulher, tocou, e isso não sabia até que a gente foi no Chile e ela contou. Foi ainda mais difícil, ainda mais sabendo disso, é uma impotência enorme, gigante, mas agradeço muito a Deus pela chance de estar aqui", disse Valdivia.

Como mostraram as imagens da loja em que o jogador foi assaltado, o bandido aparentava tranquilidade e em nenhum momento se incomodava com a quantidade de pessoas em seu redor. Nestes momentos, o camisa 10 do Palmeiras pensava em reagir

"Chegamos na loja e ele queria comprar um monte de coisa. Eu sabia que não ia passar. Ali, eu pensei em reagir, mas sei que de super-herói o cemitério está cheio", explicou.

O atacante, entretanto, não quis falar mal da segurança no Brasil. "Perigo tem no mundo todo. No México tem sequestro, na Argentina também. Não é que o Brasil seja um país ruim. Vocês nunca vão me ouvir falar sobre isso. Sou muito grato ao país. Muito grato ao clube, à cidade, aqui que eu me projetei, saí para o mundo. Aqui que eu fui conhecido por quase todo mundo. Então não é que eu seja ingrato. Que eu tenha receios de morar aqui. Mas essa situação, esse fato, foi aquilo que eu já disse. Se você está na rua e rouba o relógio, você sofre cinco segundos, um minuto. A gente ficou quase três horas. O cara pegou a gente nas Lojas Americanas. Me levou para a Freguesia do Ó, Casa Verde. Ele era doente mental, porque além do sequestro, ele fez a gente o levar no McDonalds", completou.