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Fifa diz que sozinha não combaterá manipulação no futebol e pede esforço conjunto

Europol investiga esquema de manipulação de jogos de futebol no mundo - AFP PHOT / ANP / ROBIN VAN LONKHUIJSEN
Europol investiga esquema de manipulação de jogos de futebol no mundo Imagem: AFP PHOT / ANP / ROBIN VAN LONKHUIJSEN

Do UOL, em São Paulo

04/02/2013 15h14

A Fifa se pronunciou nesta segunda-feira sobre a investigação realizada pela polícia europeia (Europol) para desmembrar redes de manipulação de resultados de partidas. A entidade que controla o futebol mundial entende que não tem condições de erradicar a corrupção e pede esforço conjunto para minimizar seus efeitos nefastos.

“A combinação e manipulação de resultados de partida é um problema global e que não vai desaparecer amanhã. A Fifa está empenhada em combater este problema, mas não conseguiremos sozinhos”, disse o diretor de Segurança da Fifa, Ralf Mutschke.

JORNAL ARGENTINO RECONHECE QUE SELEÇÃO VENCEU 'NO APITO' APÓS GOL AOS 58 MIN DO SEGUNDO TEMPO CONTRA A ARGENTINA

O jogo Argentina 1 x 0 Bolívia, realizado em dezembro de 2010 pelo torneio sub-20 em Cordoba, é um dos que estão na mira da polícia europeia. Investigação dão conta de que houve manipulação de resultados para favorecer apostadores.

O gol da vitória da Argentina aconteceu aos 58 min do segundo tempo após pênalti inexistente. Até mesmo o jornal argentino Olé tratou na época com desconfiança a vitória de sua seleção.

O periódico considerou "escandalosa" a performance da arbitragem na vitória dos argentinos sobre os bolivianos. Os jogadores da Bolívia tentaram agredir o árbitro húngaro Lengyel Kolos, mas foram contidos pelo técnico da equipe. Não bastasse o pênalti, um jogador boliviano e o técnico foram expulsos.

“A cooperação entre a aplicação da lei e as organizações desportivas precisa ser fortalecida. O apoio dos órgãos de aplicação da lei, as investigações legais, e as sanções mais duras em última análise, são necessários”, reforçou.

VEJA IMAGENS DO JOGO ACUSADO DE TER SIDO MANIPULADO

A Europol anunciou os resultados da investigação sobre combinação de resultados para favorecer apostadores. A base das apostas ilegais fica em Cingapura. Pelo menos 425 pessoas, entre jogadores, árbitros e dirigentes possuem algum tipo de ligação.

No estudo feito pela polícia, 380 jogos realizados na Europa são considerados suspeitos. Partidas em outros continentes também foram colocadas em dúvida. Um jogo chamou a atenção: Argentina 1 x 0 Bolívia.

A partida foi disputada em 2010, pela categoria sub-20. O gol único da Argentina no duelo aconteceu aos 58 min do segundo tempo, após marcação de pênalti duvidoso. Não havia motivo para tanto acréscimo.

Até o momento, a polícia europeia deteve 50 pessoas que teriam ligação com redes de apostas ilegais no futebol, sendo 14 alemães.

Um jogo da Liga dos Campões da Europa pode ter sido manipulado, indica a investigação. A polícia não cita a tal partida suspeita. Mais de 300 jogos, entre jogos de eliminatórias da África e nas Américas também são colocados em dúvida.

Segundo investigação, a corrupção existe principalmente em divisões de acesso em países europeus, que seriam menos complicados para manipulação. Juízes e atletas são alvos de pessoas que fazem apostas em sites de jogos.

A Uefa, entidade que regulamenta o futebol na Europa, emitiu comunicado nesta segunda-feira informando que pedirá mais informações à polícia antes de iniciar apuração interna e eventuais punições em práticas ligadas à manipulação no futebol. 

SALDO DA INVESTIGAÇÃO CONTRA CORRUPÇÃO NO FUTEBOL

50 pessoas foram preseas, sendo 14 de origem alemã

Um jogo da Liga dos Campeões é colocado como suspeita de manipulação (a polícia não informou qual jogo pode ter sido 'sujo')

Jogos de Eliminatórias nas Américas e Áfricas também são colocados como suspeitos de manipulação

Manipulação de resultados tem maior incidência em jogos de divisões menores, em que os envolvidos (árbitros e jogadores) têm poder aquisitivo menor

Mafiosos teriam gastado 2 milhões de euros em subornos, gerando retorno de 8 milhões de euros, concluiu investigação