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Deputado quer regulamentar atividade de gandulas e musa aprova

O técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, discute com gandula durante partida contra o Internacional, no Beira-Rio - Nabor Goulart/Agência Freelancer
O técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, discute com gandula durante partida contra o Internacional, no Beira-Rio Imagem: Nabor Goulart/Agência Freelancer

Rodrigo Durão Coelho

Do UOL, em São Paulo

08/10/2012 06h00

Enquanto tramita na Câmara a proposta do deputado federal José Otávio Germano (PP-RS) para a regulamentação da atividade de gandula, a “musa” da categoria, Fernanda Maia, aprova a iniciativa.

O projeto prevê que os clubes deixem de contratar os gandulas, passando esta responsabilidade para as federações.

Ainda de acordo com a proposta do deputado, os gandulas deveriam fazer cursos sobre noções básicas do esporte e apresentar atestados de saúde.

Germano explica que a motivação da lei foram os controversos episódios ocorridos nos campeonatos estaduais gaúcho e carioca deste ano, nos quais surgiu a suspeita de que os gandulas estariam  ajudando as equipes do Botafogo contra o Vasco e do Internacional contra o Grêmio.

“O esporte devia ser de 11 contra 11 apenas, mas vemos outras pessoas interferindo. O que se vê atualmente são jogadas ensaiadas”, diz ele.

Um dos lances citados pelo deputado como inspiração, envolve a gandula Fernanda Maia, pivô da polêmica envolvendo a vitória do Botafogo sobre o Vasco por 3x1, na final da Taça Rio deste ano, quando repôs a bola rapidamente em uma cobrança de lateral de Maicosuel. A jogada resultou em gol de Loco Abreu.

Botafoguense, ao final do jogo Fernanda deu a volta olímpica junto do time e defendeu-se dizendo que sempre repõe as bolas rapidamente, independente de quem esteja jogando.

Ela diz gostar a ideia proposta por Germano.

“Eu até concordo. Quando se padroniza, o nível de erro é um pouco menor e se diminuem as injustiças”, afirma Fernanda.  

A proposta, no entanto, é vista com cautela pelo presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, coronel Marcos Marinho.

“O assunto precisa ser muito bem discutido. Pode funcionar em campeonatos de primeira divisão, mas nas divisões inferiores em campeonatos organizados por federações mais pobres, quem vai arcar com isso?”

O deputado, que foi vice-presidente de futebol do Grêmio entre 2001 e 2002, afirma que no momento o mais importante é que o assunto seja discutido e, eventuais falhas do projeto, corrigidas.

Ser gandula não é profissão, mas os que exercem a atividade ganham uma ajuda de cerca de R$ 70 por jogo, em São Paulo, além de lanche e vale transporte.

Geralmente os clubes selecionam seus repositores de bolas entre jogadores de categorias inferiores e funcionários. Em São Paulo, a FPF aciona sua equipe de gandulas, composta por cerca de 15 moças de nível universitário, nas fases mais importantes dos campeonatos.

Enquanto isso, Fernanda Maia diz que o episódio que a alçou para a fama a ponto de ser apelidada de “musa gandula", foi bastante positivo.

“Entrei por várias portas que se abriram. Faço ações de marketing do Botafogo junto com a torcida, por exemplo”, diz a professora de educação física que atua também como personal trainer.

Ela diz que ser gandula é um hobby do qual não pretende abrir mão por adorar futebol. E sonha alto:

“Meu objetivo é ser gandula na Copa do Mundo”, afirma.