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Corinthians sinaliza que pode manter estatuto e seguir sufocando oposição

Gobbi no dia posterior à sua eleição no Corinthians; antes do pleito ele votou pelo estatuto atual - Julia Chequer/Folhapress
Gobbi no dia posterior à sua eleição no Corinthians; antes do pleito ele votou pelo estatuto atual Imagem: Julia Chequer/Folhapress

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

06/02/2013 06h00

Situação e oposição do Corinthians passaram os últimos meses debruçando-se sobre possíveis mudanças no estatuto do clube. Na última segunda-feira, no entanto, os dois lados viram sinais de que o texto atual pode ser mantido, sufocando qualquer corrente divergente do grupo que está no poder.

A questão principal que está sendo discutida é a formação do Conselho Deliberativo do clube. Atualmente, são cerca de 160 vitalícios, número que no futuro cairá para cem, e 200 eleitos, todos pertencentes à mesma chapa vencedora da eleição. O resultado é o sufocamento da oposição, que fica restrita a poucas cadeiras no grupo e tem voz cada vez menos ativa internamente.

O sistema atual de eleição para o Conselho é chamado internamente de “chapão”. Significa que os grupos que concorrem à eleição indicam um grupo de 200 candidatos cada. O sócio do clube, na hora do pleito, escolhe uma das chapas em disputa, e a vencedora elege absolutamente todos os seus membros, enquanto a derrotada fica fora da gestão.

Desde 2007, quando o grupo de Andrés Sanchez chegou ao poder, se discute a necessidade de uma mudança nesta regra. Uma vez eleito, o movimento Transparência e Renovação encabeçou a discussão sobre o novo estatuto, que abriu a votação presidencial para todos os sócios, impediu a reeleição e ainda criou a “quarentena”, para que ex-presidentes como Andrés só pudessem voltar ao cargo dois mandatos depois de saírem.

O modo de formação do Conselho, no entanto, nunca mudou. No fim de 2011, pouco antes da eleição que colocou Mario Gobbi na presidência, o grupo dos Corintianos Obsessivos, que apoia Andrés e o atual mandatário, sugeriu a mudança. Gobbi e Andrés se opuseram com o argumento de que naquele momento era melhor manter o texto como estava.

No ano passado, a discussão ressurgiu. Um grupo heterogêneo, formado por situacionistas e opositores, se reuniu para propor mudanças no estatuto. Três formatos de eleição para o Conselho, que teria 150 eleitos, foram apresentados pela comissão.

No primeiro, são candidaturas individuais em que cada sócio escolhe cinco nomes e os mais votados entram para o grupo. O segundo teria mini chapas com 15 candidatos cada, em que o sócio escolhe duas chapas e as dez mais votadas elegem seus conselheiros. O último é uma opção intermediária, em que se define um número mínimo de pessoas por chapa, o sócio escolhe cinco delas e cria-se um quociente eleitoral.

Em todas elas está respeitado o princípio da proporcionalidade, em que tanto situação quanto oposição são representadas no Conselho. O que era ponto pacífico dos dois lados da disputa política, no entanto, voltou a ser motivo de discussão nos últimos dias. A proposta do novo estatuto apresentada pela comissão chegou ao Cori (Conselho de Orientação do Corinthians) e foi apreciada na última segunda-feira.

O grupo foi quase unânime ao decidir pela manutenção do texto atual, exceção feita a Felipe Ezabella, conselheiro ligado aos Corintianos Obsessivos que manifestou opinião contrária em reunião anterior àquela decisiva da última segunda. A opção do Cori não acaba com a discussão. Agora, a proposta da comissão vai para o Conselho Deliberativo, que decidirá o que fazer em votação sobre o assunto.

Os defensores da mudança, no entanto, viram na movimentação do Cori uma amostra do quão difícil será implantar a proporcionalidade. Situacionistas temem que Andrés e Gobbi repitam a movimentação do fim de 2011 e decidam pela manutenção.

Já membros da oposição dão esse cenário como favas contadas. Um dos argumentos desses conselheiros é a postura de André Luiz Oliveira, um dos principais aliados de Andrés no clube. No início desse processo, ele entrou com um pedido de extinção da quarentena, o que poderia fazer do próprio Andrés um candidato à presidência no fim de 2014.

Na semana passada, no entanto, ele comunicou os membros da comissão que tratou do assunto de que recuaria. Em entrevista ao Blog do Perrone, do UOL Esporte (leia a matéria completa aqui), disse ter tomado a atitude para “não gerar a discórdia”. Para membros da oposição, trata-se de uma manobra para facilitar a manutenção do estatuto atual, já que assim a situação não seria obrigada a discutir separadamente a questão da proporcionalidade, apenas mantendo o atual estatuto. 

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