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Casagrande diz que sua biografia foi feita para ajudar dependentes

Casagrande durante participação no programa "Altas Horas", da TV Globo - Zé Paulo Cardeal/TV Globo
Casagrande durante participação no programa "Altas Horas", da TV Globo Imagem: Zé Paulo Cardeal/TV Globo

Francisco de Laurentiis

Do UOL, em São Paulo

04/04/2013 17h55

O grande objetivo de sua biografia foi ajudar outros dependentes químicos a buscar tratamento contra as drogas. Foi com esse pensamento que o ex-jogador e atual comentarista da TV Globo Walter Casagrande Jr., o Casão, lançou Casagrande e seus demônios, livro feito em parceria com o jornalista Gilvan Ribeiro e que conta toda a vida do ex-atleta, desde a infância até seus dias mais difíceis, quando teve que ser internado para se livrar do vício em cocaína e heroína.

Em participação no programa "Altas Horas", da Globo, Casagrande relatou se drama ao apresentador Serginho Groisman e disse que tem como principal objetivo ajudar famílias que se veem em situação difícil por causa das drogas.

"Senti muita necessidade de colocar tudo para fora, e um dos modos de tratar a doença (dependência química) é falar sobre ela. Não pode guardar para você, deixar aquilo te criar um incômodo, criar uma angústica, porque é aí que você pode ter uma recaída", contou.

"Mas o grande objetivo é encorajar as pessoas que não entendem a doença, que acha que não estão doentes, a procurar tratamento. Quero ajudá-los a criar coragem e pedir ajuda", prosseguiu.

Em 2008, no auge dos problemas com o vício em substâncias injetáveis, Casão capotou o carro em São Paulo e escapou por pouco da morte. Foi parar no hospital Albert Einstein e ficou três dias em coma até voltar a si. Quando acordou, estava em uma clínica de recuperação para dependentes, onde ficou por um longo tempo, até sair e voltar a trabalhar na Globo.

Neste período, ficou oito meses sem ver a família, já que os médicos não queriam que ele pedisse aos parentes para tirá-lo de lá antes de completar o tratamento.

"Também tem que esclarecer as coisas sobre essa doença. Nem sempre o dependete químico sabe que é doente. Muitas vezes a família não quer enxergar esse problema e acaba atrapalhando. Tem que encorajar as famílias a buscarem ajuda. Eu mesmo não pedi ajuda, foi uma coisa que não fiz. Só foi internado porque sofri o acidente. Você não percebe que precisa de ajuda", lembrou.

"Meu livro tem muita história de futebol, mas, basicamente, eu queria detalhar tudo o que passei. Muita gente me pergunta, todo dia, e tenho que explicar toda hora. É um assunto complicado, não quero falar toda hora nisso, relembrar a fase difícil, ver as besteiras que eu fiz. Quis dar um basta nisso, fiz o livro e agora acabou! Vamos falar de outras coisas, de música, deixa a droga de lado. Quero sair da droga também! Quero que ela saia de mim e quero sair dela!", declarou, emocionado.

O livro Casagrande e seus demônios ainda tem revelações sobre sua carreira de atleta, como o uso forçado de doping em sua passagem pelo futebol europeu.