Polícia investiga 19 suspeitos de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro no Palmeiras
A 23ª Delegacia de Polícia de São Paulo, em Perdizes, investiga uma série de denúncias envolvendo vários conselheiros do Palmeiras. O UOL Esporte teve acesso a uma parte dos documentos que estão nas mãos dos investigadores. São 19 citados como supostos favorecidos de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro no clube, entre eles os ex-presidentes Mustafá Contursi e Carlos Bernardo Facchina Nunes e o ex-vice Luiz Augusto de Mello Belluzzo, irmão de outro ex-presidente que leva o mesmo sobrenome.
As primeiras denúncias ocorreram em 2005. A polícia tem ouvido desde então vários conselheiros, diretores e funcionários do Palmeiras para checar informações e procedimentos que remetem ao início da década passada. O inquérito, que possui mais de mil páginas, é dividido em 11 volumes e ainda não têm a investigação finalizada.
LISTA DOS INVESTIGADOS
A 23ª DP investiga a lista dos nomes acima como possíveis envolvidos em lavagem de dinheiro
O UOL Esporte tentou conversar com cada um dos citados. O ex-presidente Mustafá Contursi disse saber das investigações e afirmou que já deu depoimentos para a polícia há muito tempo.
MUSTAFÁ CONTURSI
Ex-presidente está na lista dos investigados
"Isso foi coisa de muito tempo, mas muito tempo atrás. Eu já dei meus esclarecimentos e estou completamente tranquilo", disse ele.
Outros citados são o conselheiro vitalício Luiz Carlos Pagnotta e sua mulher, Dirce Pagnotta, além de sua cunhada, Creuza Maria Manzoni. Pagnotta diz que está afastado do clube e surpreso pelas acusações.
"Não tem nada a ver. Isso foi coisa política, de um antigo funcionário que saiu e entrou com um processo de causa trabalhista. Hoje eu nem vivo mais em São Paulo e nem frequento mais o Palmeiras. Nunca recebi intimação nem nada e estou totalmente tranquilo em relação a isso", disse Luiz Carlos.
José Cyrillo Junior, que já foi, entre outros cargos, diretor administrativo, também aparece na lista. Ele justifica o fato a um caso de 2006. Na época, o clube contratou a Valtec para prestar serviços de seguro, sendo que a empresa é registrada como firma de comércio varejista especializado em comunicação e telefonia. Ou seja, sem autorização para fazer seguros.
Segundo a polícia, há a suspeita da emissão de notas frias no valor de R$ 326 mil. Ele explica que assinou todos os documentos a pedido do então diretor de futebol de 2006, Salvador Hugo Palaia.
JAIR TADEU JUSSIO
Diretor da base será investigado pela 23ª DP
"Eu já disse isso, já expliquei e já fui lá dar meus esclarecimentos na polícia. Assinei tudo a pedido do diretor de futebol e estou tranquilo em relação a isso. Se quiserem verificar o meu balanço patrimonial, vão ver que o Palmeiras me deve. Depois de tantos anos prestando serviço para o clube, como a Nova Arena, por exemplo, ainda sou acusado disso", disse Cyrillo.
Outro conselheiro citado é Luiz Augusto de Mello Belluzzo, irmão do ex-presidente Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo. Em breve contato com o UOL Esporte, ele preferiu dizer que não está sabendo sobre nada, que não deu depoimento e que está completamente afastado do Palmeiras.
O atual vice-presidente jurídico, Mario Gianini, também atendeu às ligações da reportagem e atribuiu seu nome aparecer na página policial por revanchismo político.
"Eu sei bem o que é isso. Eu estive por trás das investigações do sumiço de dinheiro, de cerca de R$ 300 mil e o Antônio Carlos Corcione (ex-assessor da presidência) disse que lamentava muito aquilo, porque ele estava sendo acusado e sempre tinha trabalhado a favor do Palmeiras e que, a partir daquele momento, muita coisa apareceria. Eu bati na mesa, perguntei o que era e quem eram os nomes. Ele falou e me citou. Fiquei inconformado e agora vou até o fim para entender o que ele quis dizer. Ele tem que provar o que falou. Foi revoltante. Eu não vou deixar qualquer um me acusar", disse o revoltado Gianini.
CARLOS BERNARDO FACCHINA
Ex-presidente é suspeito de lavagem de dinheiro
O ex-presidente Carlos Bernardo Facchina Nunes e seu filho, que tem o mesmo nome, também são acusados de envolvimento em enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro.
À reportagem, o pai afirmou que eles não foram avisados sobre o motivo de estarem sendo investigados e que ainda não foram notificados sobre nada.
Após a reportagem entrar no ar, o diretor das categorias de base, Jair Jussio, afirmou desconhecer o motivo de seu nome estar na lista e mostrou revolta com a notícia.
"Eu não tenho problema com ninguém, não devo nada a ninguém e nem sei porque meu nome estava lá. Vou tomar minhas providências para saber o motivo de me colocarem nesse meio, mas ainda não tenho a menor ideia. Sei que trabalho em um cargo que preciso ter minha honestidade respeitada. Eu ando e vou continuar andando com a cabeça erguida".
Oswaldo da Silva Rico, Pedro Farinacci Neto, Cid Luiz de Campos, André Felipe Colossi, Nelo Rodolfo Giongo Filho, Carlyle Lopes Siqueira e Joelson de Souza Prado foram procurados pela reportagem, mas não foram localizados. Dorival Seriacopi e Durval Colossi, segundo o clube, já faleceram.
O UOL Esporte conversou também com a assessoria de imprensa e com o diretor jurídico do clube, Piraci de Oliveira, que não puderam localizar os envolvidos. Piraci ainda fez questão de ressaltar que essas investigações dizem respeito ao passado.
"Tudo isso é coisa do passado. Temos que explicar que eu, Tirone, Frizzo, Sampaio... e todo mundo dessa gestão não tem nada a ver. Mesmo os que estão na atual e estão sendo investigados são de coisas passadas", disse ele.
*Atualizada às 19h17
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