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Conselheiros usam contrato e saída de astros para tentar reprovar contas no Santos

Acordo com a CSU, estampada no número da camisa, encabeça lista de insatisfações - Fernando Donasci/UOL
Acordo com a CSU, estampada no número da camisa, encabeça lista de insatisfações Imagem: Fernando Donasci/UOL

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

19/03/2013 06h00

Promete ser quente a reunião do Conselho Deliberativo do Santos que ocorre no próximo dia 25, na Vila Belmiro. Isso porque muitos conselheiros tentarão reprovar as contas do clube. O contrato com a CSU, empresa gestora do programa de sócios, encabeça a lista de insatisfações dos santistas. Além disso, parte do conselho questiona a condução das negociações que resultaram nas saídas de Paulo Henrique Ganso, Elano e Ibson.

As críticas em relação à CSU, que também estampa sua marca no número da camisa do Santos, são direcionadas a Alvaro de Souza, um dos integrantes do Comitê Gestor do clube e que fez parte do conselho de administração da empresa quando o acordo foi firmado. Além dos conselheiros questionarem um suposto conflito de interesses, eles alegam que o contrato possui uma cláusula que prevê o pagamento de uma multa a empresa caso o clube não alcance o número de 100 mil associados em 2014. Até recentemente, o número de sócios-reis chega a 65 mil. A atual gestão assumiu o clube em dezembro de 2009, com cerca de 20 mil associados.

“A grande maioria está insatisfeita e existe um descontentamento, mas os conselheiros que foram eleitos por essa gestão engolem tudo isso. A pessoa (Alvaro de Souza) fica paralelamente com cargos no clube e na empresa (CSU). Isso é um beneficio muito grande, chega a ser injusto até com os concorrentes que nunca poderão entrar na disputa para patrocinar o clube”, afirmou o conselheiro efetivo, Francisco Lopez, que integra o Conselho Deliberativo desde o final da década de 70.

Os conselheiros acreditam que o Conselho Fiscal ficará desmoralizado caso aprove as contas sem nenhuma ressalva, o que já é considerado a melhor das hipóteses para o Comitê Gestor do clube.

“Na melhor das hipóteses para o Comitê, a comissão fiscal precisa pedir a aprovação das contas com ressalvas, por causa dos contratos com a CSU e a Nike. Se o Comitê Gestor não rever imediatamente esses contratos dificilmente vai recuperar a credibilidade junto ao Conselho [Deliberativo] que já está bastante arranhada", afirmou o conselheiro eleito Celso Leite.

Em relação às saídas de Elano e Ibson, os conselheiros questionam que a diretoria santista gastou cerca de R$ 16 milhões para contratá-los em 2011 e depois trocá-los no ano seguinte por jogadores que não vingaram no clube – casos de Galhardo e Miralles, além de David Braz, que foi repassado ao Vitória, da Bahia.

“Eu não morro de amores pelo futebol do Ibson, mas ele foi liberado ao Flamengo no decorrer da Libertadores, tinha que esperar terminar a competição. O negócio do Elano, ele está rendendo no Grêmio, ao lado do Zé Roberto. Eles colocaram muito dinheiro nos dois e depois praticamente deram os jogadores. O Miralles veio, mas está há quase um ano e parece que vai começar a render agora”, indagou Francisco Lopez.

A pressão contra o Comitê Gestor também é direcionada ao técnico Muricy Ramalho. Grande parte do Conselho Deliberativo quer a demissão do treinador e, por isso, contesta a multa rescisória de cerca de R$ 4 milhões no contrato do atual comandante do time.

“Já fui diretor de futebol do Santos, multa com treinador não existe. Técnico é igual sogra, não serve manda embora. Essa multa com o Muricy é um absurdo, deixa o treinador bem confortável”, disse Lopez.

O UOL Esporte tentou contato com Alvaro de Souza e a diretoria do Santos para falar sobre o acordo com a CSU, mas não obteve êxito. Questionado sobre o assunto em reunião do Conselho Deliberativo, o empresário e dirigente santista chegou a dizer que “saia da sala” quando o assunto se tratava das negociações com o Santos.