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Platini critica autoritarismo de Blatter: "Decidiu sozinho a implementação do chip da bola"

O presidente da UEFA, Michel Platini, disse ser contra o uso da tecnologia no futebol - EFE/Vassil Donev
O presidente da UEFA, Michel Platini, disse ser contra o uso da tecnologia no futebol Imagem: EFE/Vassil Donev

Das agências internacionais

Em Monte Carlo

31/08/2012 15h03

 

O presidente da Uefa Michel Platini disparou duras críticas ao atual mandatário da Fifa, Joseph Blatter. O dirigente da entidade europeia reclamou da postura autoritária com que o principal cartola do futebol mundial tem tomado decisões recentes que podem mudar o mundo do futebol. Para o ex-jogador da seleção da França, Blatter não tem consultado o comitê executivo e tem feito escolhas à sua maneira.

Platini mostrou ser abertamente contra a tecnologia de implantação de um chip nas bolas de futebol para garantir a marcação dos lances em que a linha do gol é ultrapassada, mas os árbitros não conseguem ver. O lance que gerou maior discussão foi na Copa do Mundo de 2010, no jogo entre Inglaterra x Alemanha, quando Frank Lampard concluiu uma bola a gol que bateu no travessão, ultrapassou a linha do gol, mas não foi validada pelo árbitro e auxiliares.

Na ocasião, Blatter afirmou tratar-se de um lance isolado, e que caso ficasse provado que a tecnologia fosse infalível, ele consideraria a mudança. Dois anos depois, no entanto, decidiu por implementar a regra do chip na bola após ver o lance se repetir na última Eurocopa (2012), desta vez em lance a favor da Inglaterra.

“Quando você fala de tecnologia, a Fifa não decidiu nada sobre a tecnologia da linha do gol, Blatter é quem decidiu”, bradou o dirigente, durante entrevista concedida em Monte Carlo.

“Ninguém no comitê executivo foi consultado, nem ninguém dos outros comitês da Fifa foram ao menos convidados a opinar. Foi só o presidente da Fifa com a Ifab (o órgão que determina as regras do futebol). Ele está no controle, e só ele”, contou.

O presidente da Uefa se mostrou irredutível quanto a implementar o chip da bola na entidade que comanda. Ele afirmou ser “conservador”, e prefere utilizar o sistema de árbitros adicionais nas linhas de fundo, que já vigora na Uefa há algumas temporadas.

“Tenho 57 anos, não vou mudar de ideia agora, vocês nunca irão me convencer. Nós não vimos nenhum resultado dos testes, não sabemos como (o chip) funciona, e além disso, não seria possível implementá-lo em todas as partidas, seria muito caro”, contou.

No entanto, Platini, que defendeu o Reino Unido das reclamações de ter quatro possibilidades de voto no comitê executivo da Uefa (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte), foi lembrado de que a Premier League inglesa pretende implementar o sistema de chip o mais rápido possível. Ao saber disso, resignou-se: “Tudo bem, deixem a Inglaterra tentar, e veremos como isso funciona”, bradou.