Pressionado por ameaça de processo, autor do 'vídeo das catracas' retira filmagem da internet

O vídeo 'catracas liberadas' feito por Rodrigo Gomes, de 40 anos, causou muita polêmica na segunda-feira. Nele, torcedores do Grêmio entram sem apresentação de nenhum documento em um dos portões do Olímpico. Uma funcionária libera a passagem. O ocorrido gerou suspeitas na política interna gremista, que tem eleição no próximo dia 20. Em entrevista ao UOL Esporte, ele disse que sofreu ameaça de processo e acabou retirando o material da internet.

O vídeo estava postado no Youtube desde domingo. Logo após o ocorrido, Rodrigo, que é sócio do Grêmio desde 2005, levou a filmagem para internet. Nela, ele mostra a funcionária do clube liberando a entrada de torcedores para assistirem o jogo entre Grêmio e Santos, pela 27ª rodada do Brasileiro.

"Já aconteceu tanta coisa. Este vídeo tomou uma repercussão muito grande. Às vezes a gente quer fazer a coisa certa e não dá. Somos pressionados de todo lado. Já teve gente me ligando, dizendo que por lei sua imagem estava sendo usada sem autorização e que iria me processar por isso, que aparecia ele entrando no estádio. Tirei o vídeo da internet. Estou até receoso de ir no Olímpico. A gente sabe como as coisas funcionam", disse Rodrigo ao UOL Esporte.

Na filmagem Paulo Odone e Alceu Brazinha são citados. Ambos estão em campanha atualmente. Odone concorre com Homero Bellini Júnior e Fábio Koff à presidência do Grêmio. E Brazinha busca reeleição como vereador de Porto Alegre nas eleições do próximo domingo.

Rapidamente o Grêmio deu sua versão para os fatos. O clube alegou superlotação em alguns portões e necessidade de remanejar torcedores. Os que aparecem entrando sem apresentação de documento algum, na versão gremista, já haviam feito isso em outro local.

O presidente, Paulo Odone, ficou irritado com tal situação. Em nota oficial, o Grêmio relacionou a discussão sobre o tema com questões políticas. "O Grêmio repudia e considera inadequado o uso de episódios como esse sem o conhecimento prévio das causas que originaram o fato, exigindo maior responsabilidade daqueles que se utilizam de tal procedimento para fins de promoção pessoal, prejudicando imagem do clube junto de seus sócios e torcedores", diz a nota.

"Não estou envolvido em grupo político nenhum. Só achei que estava fazendo a minha parte. O mais próximo que eu sou de grupos políticos é exatamente do presidente Odone. Eu votaria nele e estava convencendo meus amigos a votarem também. Tenho uns dois ou três conselheiros conhecidos que votaram nele. Mas revi minha situação", disse Rodrigo.

De fato, o vídeo não está mais disponível no Youtube. No entanto já tomou proporções maiores. O Ministério Público, por exemplo, irá abrir investigação sobre o caso. Além da Comissão Eleitoral do Grêmio, que se reúne no fim da tarde desta terça e pode tomar providências.