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Menos professoral agora, Tite vê Barça à frente e diz que Corinthians encara Real e cia

Tite em entrevista ao UOL; técnico crê que Corinthians pode repetir as façanhas de 2012  - Gustavo Franceschini/UOL
Tite em entrevista ao UOL; técnico crê que Corinthians pode repetir as façanhas de 2012 Imagem: Gustavo Franceschini/UOL

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

01/02/2013 06h00

Tite impressionou quando surgiu, passou anos tentando se firmar e finalmente virou ídolo da segunda maior torcida do país. No melhor momento da carreira, ele mantém um discurso humilde, mesmo sendo um forte candidato a técnico da seleção após a Copa do Mundo de 2014. A retórica só vira confiança ao falar do seu Corinthians. O técnico campeão da Libertadores e do Mundial rasga elogios ao Barcelona e acha que pode disputar com Real, Bayern e companhia.

“Em termos gerais, coloco o Barcelona sempre um ponto acima dos demais. Os outros todos eu coloco que dá para brigar, mas o Barcelona está à frente”, diz ele, que vê no time catalão uma filosofia de jogo que já dura décadas.

Está longe de ser a opinião de um leigo. Tite ganhou a Copa do Brasil de 2001 de forma surpreendente com o Grêmio e viveu um hiato na carreira até o título da Sul-Americana, pelo rival Inter, em 2008. Neste período, ele viveu passagens turbulentas por Palmeiras, Atlético-MG e até pelo próprio Corinthians.

Para não se tornar mais um treinador comum, foi conhecer novas escolas de futebol e se reciclou para ter a chance de brilhar em São Paulo, o mercado mais atraente para os técnicos.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, ele fala sobre as dificuldades que viveu no caminho até o Japão, os bastidores da conquista e os planos para o futuro, que passam pela seleção brasileira.

 

UOL Esporte: É possível repetir o sucesso desse 2012 quase perfeito?

Tite: Eu não posso te dizer: ‘olha, me dá a fórmula da vitória’. Ninguém tem essa condição, mas algumas coisas básicas eu tenho como convicção. A qualificação profissional do grupo de atletas e das pessoas que trabalham no Corinthians é uma delas. Isso é fundamental. [A gente] terminou 2012 com todas as conquistas, com todos os méritos, as homenagens ainda se colocando, mas o pensamento é no Paulista e na Libertadores que se reiniciam.

UOL Esporte: No seu dia a dia, o comportamento dos jogadores é uma preocupação, especialmente dentro de campo?

Tite: Eu cobro, peço, mostro. Eu gosto de vencer e confesso que tenho dificuldade de lidar com a derrota. Mas todos são assim. O que eu gosto de passar e quero passar é o não vencer a qualquer custo. É vencer por ser melhor, tecnicamente melhor, fisicamente melhor, melhor em termos táticos. Isso para mim tem peso. Não simula ali porque vai me f... [ele ensaia um palavrão, mas recua] Vai me ferrar. Vou cobrar do árbitro e o cara vai dizer: ‘está vendo lá o que aconteceu’?

UOL Esporte: Mas você cobra o Neymar e depois um jogador seu, como o Jorge Henrique, vai lá e faz igual. O quanto isso te irrita?

Tite: Eu não quero tocar no nome Neymar, porque de repente as pessoas vão ouvir e interpretar. Eu não tenho esse direito porque não é meu atleta. Fui competir contra ele e reclamei de uma situação para o jogo. O que deva se dizer a ele, o que se deve orientar, aí é o Santos, são as pessoas que trabalham com ele, é a crônica, a mídia. Eu não tenho esse direito, só quando vou jogar contra. Com o Jorge Henrique, com o Emerson, por vezes acontece. Neste último jogo [contra o Mirassol], por exemplo, aconteceu com o Nenê [Bonilha]. Ele caiu e eu digo: ‘Levanta, pô, não foi nada, vai embora’. E trago para eles, reitero. Quando há falta, caracteriza, porque eu também vou cobrar. Mas quando não é, não faça, vai ficar ruim pra você e para a equipe.

UOL Esporte: E fora de campo, o comportamento dos jogadores também é uma preocupação?

Tite: É, mas eu sei dos meus limites. Sou o técnico que procura dar exemplos. Mais do que falar, dar exemplos. Eu sou ex-atleta. Quando eu perdia o jogo, o treinador ia para coletiva e dizia: ‘Nós estávamos bem, mas perdemos em uma falha individual e a falha individual foi um erro grotesco de um zagueiro’. E eu digo: ‘olha lá, transferiu a responsabilidade’. Eu tenho esses cuidados de fazer com orientação e exemplos. Dizer: ‘olha, não vai beber, não vai sair’. É a conscientização, e isso eu faço, da responsabilidade, da imagem, e procuro sempre enaltecer os bons exemplos.

UOL Esporte: Neste seu grupo, o Emerson é uma exceção por falar o que pensa, sair à noite? Em algum momento isso te preocupou?

Tite: Aqui todos falam o que pensam. Nunca ninguém ficou cerceado. Eu fomento a troca de ideia, a argumentação. A minha universidade não foi aquela de jogar ensinamentos e tu engolir sem refletir. Eu tinha um professor que dizia: ‘Trouxe um monte de informações. Peguem só o que for verdade, estou falando um monte de mentiras’. Isso provoca. Eu dou a eles a chance de argumentarem. Se for melhor para a equipe, vou [aceitar], não tem problema nenhum. Mas sempre pensando na equipe, em vencer com a equipe.

UOL Esporte: Mas especificamente o caso do Emerson, já te preocupou? No ano passado, por exemplo, ele perdeu boa parte do segundo semestre por conta de lesões e uma suspensão.

Tite: Fora de campo ele é tranquilo. Que eu saiba, e nas conversas que eu tive, ele não é de beber e de balada. Gosta, sim, como toda pessoa jovem e solteira, que é o caso, de namorar. O duro é se não gostasse, aí seria problema. Com os limites e os dias, tendo a noite de descanso, boa alimentação, tudo bem. Isso é fundamental, porque vai refletir dentro de campo. Em relação ao Emerson, ele foi prejudicado pela lesão que teve e aí sim, pela suspensão que ele teve. Essa culpa foi dele, em termos disciplinares. A outra foi minha responsabilidade, porque eu sabia que tinha de colocar o time no limite máximo, e corria esse risco.

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UOL Esporte: Você falou da importância da argumentação. Você busca que seus jogadores se organizem para defender seus direitos fora de campo, por exemplo?

Tite: Busco e sou das pessoas que acham que não há só preconceito em relação ao atleta, mas ao técnico, ao jornalista só da área de futebol. Achando que é algo que não precisa de qualificação, que não precisa de estudo. Eu estou falando porque já senti isso na pele enquanto técnico. Hoje é diferente o nível do atleta, da imprensa especializada. Ela deu um ‘up’ muito grande. A qualificação profissional é uma exigência, o público é mais seleto. Eu fomento entre os atletas, eu busco pessoalmente e observo o crescimento em relação à imprensa.

UOL Esporte: O técnico do futuro é aquele que estuda?

Tite: Não posso te assegurar desse jeito. Cada um tem o seu modelo. Não é um modelo só por eu ser o técnico campeão da Libertadores e do Mundial. Não façam isso. Eu, sem conhecimentos e sem uma universidade por trás, com fisiologia, distribuição de cargas na semana, do que é pressão alta e o que é pressão baixa, as transições, a rapidez de raciocínio e execução, uma série de aspectos... Se eu não tivesse esse tipo de conhecimento eu teria muita dificuldade.

UOL Esporte: Você começou bem no Grêmio e teve um hiato até o Inter. Você consegue explicar porque não emendou bons trabalhos?

Tite: Eu penso que se constrói trabalhos e às vezes tem um grau de dificuldade que não depende só do técnico para você bater campeão. Eles são dignos como um titulo. O trabalho do Corinthians [na primeira passagem, quando o time foi quinto colocado no Brasileiro de 2004] tendo de reformular todo o time, contratando um único jogador que era o Fabio Baiano, tendo aproveitado 14, 15 garotos da base, para mim ele tem um cunho de título.

ELOGIOS A EMERSON SHEIK

  • Zé Paulo Cardeal/TV Globo

    "Fora de campo ele é calmo. Que eu saiba, e nas conversas que tive, ele não é de beber e de balada"

UOL Esporte: E o que fez os títulos chegarem?

Tite: Foi a busca de aperfeiçoamento. Em alguns momentos, não aceitar o emprego para ser o salvador da pátria, como aconteceram nas três oportunidades em São Paulo e que depois não consegui dar continuidade e atrapalhavam minha sequência profissional [Tite refere-se aos trabalhos em São Caetano, Corinthians e Palmeiras]. Eu dizia: ‘Tenho de voltar a São Paulo, mas em uma condição diferente. Tenho de cuidar da minha carreira. Vou voltar quando a equipe estiver mais estruturada, que possa brigar pelo título. Por isso que quando veio o convite do Corinthians eu falei: ‘É agora’. Mas para responder, naquele meio tempo eu viajei para a Itália para ver a Juventus jogar, em 2005, 2006 [temporadas nas quais o time foi bicampeão italiano]. Eu dizia: ‘Quero ver essas duas linhas de quatro, quem trabalha, como é’.

UOL Esporte: Você falou em voltar a São Paulo, apesar de ter tido um trabalho importante no Inter antes disso. São Paulo é tão importante assim para um treinador?

Tite: Sim. E ter seu trabalho comprovadamente visto, acompanhado. Aí é a crítica ou o elogio, mas São Paulo e o Rio de Janeiro são os lugares que te trazem um marco muito forte. E aí depois é Minas, Rio Grande do Sul, Paraná.

UOL Esporte: Hoje você se vê como um técnico top?

Tite: Quem tem de ver isso são vocês. Existem duas ou três gerações agora. É a do Felipe [Luiz Felipe Scolari], do Parreira, do Muricy, do Vanderlei e a outra do Dorival, que é minha, que é do Mano. É injusto comparar. Tem grandes profissionais aí e eu estou dentro deles.

UOL Esporte: Como você define o jeito que o teu Corinthians joga? Tem uma inspiração?

Tite: O sistema dele é o sistema que o Mano estava implantando, o 4-2-3-1. Sem inspiração, mas é a França [da Copa de 2006] quando tinha Zidane por dentro, Ribery para um lado e Malouda para o outro, com Henry na frente. É o sistema, o molde. Eu olhava e dizia: ‘Como é bonito ver a França jogar. Ela não troca passes, ela roda a bola'. O Malouda joga muito.

UOL Esporte: Qual é a importância, para o futebol brasileiro, de ver um time daqui ganhar com autoridade de um europeu no Mundial?

Tite: Eu não tenho a pretensão de falar do futebol brasileiro, mas vou te falar qual foi o nosso sentimento. O que mais me orgulhou não foi o número de pessoas que nos parabenizou, mas o número de pessoas que disseram: ‘Parabéns, vocês mereceram vencer’. Cara, isso não tem preço. Não tem preço. Não é aquele jogo ocasional, acidental, foi todo o desenvolvimento do jogo. Claro que tem detalhes, peças chaves, momentos cruciais, mas o desempenho da equipe foi emblemático. Uma das situações que eu passei foi do momento de coragem e enfrentamento. Até de imposição técnica. Eu digo: ‘Olha, é a caneta no cara. Qual é o melhor marcador? Dá uma a caneta no cara’. Só que eu não falei que era dentro do campo ofensivo. Só que aí o Danilo pega a bola dentro do nosso sistema defensivo, na intermediária, e dá a caneta no cara. Daí passou, nós comemoramos, e no outro dia a gente estava no aeroporto. Eu disse: ‘Danilo, é para dar uma caneta, mas no campo ofensivo, né?’ Ele disse: ‘Ah, professor, ele abriu as pernas e foi ali mesmo’. Não como um desprezo, mas como: ‘Eu quero ser melhor, eu quero te enfrentar e provar que posso ser campeão sendo melhor que vocês’. Essa é a mensagem.

TITE NÃO SE ACHA TÉCNICO TOP

  • Leandro Moraes/UOL

    "Quem tem de ver isso são vocês. Existem duas ou três gerações agora. É a do Felipe [Luiz Felipe Scolari], do Parreira, do Muricy, do Vanderlei e a outra do Dorival, que é minha, que é do Mano Menezes. É injusto comparar. Tem grandes profissionais aí e eu estou dentro deles"

UOL Esporte: Em que patamar o Corinthians está em relação ao futebol europeu? Conseguiria brigar como brigou com o Chelsea com um outro time, como Barcelona, Real Madrid ou Bayern de Munique?

Tite: É difícil, porque as equipes vão se reformulando, vão se modificando. Em termos gerais, coloco o Barcelona sempre um ponto acima dos demais. Os outros todos eu coloco que dá para brigar, mas o Barcelona está um passo à frente.

UOL Esporte: Mas dos outros dá para ganhar?

Tite: Sim. A geração, a ideia de futebol, o tempo implantado, as peças de reposição, todas elas são etapas que consolidam a equipe. A história do Barcelona não é a do Guardiola, é a do [Johan, ex-jogador e técnico do clube] Cruijff, que parou de jogar lá atrás e está há 30 anos querendo que a equipe troque passes e, eventualmente, jogue longo.

UOL Esporte: Você tem ambição de dirigir uma seleção?

Tite: Sim, depois de 2014 sim.

UOL Esporte: Não nesta Copa?

Tite: Não na Copa. Acredito que deva dar todo o apoio ao Felipe. Assim como levantei a bandeira para terminar a etapa Mano. Não falo para querer ser bonzinho com ninguém, mas porque acredito que futebol se faz assim. Com etapas, com crescimento. Você começa a errar menos na medida em que conhece mais o atleta. No começo, o Danilo também não era o meu titular, mas hoje eu estou aqui o enaltecendo depois de um título mundial. Etapas, ciclos, têm de ser da mesma forma que foi com o Mano. Depois? Depois eu ambiciono. Até lá...

UOL Esporte: E se viesse o convite de uma seleção internacional?

Tite: Isso não. Isso o Corinthians vai estar sempre à frente.

UOL Esporte: Qual foi o momento mais emocionante da trajetória?

Tite: Dá para escrever um monte de parágrafos, livros. Da primeira passagem pelo Corinthians foi o jogo contra o Figueirense, aqui em São Paulo [último do Brasileiro de 2004, que terminou 5 a 2 para o Corinthians], que não sai da minha cabeça. Estava um fica ou não fica, aquela história que vocês já conhecem. Depois fui receber da Gaviões flores, camisas, e quando eu estava saindo o estádio em volta gritando meu nome. Mordi minha língua para não chorar. Depois, teve o momento emblemático da conquista da Libertadores. A gente via nos funcionários o clima de ‘vamos conseguir’. Não de ‘já ganhou’, mas de ‘a gente lutou tanto, vamos conquistar’. E o Mundial foi especial, porque eu tive um prazer extraordinário. Estava a minha esposa, meus dois filhos e o meu irmão, toda a minha família que podia estar. Não estavam a minha irmã, minha mãe e meu pai, falecido. Todas essas pessoas mais próximas estavam ali. Eu estava na maior alegria da minha vida, podendo dividir com os familiares. Aquilo foi mágico.

UOL Esporte: E o mais difícil?

Tite: No Corinthians, é a nonagésima vez que vou falar que é o Tolima, e não tem como não ser [risos]. Porque foi emblemático, pela Libertadores. E na carreira foi o momento que saí do Juventude. Era Copa do Mundo e o Rio Grande do Sul permitia contratos de 3 meses para o Gaúcho. Você ficava o resto do ano desempregado. Eu saí do Juventude, que era minha possibilidade de crescer. Começar 1998 com contrato de três meses. Falei: ‘O que eu vou fazer? Vou ficar desempregado? Vou continuar com as minhas leituras, com minha autoestima lá embaixo?’. Me veio uma proposta de ser comentarista esportivo e disse: ‘Vou primar pela minha estabilidade’. Não vou aceitar como técnico, vou ser comentarista. Isso até o fim do ano, quando recebi o convite do Caxias me chamando para voltar.

UOL Esporte: Onde foi essa experiência? Como foi ser comentarista?

Tite: Foi na Rádio Caxias, no Rio Grande do Sul. Foi super legal, porque pude ter a experiência do outro lado, a importância de um repórter, a busca de informação correta e não do diz que me diz. Brinco que passei um ano invicto.

UOL Esporte: Você citou um momento do início da sua carreira, mesmo tendo passado problemas depois. É uma amostra da confiança que você tem em si mesmo? Você se considera um cara confiante?

Tite: Claro que tive muitos conflitos, tive momentos de autoestima baixa. Estou recusando convites porque não vejo crescimento profissional. Vai ficar aqui vagabundo, precisando? Vai dizer não?. E em certos momentos tentei transformar essa situação em conhecimento. Esse espaço que tinha de chateado, eu conseguia suprir de alguma forma com leituras, com viagens para a Argentina. Fui em jogo na Argentina em que o D’Alessandro vinha saindo. Ele viria a ser meu jogador dois anos depois, campeão. Ou ir na Bombonera conhecer o estádio e dali a um ano estar com o Inter, com o clube ganhando pela primeira vez ali. Eu busquei essa preparação.

UOL Esporte: Essa confiança te ajudou a sacar Chicão e Julio Cesar em momentos-chave de 2011 e 2012?

Tite: Sou muito criterioso em relação a isso. Tem uma série de atletas e vão jogar 11. Eu gostava de ser respeitado. Se eu não for jogar, respeita o meu trabalho. A mídia deu muita importância a esses dois exemplos. Eu cheguei para o Alessandro e disse: ‘O Edenilson está bem e vai continuar como titular’. Ele disse: ‘Professor, só quero estar no meu melhor’. Paulo André, Chicão e Castan revezaram-se na titularidade. Paulo André e Chicão estiveram no Mundial, Chicão e Castan na Libertadores e Paulo André e Castan no Brasileiro. Tirei o Paulinho do time logo quando eu cheguei. Disse que ele não estava saindo por estar tecnicamente mal, mas porque o losango não deixava a equipe ofensiva. 

UOL Esporte: Tite, nessa nossa entrevista você quase soltou um palavrão. É uma coisa que você tenta controlar e ou você está mais solto mesmo?

Tite: Eu cuido. Eu falo p.. que o pariu, mas isso tem uma série de conotações. Tem o de satisfação, que é o que mais falo, mas pode ser ruim. Mas aprendi a ter essa espontaneidade. Eu era muito professoral, e no começo eu ficava só falando em termos táticos, em termos técnicos. E aquele lado do palavrão, do vestiário, eu deixava meio de lado. Mas agora eu aprendi que faz parte do conjunto e que as pessoas que estão nos assistindo vão compreender que ele não tem essa conotação ruim. Vai ver no meu semblante quando tem uma crítica direcionada.

UOL Esporte: Por último, como é a vida do gaúcho em São Paulo?

Tite: Vou falar o que eu falei para minha esposa ontem, voltando de um restaurante. Eu disse: ‘Eu sou muito feliz aqui. Não concebo mais de outro jeito’. A gente se adaptou muito bem aqui. O Tatuapé nos parece tão familiar. O cinema, a leitura, o chimarrão que a gosta de curtir, eventualmente um teatro. A gente é muito feliz aqui.