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Fla, Vasco e Botafogo 'driblam' penhoras com silêncio e agilidade em negociações

Negociações de Elkeson (e), Mattheus (c) e Douglas foram mantidas em sigilo por clubes - Arte UOL
Negociações de Elkeson (e), Mattheus (c) e Douglas foram mantidas em sigilo por clubes Imagem: Arte UOL

Bernardo Gentile, Pedro Ivo Almeida e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/02/2013 06h10

Os inúmeros problemas com penhoras obrigaram alguns clubes do Rio de Janeiro a elaborarem estratégias ousadas para driblar o bloqueio das receitas que entram em suas contas bancárias. Flamengo, Vasco e Botafogo, por exemplo, adotaram o silêncio sobre negociações de vendas de jogadores, fazendo com que a Receita Federal não atente para as quantias que entram nos cofres das equipes no período de transferências.

Com certo sigilo, os times negociam toda a venda de atletas, recebem o montante pago pelo clube comprador à vista e rapidamente usam a verba para quitar dívidas. Tal agilidade, fazendo com que o dinheiro fique menos de 24 horas na conta do clube, é outra estratégia para fugir das penhoras, uma vez que os órgãos públicos verificam as contas bancárias geralmente no final de cada dia útil.

No Vasco, a venda do zagueiro Douglas explicitou bem tal estratégia. O clube evitou comentar a negociação do zagueiro Douglas com o Dnipro, da Ucrânia, e só se pronunciou oficialmente sobre o caso após receber e utilizar a parte que tinha direito na venda – R$ 4,5 milhões. O dinheiro entrou na conta e, em menos de duas horas, foi usado para pagar dívidas com elenco e funcionários, evitando possíveis bloqueios por penhoras.

“Esse é o novo procedimento do clube. Não temos recursos e buscamos parceiros. É uma forma de tentar colocar o clube na frente de concorrentes com maior poder financeiro. O Vasco vai fazer as coisas de forma sigilosa. Isso também envolve a questão de consolidar negociações. Algumas coisas são faladas e prejudicam, questões que não queremos mais ver por aqui”, despistou Cristiano Koehler, CEO do cruzmaltino, sem falar abertamente sobre a estratégia.

No Flamengo, os dirigentes não falam abertamente sobre o assunto. A negociação fracassada entre o clube e a Juventus, da Itália, pela venda de Mattheus, porém, evidenciou isso. Enquanto o rubro-negro pretendia receber o valor integral da negociação à vista, para quitar dívidas rapidamente e fugir das penhoras, os italianos pretendiam um parcelamento. Ciente de um possível bloqueio da segunda parcela no futuro, o time da Gávea recuou.

Em General Severiano, o caso é ainda mais curioso. Longe do Botafogo desde o fim de 2012, Elkeson ainda não teve sua venda para o Guangzhou Evergrande, da China, oficializada pelo alvinegro, mesmo já treinando e atuando pelo novo time.

E o assunto é um tabu nos bastidores. Ainda sem receber o dinheiro do clube chinês, os dirigentes “fogem” do assunto e informam, via assessoria, que não há nada a falar sobre tal negociação no momento.

A tática adotada para as negociações de Douglas, Mattheus e Elkeson deverá se tornar uma rotina nos próximos meses para os clubes cariocas. Ainda sem uma previsão exata para a resolução dos problemas de penhoras, os times terão que se virar para evitar os bloqueios das receitas de vendas de jogadores.