Mercado do futebol se aproxima dos R$ 3 bilhões no Brasil, mas crescimento é o menor desde 2008
Em um ano em que os clubes brasileiros conquistaram todos os títulos internacionais que disputaram, o mercado da bola verde-amarelo bateu um novo recorde. Desde 2003, a arrecadação de clubes de futebol passou de R$ 805 milhões para quase R$ 3 bilhões em 2012. O ritmo de crescimento, porém, não seguiu a tendência de anos anteriores e teve seu pior índice desde 2008, com melhora de 9%.
PIOR CRESCIMENTO DESDE 2008
RECEITA* | CRESCIMENTO | |
2012** | 2,939 | 9% |
2011 | 2,696 | 23% |
2010 | 2,189 | 13% |
2009 | 1,930 | 11% |
2008 | 1,729 | 6% |
2007 | 1,630 | - |
- * Em bilhões de reais **Projeção Amir Somoggi
“É o melhor momento da história do futebol brasileiro. No ano passado, os clubes já faturaram R$ 2,7 bilhões. A perspectiva é que supere R$ 2,9 bilhões em 2012. O problema é que as gestões seguem inalteradas”, explica Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva, responsável pela projeção.
Apesar do crescimento menor, o número impressiona principalmente ao levar em conta o cenário econômico nacional e internacional. No Brasil, a economia está aquecida, mas o ritmo de crescimento (1%) ficou abaixo do esperado pelo governo (4%). Internacionalmente, a Europa, principal mercado do futebol mundial, lida com problemas econômicos graves, com índices recorde de desemprego.
“Até 2007, a principal receita dos clubes vinha da negociação dos jogadores. Hoje, o mercado europeu está praticamente parado. Se você tirar da conta Chelsea, Manchester City e PSG, ninguém está comprando por lá”, indica Somoggi. “Nesse cenário, os clubes foram atrás de novas receitas. Exploraram melhor os estádios, estão crescendo na área de licenciamento e aproveitando melhor sua capacidade de marketing. Mas o principal disso foi o aumento das receitas de TV. Sem ela, nada disso faria diferença”.
A crítica tem origem nos dados analisados no estudo divulgado por Somoggi. Além da arrecadação recorde, ele fez projeções dos custos com futebol, do déficit apresentado no ano e das dívidas dos clubes. E os números assustam. Se a arrecadação subiu em 236% de 2003 a 2011, no período a dívida dos clubes foi de R$ 1,2 bilhão para R$ 4,7 bi, uma alta de 306%. E o perfil dessas dívidas também mudou.
“Nas primeiras análises que fiz, falava-se que o grande problema dos clubes eram as dívidas com o governo. E os balanços mostravam isso. Hoje, esse perfil mudou. O governo ainda é o principal credor, mas as dívidas com bancos cresceram muito. Hoje, os clubes antecipam receitas, pagam caro por isso e comprometem o orçamento de períodos muito longos”, fala Somoggi.
Balanços já mostram dez grandes
Outro dado que as projeções mostram é a polarização cada vez maior do cenário clubístico brasileiro. Apenas dez clubes passaram a barreira dos R$ 100 milhões de arrecadação anual. E, desses, cinco já superam os R$ 200 milhões. “A marca dos R$ 100 milhões é muito representativa. E o fato de Botafogo e Fluminense não estarem dentro desse grupo é sintomático. Acho que é muito pessimismo pensar em um cenário de apenas cinco grandes clubes brasileiros no futuro, mas essa diferença de R$ 40 milhões entre o Flamengo e o Palmeiras é significativa”, analisa.
Confira os dados:
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