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Grêmio encerra condomínio de credores, paga dívidas históricas e inicia 'reconstrução'

Paulo Odone, presidente do Grêmio, assina fim do condomínio de credores do clube - Marinho Saldanha/UOL Esporte
Paulo Odone, presidente do Grêmio, assina fim do condomínio de credores do clube Imagem: Marinho Saldanha/UOL Esporte

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

18/07/2012 11h40

O Grêmio plantou há sete anos e colheu nesta quarta-feira. Atolado em dívidas trabalhistas e ainda rebaixado à Série B de 2005, a alternativa para não fechar as portas foi instituir o 'condomínio de credores' e unir os cobradores que receberiam mensalmente o percentual de vendas de atletas. Depois de longos anos, os mais de 50 membros do condomínio foram pagos. Em ato simbólico, nesta quarta-feira, o presidente Paulo Odone iniciou a reconstrução do clube.

"Não tínhamos alternativa para pagar as dívidas. Era uma penhora em cima da outra, um tiroteio de cobradores. O Grêmio nunca sabia quanto dinheiro tinha, quando assumi o clube em 2005. Precisávamos resolver isso. Tentamos de todas as formas e chegamos, depois de meses de conversa, ao condomínio. Tudo estava comprometido. Era aquilo ou o fim do clube. O Grêmio estava quebrado, falido, só não poderia decretar falência", disse o presidente Paulo Odone.

O mandatário reuniu pessoas importantes no processo para assinar os documentos finais. Com ele à mesa estiveram o advogado do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul, Décio Neuhaus, o advogado trabalhista Jorge Bop Santana e o diretor financeiro do clube, Mauro Rosito.

Com o condomínio instituído, o Grêmio passava a destinar inicialmente 30% de percentuais de vendas para os credores. Posteriormente, 15%. Mas com as negociações de Victor e Mário Fernandes tudo foi acertado. Os cerca de 50 cobradores com dívidas trabalhistas foram pagos. Restam, somente, duas dívidas cíveis e mais um cobrador fora do condomínio.

"Com mais uma parcela do pagamento do Mário Fernandes, em dezembro, fecharemos tudo. Entrego o Grêmio ao fim do ano com tudo pago. Vencemos esta barreira que esteve ameaçada lá na Batalha dos Aflitos. Se ficássemos mais um ano na Série B, se não vencêssemos o Náutico, a cota de televisão iria reduzir pela metade e não teríamos como pagar ninguém. Portanto, aqueles 14 minutos de tensão fizeram tudo passar pela nossa memória", revelou o presidente do clube.

Com isso, o Grêmio acredita que está dando o primeiro passo para voltar a conquistar títulos. Reorganizando as finanças do clube, mais dinheiro passa a sobrar de cada venda, sendo revertido para reforços do clube. Desde o início do condomínio, em 2005, nenhum outro jogador que rescindiu com o Grêmio entrou na justiça contra o clube.

"É simbólico. Estamos dando um passo importantíssimo. O Grêmio faz 10 anos que não conquista um título. Mas é importante para entendermos porque as coisas acontecem. Agora vamos reestruturar o clube. Vamos para nossa Arena em dezembro, deixaremos de tirar recursos do futebol para manter o estádio e passaremos a lucrar com o estádio para o futebol. Além de não termos novas dívidas. Desde o condomínio, tantas rescisões tivemos, e nenhum protesto", referiu Odone, visivelmente emocionado.

Com mais recursos, sem 'perder' nada com dívidas antigas, Grêmio espera reverter lucros em conquistas. Os nomes dos principais credores ou o total pago foi mantido em sigilo no ato de assinatura do fim do condomínio.

O pagamento do condomínio de credores não significa, porém, o fim de todas as dívidas do clube. Ainda há cerca de R$ 150 milhões em débito com o governo federal. No entanto, tal montante está negociado com a exploração da loteria Timemania.