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Teixeira e Havelange obtêm mais uma liminar para impedir divulgação do processo na Suíça

Ricardo Teixeira e João Havelange aparecem codificados no processo suíço como B2 e B3 - Reprodução
Ricardo Teixeira e João Havelange aparecem codificados no processo suíço como B2 e B3 Imagem: Reprodução

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

29/06/2012 15h24

João Havelange, presidente de honra da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, venceram mais uma batalha na tentativa de impedir a divulgação de documentos sigilosos da Fifa que podem incriminá-los. A Justiça da Suíça acatou na última semana um pedido dos advogados dos brasileiros de efeitos suspensivo sobre a decisão que liberava a divulgação dos documentos da entidade máxima.

A decisão, a que o UOL Esporte teve acesso, mostra que os advogados de Teixeira e Havelange entraram com um recurso no dia 30 de maio para impedir que o jurista suíço Markus Mohler tivesse acesso aos documentos da Fifa. O efeito suspensivo foi concedido no dia 21 de junho e publicado nesta sexta-feira.

Segundo revelou a rede de TV BBC, Havelange e Teixeira teriam recibo propina da empresa de marketing esportivo ISL. Um tribunal do Cantão de Zug, na Suíça, investiga o caso e concluiu, em 2010, que "dois membros estrangeiros'' da Fifa haviam de fato recebido subornos da ISL durante os anos 90.

Segundo o UOL Esporte apurou, parte dessas comissões milionárias foram recebidas pelos brasileiros entre 1989 e 1998, ano em que Havelange se afastou da presidência da Federação, depois de cumprir mandatos seguidos desde 1974.

O dinheiro - aproximadamente US$ 40 milhões - foi repassado à Sanud, empresa investigada na CPI do Futebol em 2001 (e que tem o irmão de Teixeira, Guilherme, como procurador, no Brasil), ao fundo  Renford Investiments, e à empresa Garantie JH. Os pagamentos correspondiam a propinas na venda de direitos de transmissão dos jogos das Copas do Mundo, “para um país da América do Sul”.

As informações foram amplamente investigadas pelo promotor suíço Thomas Hildebrand que abriu ação criminal contra os dois brasileiros, mantendo seus nomes  sob sigilo judicial

Na decisão divulgada nesta sexta-feira pelo Tribunal Federal da Suíça, os nomes de Ricardo Teixeira e João Havelange não aparecem. Eles são indicados como B2 e B3, respectivamente. É justamente a divulgação dos nomes e dos documentos que poderiam incriminá-los que os dois dirigentes brasileiros tentam impedir.

Dois outros pedidos de revelação dos documentos foram feitos pelos jornalistas Fraçois Tanda (Correio Suíço) e Andrew Jennings (BBC)

Em março de 2012, Ricardo Teixeira renunciou a seu cargo executivo na Fifa e deixou a presidência da CBF. Já João Havelange renunciou a cargo vitalício no Comitê Olímpico Internacional, em meio a investigação por corrupção.