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Barcos completa um mês de Grêmio e se surpreende com idolatria relâmpago

O argentino Barcos se tornou ídolo da torcida do Grêmio em 30 dias no clube gaúcho  - Lucas Uebel/Divulgação Grêmio
O argentino Barcos se tornou ídolo da torcida do Grêmio em 30 dias no clube gaúcho Imagem: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

Carmelito Bifano e Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

08/03/2013 06h01

Barcos completará um mês de Grêmio no próximo sábado. Em 30 dias, o argentino já virou ídolo dos torcedores. Sejam fantasiados de Pirata [apelido de Barcos], ou fazendo o tapa-olho com a mão [comemoração tradicional do centroavante], os torcedores mostram a cada oportunidade o apreço pelo atleta. Surpreso com algo tão rápido, ele concedeu entrevista ao UOL Esporte antes do treinamento desta quinta-feira, reafirmou a meta de marcar 28 gols na temporada e lamentou o ocorrido com seus ex-colegas de Palmeiras.

Barcos mostrou muito apreço ao país e ao ex-clube. Segundo ele, irá telefonar para oferecer apoio aos jogadores vítimas de agressão da torcida palmeirense. A maneira que deixou o Palestra também não o agradou. "Sei que me chamariam de mercenário, mas não é só para quem não me conhece", disse.

Em um bate-papo de 15 minutos, interrompido pela necessidade de treinar, Hernán Barcos mostrou experiência, tratou todos assuntos com tranquilidade e até brincou lembrando as dificuldades de adaptação a cultura chinesa, quando lá atuou.

TORCEDORES DO GRÊMIO IMITAM ÍDOLO BARCOS EM FOTOS PESSOAIS

UOL Esporte: Em menos de um mês, você já conquistou os gremistas. Esperava isso tão rápido?
Barcos: Não tão rápido, mas é lindo quando desfrutamos desses momentos e dessas situações. Estou desfrutando e tratando de fazer o melhor para o grupo dentro de campo, que é o mais importante.

UOL Esporte: Como você avalia o ano passado, em que conquistou a Copa do Brasil no Palmeiras, mas acabou rebaixado?
Barcos: Tenho recordações muito boas do Palmeiras. Sempre vou querer o Palmeiras porque sempre me trataram muito bem. Não saída da maneira que queria, mas se deu assim. Sobre o ano passado, em parte, foi muito triste porque ficamos na história por ganhar a Copa do Brasil, que fazia muito tempo que não ganhavam, mas também ficamos por ser rebaixados, que nós não esperávamos.

UOL Esporte: Você tem mantido contato com o pessoal do Palmeiras? Sabe dos incidentes com a torcida?
Barcos: Tenho bastante contato com os companheiros [do Palmeiras]. Vou falar com eles, ver o que aconteceu e ver se posso ajudar em alguma coisa.
 

BARCOS: POLÊMICA COM JORNALISTA, ELOGIOS DE ZÉ ROBERTO E 28 GOLS



"Acho que naquele momento, que recém estava chegando [ao país], e o cara me mostrou uma foto. Não conhecia ele e ele não tinha confiança comigo para fazer algo assim. Acho que, como respeito você, você tem que me respeitar e nunca irei faltar com o respeito com você. Na frente das câmaras e nem sozinho. Então, tem que respeitar, como eu respeito todo mundo"

RELEMBRE A POLÊMICA COM JORNALISTA

"Deus queira que continue assim. Que eu trate de melhorar em algumas coisas e que consiga ir melhorando. Cada ano que começa, eu coloco uma meta e trato de cumprir, mas o mais importante é o Grêmio. Não eu como pessoa ou a minha meta. Se conseguir fazer os 28 gols, vai ser importante para o Grêmio. No ano passado, fiz 28 anos e rebaixamos, então, não foi bom"

APRESENTADO, BARCOS PROMETEU 28 GLS

"O Zé Roberto é um cara muito tranquilo e uma pessoa muito boa. Acho que o jogo do Grêmio cresce muito com ele [neste momento, Zé Roberto que também estava na sala de imprensa brinca com o argentino: “Não vai falar mal de mim, hein”]. Ele faz a equipe jogar e isso me facilita muito. É muito bom jogar ao lado dele, estamos nos compreendendo cada vez mais e isso é muito importante. É um grande referência para todos nós e, como sempre falo, um exemplo todos nós"

RELEMBRE OS ELOGIOS DE ZÉ ROBERTO

UOL Esporte: No seu tempo, a torcida já pressionava assim?
Barcos: Pressionava. A torcida do Palmeiras sempre pressiona. É um clube grande, que é obrigado a ganhar. Quando perde a torcida não gosta. Ainda mais em um jogo como o de quarta-feira, que teve oportunidade de ganhar e perdeu no último minuto. Não é fácil e a Copa Libertadores não te dá muita chance.

UOL Esporte: Alguns torcedores ficaram bastante chateados quando foi anunciada a tua saída. Na sequência, a direção do Palmeiras revelou que poderia ter perder por atraso salarial, como você viu toda essa situação?
Barcos: O problema é que o Palmeiras me devia quatro meses [de salários] e achavam que eu podia sair, mas esse é um pensamento de gente que não me conhece porque fazia tempo que eles me deviam quatro meses. Eu nunca fiz uma coisa assim. Sempre falei que poderia esperar para cobrar. Sem problema nenhum. Nunca fiz pressão sobre o Palmeiras, que me deu muitas coisas. Não faria isso com nenhum clube. Não sou assim. Foi um pensamento de gente que não me conhecia, gente nova que chegou ao clube. Não sei se são os culpados ou o que, mas fiquei chateado porque foi de uma maneira que eu não queria. Sabia que na minha saída ia ter pessoas que iam falar que saí por ser mercenário, mas quem me conhece, sabe que não sou assim.

UOL Esporte: O que significou vir para o Brasil na tua carreira?
Barcos: Foi um passo muito grande na minha carreira profissional. Soube aproveitar o momento e a oportunidade que tive de jogar no país. Obviamente, o Brasil é muito importante na minha carreira já que cheguei a seleção [da Argentina] pela primeira vez atuando no país. Isso vai ficar marcado para sempre a minha vida.

UOL Esporte: Hoje no Grêmio, você vê um elenco com chance de conquistar a Libertadores?
Barcos: Temos que ir crescendo pouco a pouco. As pessoas podem falar que somos candidatos, mas temos que mostrar dentro de campo que queremos ser campeões e ganhar a competição. O Grêmio não entrou só para participar, mas para ganhar.

UOL Esporte: Você se vê como principal responsável pelas vitórias do Grêmio hoje, pelos gols e atuações?
Barcos: Não. Acho que todo mundo tem a mesma responsabilidade, até porque todos são iguais aqui dentro [do Grêmio]. Tem jogo bom, tem jogo ruim, como sempre acontece. Cada jogador do nosso time é importante.

BARCOS: VOLTAR À SELEÇÃO E DIFICULDADES DE ADAPTAÇÃO NA CHINA

"Sempre quero ser chamado e trabalho para ter uma nova oportunidade. Como falei antes, tenho que tratar de ser um jogador mais completo, tratar de melhorar em muitos aspectos para ser um jogador de seleção" 
"Aqui é um paraíso, né? [risos] O Brasil é um lugar onde eu fiquei, a minha família também. Estamos muito bem e tranquilo. [...] Na China, para mim foi tranquilo, mas para a minha família foi mais difícil. Não só pelo idioma, mas pela cultura também. Falávamos inglês e não tínhamos problemas, mas a cultura é totalmente diferente. Não tem carro, não tem nada, então, é muito difícil. Aqui se come cachorro quente, lá [China] comem o cachorro mesmo" 

UOL Esporte: A gente nota que o Vargas tem uma dificuldade muito grande com o português. Você por estar há mais tempo no país, ajuda ele nisso?
Barcos: Sim, sim. Me dou muito bem com o Vargas. Tento ajudar ele com o português, algo que depende dele querer aprender. Ele gosta um pouco, mas brinca muito e fala só espanhol, não o português [riso]. Ele compreende quase tudo, só algumas palavras que não compreende e, às vezes, me pergunta. Acho que daqui um pouco ele vai começar a falar.

UOL Esporte: O Grêmio sempre teve uma ligação muito forte com jogadores da América do Sul, você sabia disso antes de aceitar jogar no Grêmio?
Barcos: Me falaram nisso, mas a decisão já estava tomada. O Palmeiras decidiu me vender e eu não tinha muitas opções. Quando soube da proposta, eu gostei porque sei o que significa o Grêmio e o Palmeiras fechou a parte deles, então, fiquei tranquilo e feliz por poder jogar no Grêmio. Obviamente, estou muito agradecido porque se trabalhou muito para poder chegar. Foi muito rápido, mas tinha muito tempo de trabalho do meu empresário e do Grêmio para poder chegar a um acordo e poder estar no clube.