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Em livro, Casagrande relata luta para se livrar das drogas

Do UOL, em São Paulo

29/03/2013 12h28

A partir da próxima segunda-feira será possível conhecer detalhes da luta enfrentada pelo ex-jogador e atual comentarista da TV Globo Walter Casagrande. O dia marca o lançamento do livro “Casagrande e Seus Demônios” (Globo Livros; 248 páginas), escrito pelo jornalista Gilvan Ribeiro, editor de esportes do jornal Diário de S. Paulo.

Na obra, Casão, como é chamado pelos amigos, conta o calvário que sofreu com as drogas, histórias do seu tratamento e a sua recuperação, que segue até hoje com a ajuda de psicólogos.

Na edição deste final de semana, a revista Veja traz trechos inéditos do livro. No quinto capítulo da obra há detalhes sobre o período em que Casagrande permaneceu internado. Durante sete meses, ele ficou sem ter nenhum contato com amigos e familiares.

TRECHO DO LIVRO “CASAGRANDE E SEUS DEMÔNIOS”

  • “Passaram-se sete, quase oito meses, para que Walter ganhasse sinal verde para receber visitas. Durante esse período, ele passava por tratamento e os familiares também. Precisaram ser preparados para lidar com aquela situação complexa. Dona Zilda sofria profundamente. Afinal, ela e Victor Hugo haviam dado o aval para a internação involuntária do filho.
    “A minha maior angústia era não ter ideia de como ele iria reagir quando se encontrasse na clínica e soubesse que eu havia assinado documento para a internação”, afirma dona Zilda. “Ficamos sete meses sem poder falar com ele. Nós só o observávamos por um vidro, pela janela de uma sala, mas ele não nos via, nem sabia que estávamos lá. Era uma aflição.”
    Todos precisaram de muita paciência. Além da distância da família, Walter sofria com a privação de contato feminino. “Fiquei um ano sem sexo e, pior, sem carinho ou qualquer tipo de amor. Não se pode nem encostar em uma mulher.” A clínica comportava 32 pacientes, homens em sua maioria. “Havia poucas mulheres lá dentro e, ainda assim, eu as olhava só como outras pessoas doentes, como eu.”
    Não havia espaço, ali, sequer para amizades. Os internos são monitorados o tempo todo, para evitar a formação de grupos ou panelinhas. Por isso foi um alívio quando as visitas começaram a ser permitidas. Ainda que os encontros fossem breves, sempre com a mediação de um terapeuta, já eram uma referência afetiva, e traziam com eles um pouco de sua história. “Foi muito emocionante meu primeiro contato com o Victor, o Leonardo e o Symon. Eu já havia entendido que meus filhos tinham feito o que era melhor para mim. A minha relação com eles, hoje, é ótima.”