Topo

Grêmio tenta rever pagamento e criar receitas para manter sócios na Arena

Para garantir a presença de sócios na Arena, o Grêmio pagará R$ 42 milhões anuais  - Lucas Uebel/Divulgação Grêmio
Para garantir a presença de sócios na Arena, o Grêmio pagará R$ 42 milhões anuais Imagem: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

15/03/2013 06h00

O contrato firmado entre Grêmio e OAS para a presença dos sócios na Arena não agrada ao clube. Após mais de 4h de reuniões nesta quinta-feira, o tricolor procura alternativas para criar novas receitas e evitar a perda da renda do quadro social com a mudança de estádio. O gasto está sendo maior que o planejado e os próximos passos podem ser nefastos.

Quando iniciou a migração de sócios do Olímpico para Arena, o Grêmio calculava pagar R$ 23 milhões anuais para OAS para garantir a presença de sócios no novo estádio com descontos ou sem pagamento algum nos jogos. Porém, na troca de plano, novos associados surgiram e muitos optaram por câmbio para cadeiras Gold - mais caras. Assim, o valor atual beira os R$ 42 milhões.

"O valor inicial era referente somente ao quarto anel do estádio. Não havia a projeção da migração para cadeiras Gold. Foram mais ou menos 5 mil torcedores que optaram por isso. Temos que estabelecer uma maneira de equalizar a situação", afirmou Adalberto Preis, responsável pelos assuntos referentes a Arena nomeado pelo presidente Fábio Koff.

Com um valor praticamente duas vezes maior que o esperado, o Grêmio vê a receita do quadro social se esvair e comprometer outras questões do clube, como a folha de pagamentos do futebol. Salários não foram atrasados, mas no futuro podem ser se alternativas não surgirem.

"Podemos rever algumas situações novas no contrato, mas o que já foi acordado não irá mudar. As cláusulas antigas não serão alteradas. Podemos compartilhar as novas receitas, como bares e lojas. E para isso há outros parceiros", disse o diretor superintendente da OAS Arenas, Carlos Eduardo Paes Barreto.


"Assim como o Grêmio tem suas implicações financeiras, a OAS também tem. Estamos debatendo alternativas para isso. Vamos equalizar o orçamento para que o contrato fique bom para o Grêmio e a OAS. O valor é muito próximo do que hoje se está pagando", explicou.

Membros das direções interessadas conversaram na sala da direção do Grêmio por mais de quatro horas. Há, no clube, a confiança de criação de fontes de renda alternativas para que a necessidade de pagamento pela presença de sócios na Arena não resulte na falta de dinheiro para outros investimentos.

"Os técnicos irão criar alternativas financeiras. Normalmente eles são muito criativos para isso. Ambas as partes estão comprometidas em um ponto comum. Buscamos um equilíbrio, algo que equalize esta migração. Vamos esperar os novos encontros entre as partes e encontrar soluções", disse Preis.

Uma alternativa do Grêmio pode ser oferecer a OAS rendas variáveis, como venda de camisas ou patrocínios no próprio uniforme. A construtora mantém seu logotipo no uniforme do Bahia, por exemplo, e o contrato do Grêmio com o Banrisul está perto do fim. O naming rights do estádio também pode ser comercializado em breve.

GRÊMIO ENTREGA O OLÍMPICO NO DIA 30 DE MARÇO E MAS SEGUE USANDO

As direções do Grêmio, da OAS - empresa que construiu a Arena - e Arena Porto-Alegrense - empresa formada pelo clube e pela OAS que administra o estádio - estiveram reunidas por mais de 4h nesta tarde, no Olímpico. Em pauta, uma série de cláusulas do contrato de parceria e, principalmente, a data de entrega do atual estádio gremista. E o prazo não foi alterado. No dia 30 de março, o 'Velho Casarão' deixa de pertencer ao tricolor.
LEIA MAIS

"Não é interesse de ninguém que o futebol do Grêmio seja prejudicado. A Arena será grande a partir de um grande time. Todos queremos que o Grêmio mantenha uma equipe vencedora, fazendo grandes jogos. Isso será fundamental para o estádio", comentou Barreto.

Dívida com a OAS em debate

O Grêmio não entende por dívida, mas o valor referente aos primeiros meses de presença de sócios na Arena não foi pago. Há a discussão pelo número de jogos no Olímpico. A Arena Porto-Alegrense [que administra o estádio] pediu para que a grama fosse poupada dos primeiros compromissos do ano.

"Há muitos sócios que reclamam que pagaram pela Arena e receberam o direito de entrar no Olímpico. Por isso temos que rever este ponto. Não tivemos praticamente jogos na Arena no começo do ano. Foram poucos, e isso está em debate. A questão é mais complexa que isso", alertou Preis.

Por hora, a única definição do encontro desta quinta foi que o Olímpico será entregue no dia 30 de março, e que o Grêmio poderá seguir treinando no estádio até a conclusão do CT, prevista para maio. A busca por alternativas financeiras ainda será debatida. Até algo de concreto, a ideia é garantir uma paridade de vantagens na transição do estádio e toda conversa é considerada normal por ambas as partes.