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Santista campeão de 2002 relembra doping, admite vida sem limites e procura clube em 2013

Michel (dir) realiza treino físico na chuva com Diego e Robinho, no CT Rei Pelé, em 2002 - Flavio Florido/Folhapress
Michel (dir) realiza treino físico na chuva com Diego e Robinho, no CT Rei Pelé, em 2002 Imagem: Flavio Florido/Folhapress

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

27/12/2012 06h02

Campeão brasileiro pelo Santos em 2002, Michel conheceu a fama, o dinheiro e as glórias que o futebol pode proporcionar.  Como muito garotos de sua idade, não teve estrutura para conviver com o sucesso e acabou sendo flagrado no exame antidoping por uso de maconha. Dez anos depois, o lateral direito admite que não tinha limites e ainda busca um time para jogar antes de encerrar a carreira.

Michel foi flagrado duas vezes no doping pelo uso da substância canabinóide presente na maconha. A primeira, após a vitória por 3 a 2 sobre o São Paulo, pelo Torneio Rio-São Paulo de 2002, lhe rendeu um gancho de 120 dias, aumentada para 160 por decisão do STJD. A segunda foi quando defendia o Fortaleza, em 2008, durante a disputa do Campeonato Cearense.

  • Luiza Oliveira/UOL

    Michel (2º de preto) participou da homenagem do título do Brasileiro-2002 ao lado de ex-colegas de Santos, em dezembro, em um bar na Zona Oeste de São Paulo.

    “Para a gente é importante reviver isso. A torcida soltou aquele grito preso na garganta. E até hoje, mesmo com a geração do Neymar, é um dos mais importantes. O tempo e o fato de o time ter chegado desacreditado colaboraram para a torcida ter feito a festa que fez”, disse.

Mais maduro, Michel relembra o episódio. “Era uma pessoa jovem e achava que podia tudo. Quando a gente joga bola e pratica esportes tem que ter alguns limites. Eu achava que não, mas paguei por isso, isso acabou marcando minha carreira. É complicado, eu não escutava muito as pessoas, minha própria família, meu pai que dava conselhos. Eu achava que era maduro suficiente para tomar minha próprias decisões “, disse.

Hoje, ele espera que sua experiência sirva de exemplo para os mais jovens. “A gente só aprende com os erros, então acabei caindo, levantei e hoje estou aqui de novo tentando mostrar para todo mundo que a vida segue, independente dos erros”.

Após o título histórico de 2002 com o Santos, Michel não teve sequência no clube. Atuou por Goiás e Grêmio com um contrato de empréstimo e viveu mais um bom momento na carreira no São Paulo, quando fez parte do grupo que conquistou a Libertadores de 2005.

Após deixar o Tricolor não conseguiu se firmar mais em algum clube e teve passagens por mais de dez times em seis anos. Ele atuou por Brasiliense, Vila Nova, Fortaleza, Avaí, Criciúma, Anapolina, Sertãozinho, CRB, Taboão da Serra e Independente de Limeira.

Já veterano aos 35 anos, Michel já tem planos para quando pendurar as chuteiras. Sua ideia é cursar Educação Física e abrir uma academia. Em 2012, não atuou no segundo semestre e realizou apenas treinos físicos. O lateral acredita que pode atuar por mais dois anos e busca um clube para disputar o campeonato estadual.

“Estou correndo e estudando propostas, vamos ver se no ano que vem emplaco em algum lugar. Muitos críticos acham que com 31 e 32 anos não se joga mais. Mas temos exemplos como Zé Roberto, do Grêmio, e Juninho (ex-Vasco).  Vários jogadores com idade, que mantêm uma capacidade. Pretendo acertar com algum clube e as coisas vão acontecendo naturalmente, as portas vão se abrindo”, disse.