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Mestre em psicologia avalia que Ronaldinho "amadureceu" após trocar Fla pelo Atlético-MG

No Atlético-MG, Ronaldinho Gaúcho tem conseguido expressar melhor seus sentimentos - Bruno Cantini/Site oficial Atlético-MG
No Atlético-MG, Ronaldinho Gaúcho tem conseguido expressar melhor seus sentimentos Imagem: Bruno Cantini/Site oficial Atlético-MG

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Vespasiano (MG)

06/11/2012 06h00

Considerado um jogador que tinha dificuldades para expressar sua vontade ao longo da carreira, Ronaldinho Gaúcho mostra um comportamento diferente no seu dia a dia e durante os jogos no Atlético-MG. Isso especialmente em comparação ao R10 do Flamengo. A mestre em psicologia esportiva Paula de Paula Souza, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), avalia que houve mudança psicológica no atleta, que amadureceu com os problemas e que o levaram à conturbada saída do time carioca.

  • Bruno Cantini/Site oficial do Atlético-MG

    Psicóloga Paula de Paula: ?O jogador já disse estar feliz no Atlético e em BH, a felicidade interfere direto no desenvolvimento emocional das pessoas"

“Pelas entrevistas coletivas no dia a dia já se percebe um momento psicológico diferente do Ronaldo, ele vem transparecendo as suas decisões e vontades, bem como uma mudança no seu perfil. Hoje, é um jogador que deixa claro o que está sentindo”, observou Paula de Paula, em entrevista ao UOL Esporte. “Quando está triste mostra isso, quando está feliz prova isso, não esconde mais os seus desejos e isso se reflete em campo, com suas atitudes que hoje são claras e definidas”, acrescentou.

Em muitos momentos de sua passagem pelo Flamengo, Ronaldinho Gaúcho foi “acusado” de não demonstrar seus sentimentos e suas vontades no trato com os companheiros, imprensa e comissão técnica no dia a dia. O jogador era considerado indiferente dentro e fora de campo, fato que desagradava a alguns companheiros, que o consideravam “desleixado”.

No Atlético, o jogador, que deixou de ser o R10 e virou o R49, vem mostrando um comportamento bem diferente. Se na sua entrevista de apresentação, no começo de junho, Ronaldinho pareceu “frio” com a situação vivida, o jogador mostrou ao longo dos cinco meses de clube que luta não apenas por seus objetivos, mas também pelo grupo, que o recebeu como um líder.

Dessa forma, não foi por acaso que Ronaldinho Gaúcho se tornou “porta voz” do grupo atleticano, assumindo esse papel nas relações entre atletas e comissão técnica e diretoria. Desde que chegou ao Atlético-MG no começo de junho deste ano, o meia-atacante não esconde suas decisões e vontades.

Ronaldinho Gaúcho foi o “porta voz” do elenco alvinegro para “cobrar” do presidente Alexandre Kalil, ainda no primeiro turno, aumento no bicho de vitórias em jogos decisivos, fato que inclusive gerou um pequeno “mal estar” com o mandatário. O camisa 49 também reivindicou ao técnico Cuca que as concentrações fossem reduzidas para as vésperas dos jogos, fato atendido pelo comandante.

Ele viveu momento de provação e desconfiança, o que mexe no emocional de qualquer pessoa. Ao dar a volta por cima, quando todos duvidavam, o Ronaldo entendeu que ele tem de se expressar e mostrar os seus desejos

Psicóloga Paula de Paula Souza

Em campo, o meia-atacante mostra postura diferente, não somente na participação efetiva durante os jogos. Ronaldinho é quem lidera as conversas antes e depois dos jogos, as comemorações juntamente com os torcedores e companheiros. Sem esconder seus sentimentos, diante do Figueirense, no dia 6 de outubro, o jogador foi às lágrimas em campo, após marcar o primeiro, dos três gols, ao dedicar ao padrasto, Vanderlei, falecido no mesmo dia.

“Quando ele marca um gol e chora em campo, mostra o seu lado sensível e seu sentimento no momento. Quando ele chama a responsabilidade, reúne o time em campo e cobra dos companheiros, mostra o lado de liderança que um jogador com a sua qualidade tem”, explicou Paula de Paula.

A psicóloga e professora da UFMG reconhece que o jogador se mostra mais “transparente”. “Estas situações são mostras do momento psicológico vivido por ele no Atlético. Hoje, ele mostra o lado Ronaldinho, não somente com a bola nos pés, como fez nos melhores momentos, hoje, ele transmite sentimento, desejo nas falas e nos gestos”, observou.

  • Alexabdro Auler/Preview.com

    “Ele se sente bem no Atlético, tem carinho meu, do presidente, dos companheiros, da torcida, do Maluf (diretor de futebol, Eduardo Maluf), isso o faz se sentir bem e confiante, por isso ele tem liberdade para conversar, tomar decisões que não tomava antes” CUCA, TÉCNICO DO ATLÉTICO-MG

Para Paula de Paula a mudança do jogador se dá pelo amadurecimento e pela situação diferente vivida em sua vida esportiva. “Ele viveu momento de provação e desconfiança, o que mexe no emocional de qualquer pessoa. Ao dar a volta por cima, quando todos duvidavam, o Ronaldo entendeu que ele tem de se expressar e mostrar os seus desejos”, afirmou.

“A evolução na carreira e o amadurecimento, com os problemas da vida, do futebol e a idade, fazem o jogador mudar o comportamento psicológico e emotivo. O jogador já disse estar feliz no Atlético e em Belo Horizonte, a felicidade interfere diretamente no desenvolvimento emocional das pessoas. O Ronaldo hoje é outro atleta emocionalmente falando, ele sabe se impor, ser ouvido e entendido. Ele vem mostrando até uma veia para a liderança, algo que não o acompanhou em sua carreira”, acrescentou.

O técnico Cuca considera a mudança de Ronaldinho como natural na vida do esportista e acredita que o “carinho” recebido pelo jogador foi determinante. “A gente vai evoluindo e amadurecendo na carreira, na vida pessoal e o Ronaldinho viveu isso, vem amadurecendo”, analisou.

“Ele se sente bem no Atlético, tem carinho meu, do presidente, dos companheiros, da torcida, do Maluf (diretor de futebol, Eduardo Maluf), isso o faz se sentir bem e confiante, por isso ele tem liberdade para conversar, tomar decisões que não tomava antes”, complementou.

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