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Torcida arrecada R$ 300 para 'muro de ídolos' do Bota e ignora Seedorf

Torcedores usarão essa foto de Jefferson para marcar goleiro no "muro dos ídolos" - Fernando Soutello/AGIF
Torcedores usarão essa foto de Jefferson para marcar goleiro no "muro dos ídolos" Imagem: Fernando Soutello/AGIF

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/03/2013 06h07

Os torcedores do Botafogo já elegeram o próximo jogador que terá sua imagem marcada no “muro dos ídolos”, em General Severiano. A iniciativa, que surgiu em 2007, terá continuidade na próxima semana, quando Jefferson será ‘eternizado’ após campanha de arrecadação de dinheiro nas redes sociais. O último a receber o tributo foi Loco Abreu, em 2010. Principal jogador do atual elenco, Seedorf foi ignorado pelos responsáveis e não será desenhado, pelo menos por enquanto.

A torcida organizada “Loucos Pelo Botafogo” é a responsável pelas homenagens. Um dos integrantes e membro do conselho do grupo Rafael Mois é quem arrecada o dinheiro para a compra dos itens necessários para que as imagens sejam feitas. Ele diz que os torcedores se reuniram e decidiram por “dar um gelinho” em Seedorf e marcar apenas Jefferson no muro neste momento.

“O Seedorf ainda não ganhou nada pelo Botafogo. Nosso conselho é formado por dez pessoas e achamos que ainda falta um pouco. É a mesma coisa que fizemos com o Jefferson em 2010. Só o Loco Abreu foi marcado e hoje o nosso goleiro já merece, por isso, será o próximo homenageado. Assim como o Wagner e o Roberto Miranda. Já escreveram seu nome na história do clube. Vamos dar um gelinho no Seedorf, mas é claro que ele tem tudo para estar no muro. Ele é um ídolo internacional, mas no Botafogo precisa um pouco mais ainda”, disse Rafael Mois ao UOL Esporte.

A iniciativa enche os torcedores de orgulho, mas também de preocupação. Isso porque cada imagem marcada no muro custa em torno de R$ 300. Os integrantes colocam suas contas correntes dos bancos à disposição para doações, algo que ocorre em todo o Brasil. O espaço faz sucesso e as homenagens serão levadas também para o Engenhão.

“Estamos arrecadando dinheiro para conseguir comprar o material. Vamos fazer também o Roberto Miranda, que representa o nosso título de 1968 [Taça Brasil] e o Wagner pelo Brasileiro de 1995. Nosso projeto começou em 2007, com a pintura do muro do Engenhão. Em 2008 iniciamos o 'muro dos ídolos' em General Severiano com o Garrincha e o Nilton Santos. Vamos levar as imagens dos ídolos também para o Engenhão. Queremos colocar no setor Norte, mas ainda estamos conversando”, afirmou Rafael, empresário quando não está se dedicando a sua paixão.

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Sem ajuda financeira do Botafogo, os torcedores recorrem às redes sociais para arrecadar o dinheiro. "Procuramos eles e não enxergam o muro como marketing. Foram muitos tapinhas nas costas nos parabenizando pela iniciativa, mas nunca deram tinta ou dinheiro, nada. Pelo contrário. Em 2007, roubaram um galão de tinta da gente. Guardávamos as tintas no clube de um dia para o outro. E sumiram com um dos galões. Não é porque eles não ajudam, que não vamos fazer [os desenhos]. É claro que a ajuda deles seria importante. Estamos abertos ao diálogo, mas sabemos qual é o discurso deles”, completou.

Nesses pouco mais de cinco anos, vários ídolos foram colocados no “muro dos ídolos" em General Severiano. Túlio Maravilha, Didi, Mendonça, Amarildo e Quarentinha, por exemplo. Segundo Rafael Mois, não existe o arrependimento por ter ‘eternizado’ nenhum atleta no local. Para ele, o maior problema é a falta de recursos para fazer outros jogadores que mereciam a homenagem.

“Faltam alguns jogadores pela quantidade de ídolos que temos. Estamos estudando colocar o Zagallo também, mas o nosso problema é dinheiro. Cada desenho desse custa em torno de R$ 300 e não temos como fazer do nosso bolso. Pedimos a ajuda de torcedores de todo o Brasil, já que o Botafogo nunca nos ajudou com nada”, finalizou.