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Arena Palestra planeja até 70 shows por ano, mas promete ouvir Palmeiras

Arena Palestra está em construção, mas ainda não tem prazo para ficar pronta - Divulgação/WTorre
Arena Palestra está em construção, mas ainda não tem prazo para ficar pronta Imagem: Divulgação/WTorre

Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

25/03/2013 06h00

Quando estiver concluída, a Arena Palestra vai receber entre 48 e 70 shows ou eventos por ano, segundo os planos da AEG/Bluebox, futuros administradores do estádio. Mas a companhia promete negociar com o Palmeiras para tentar minimizar os efeitos sobre os jogos do clube. Pelo contrato, quem tem a palavra final sobre a utilização da arena serão as empresas, que receberam a concessão da construtora W/Torre.

O cenário pintado é de uma arena que terá um alto nível de uso. Como outros brasileiros, o clube alviverde joga entre 30 e 40 vezes em casa durante uma temporada. Isso significa que, somados aos shows previstos, o estádio receberia cerca de 100 acontecimentos por ano com públicos de pelo menos 5 mil pessoas. Ou seja, seriam dois por semana.

"Não sabemos a demanda exata de shows [os números acima são planos]. A ideia é se fazer algo que não atrapalhe o Palmeiras", afirmou Beto Lima, do Grupo Bluebox. "Para chegar a esse número [70 shows], teríamos artistas nacionais e internacionais. A nossa arena pode receber eventos de 5 mil pessoas." 

Explica-se: há duas dimensões de shows e eventos previstas para a Arena Palestra. O plano é que sejam realizados de oito a dez shows grandes, com toda a capacidade do estádio, que é de 45 mil pessoas. Além disso, estão previstos de 40 a 60 eventos a serem realizados no anfiteatro que será montado em parte da arena, com capacidade para até 15 mil pessoas. 

VEJA EM VÍDEO DETALHES DA NOVA ARENA DO PALMEIRAS

A AEG tem um grupo internacional de entretenimento, que promove shows de artistas como Paul Maccartney, Justin Bieber e Rolling Stones,  e fornecerá boa parte dos artistas internacionais. O modelo do estádio será híbrido: uma parte de shows próprios da empresa e outra com aluguel para outros promotores de eventos. 

A aposta da AEG/Bluebox para realizar tal carga de shows é na construção da arena já adaptada para diversos tipos de eventos e a logística da multinacional americana. Segundo seus planos, quando for organizado um show para 15 mil pessoas, é possível montar e desmontar a estrutura em apenas um dia. Ou seja, seria possível realizá-lo na véspera de uma partida.

No caso dos shows maiores, com todo o estádio, seriam necessário pelo menos três dias. É um prazo menor do que em arenas não adaptáveis aos shows, que demandam entre sete e nove dias. Mas, ainda assim, haveria impacto nos jogos palmeirenses. Até porque pode haver coincidência de jogos importantes com shows importantes, como já ocorre, por exemplo, no Morumbi.

"O primeiro passo é sentar com o Palmeiras. O time tem, por exemplo, uma final de Campeonato Estadual, vamos perguntar se há flexibilidade para mudar a data. Pode ser que a resposta seja não", explicou o vice-presidente da AEG Arenas, Chaler Steedman. "Vamos ter que lidar com cada situação no dia a dia."

A AEG tem a palavra final nas decisões, mas ressalta que o clube também terá interesse nos eventos por causa do dinheiro. Bem, pelo menos inicialmente, não terá uma fatia grande esse ganho. Pelo contrato, nos primeiros cinco anos, o Palmeiras ficará com 5% do arrecadado com eventos. Nos cinco anos seguintes, será 10% e assim sucessivamente.

Mesmo assim, a empresa estima que o Palmeiras terá em torno de R$ 1 bilhão de receita extra nos 30 anos do estádio com bilheteria e o ganho com os shows. Isso significa uma média de R$ 33 milhões por ano a mais do que obtém hoje em dia.

Explica-se: hoje, o Palmeiras arrecada em torno de R$ 25 milhões por ano com bilheteria, como registram os últimos balanços. E gastava pouco menos de R$ 10 milhões com manutenção do Parque Antarctica, custo que não terá mais porque a Arena ficará por conta de terceiros. Ou seja, seu ganho era em torno de R$ 15 milhões. Pelas projeções da AEG, atingiriam, portanto, em torno de R$ 50 milhões.

"Quem vai lidar diretamente com o Palmeiras será a equipe da Arena, que terá equipe própria. O Palmeiras é, como promotor de eventos, nosso melhor cliente", explicou Belo Lima.

Uma pergunta que fica é: com tantos eventos, haverá prejuízo para o gramado da Arena Palestra? A promessa da AEG/Bluebox é de que esse impacto não exista. Para os shows menores, até 15 mil pessoas, a grama do campo não será utilizada, segundo a empresa. Mas isso acontecerá nos eventos de maior capacidade de público.

Veja vídeo com imagem acelerada da construção da Arena Palestra

"Utilizamos um produto, que é o Terraplas, para ser colocado sobre o gramado. Assim, a grama pode ser poupada", observou Steedman. "O impacto será menor. Fizemos um show no estádio em Los Angeles em três dias de operações. Houve um jogo entre Mina e LA Galaxy depois sem reclamações."

O produto é similar ao que é usado hoje em dia em eventos no Brasil, mas de qualidade superior, segundo Beto Lima. Sua promessa é de que o grama poderá respirar e receber sol sem problemas.

Essa é uma das táticas da AEG para implantar o conceito de arena multiuso no país. Na construção das arenas, por exemplo, pediram medidas como túneis maiores para a entrada de caminhões que minimizarão custos posteriores.

Essas práticas internacionais, adotadas em 108 arenas administradas pelo mundo, e o relacionamento com o Palmeiras só devem começar a ser testados na abertura da Arena Palestra. Mas ainda não há data, como informou a própria W/Torre. Dirigentes da construtora e do clube trabalham com a possibilidade de que o estádio só seja concluído em 2014.