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Adriano admite problemas em favela, se desculpa com Fla e cogita deixar o futebol

Zinho e Adriano comentam sobre ausência do jogador em treinamento do Flamengo - Pedro Ivo Almeida/UOL
Zinho e Adriano comentam sobre ausência do jogador em treinamento do Flamengo Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/09/2012 17h36

Após faltar ao treino do Flamengo na última segunda-feira e causar uma enorme confusão nos bastidores do clube, Adriano reuniu a imprensa na tarde desta terça. O Imperador se desculpou com diretoria, torcedores e comissão técnica. Ele admitiu os problemas na favela Vila Cruzeiro - onde foi flagrado carregando bebidas alcoólicas e se envolveu em acidente de carro durante o horário das atividades - , e admitiu que, caso tenha uma nova recaída, pode deixar o futebol.

INDISCIPLINA DE ADRIANO COM VISITA À FAVELA DIVIDE FLA E IRRITA DORIVAL JR.

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    A ausência de Adriano no treino da tarde da última segunda foi a senha para um dia muito tumultuado no Flamengo após quase duas semanas de relativa paz com o Imperador. A ida do jogador à favela Vila Cruzeiro no horário da atividade programada para o CT Ninho do Urubu e o discurso de folga adotado pela assessoria pessoal do atacante dividiram a diretoria e irritaram o técnico Dorival Júnior.

"Desta vez, não fugi dos questionamentos e estou aqui para falar sobre a minha falta. Não participei do treino ontem [segunda], vou ser punido e só faço mal a mim nestas ausências. Venho pedir desculpas ao Zinho, ao grupo e, principalmente, aos torcedores. Sei que meu contrato será rompido se eu faltar de novo. E sei que é definitivamente a minha última chance. Ou paro de faltar, ou não jogarei mais. Tenho que fazer de tudo para que isso não se repita", disse Adriano.

A declaração sobre a possibilidade de se aposentar não é novidade na carreira de Adriano. Em 2009, ele afirmou que iria "dar um tempo" no futebol e se recusou a voltar para a Itália. Nesta terça, após o rápido pronunciamento do camisa 10, o diretor executivo de futebol do clube, Zinho, revelou a conversa que teve com o jogador e o pedido de desculpas de Adriano ao grupo.

"Tive uma conversa franca com ele e vi um arrependimento muito grande. Depois ele foi conversar com os jogadores e pediu para estar aqui e se desculpar através da imprensa. Ele não veio treinar, teve uma recaída e esteve lá [Vila Cruzeiro]. Me preocupa muito, pois estou fazendo todo o esforço para recuperar o ser humano. O meu sentimento agora é de muita tristeza", revelou o dirigente rubro-negro.

E mesmo com toda a preocupação pela pessoa de Adriano, Zinho disse que está tranquilo com as punições adotadas e que não terá qualquer arrependimento caso tenha que rescindir o contrato do Imperador. O jogador já soma duas advertências. De acordo com o contrato de risco assinado, o Flamengo poderá demitir o atleta em caso de três indisciplinas.

"Estou fazendo de tudo por ele, mas estou bem tranquilo. Se ele repetir a indisciplina, o Flamengo está protegido e poderá rescindir seu contrato sem problemas. Achei legal ele querer se desculpar. Mas não foge a nossa decisão de cobrar. E queria reforçar uma coisa: ele não estava liberado, como foi divulgado. Ele faltou e foi advertido", frisou Zinho.

Crise no time

O diretor do Flamengo ainda mostrou grande preocupação com o fato de as polêmicas com Adriano fora de campo possam atrapalhar o time dentro das quatro linhas. Segundo ele, após o empate com o Sport e a goleada sofrida para o Internacional em Porto Alegre, não haveria momento pior para o jogador causar problemas.

"Isso tudo acontecer agora não foi ruim, foi péssimo. Muito preocupante mesmo. Viemos de dois resultados que não foram bons, deixamos desperdiçar pontos contra o Sport, perdemos para o Internacional e precisamos nos recuperar contra a Ponte Preta. Precisamos deixar isso para trás e nos concentrar em campo", ressaltou.

Apoio psicológico e limite perto do fim

Zinho ainda revelou que ofereceu apoio psicológico ao Imperador, mas que Adriano não demonstrou grande interesse. Visivelmente irritado com o caso, o dirigente ainda deixou escapar que seu limite com o jogador está perto do fim.

"Conversei, ofereci um apoio psicológico, mas ele preferiu não falar nada. Não disse sim nem não. Vamos ver. Não quero projetar nada, até porque cada indisciplina é um caso, mas estou muito preocupado com o futuro dele. E tudo tem um limite. O Adriano precisa melhorar. Ele precisa me provar que pretende jogar", encerrou Zinho.