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Pato troca badalação do início da carreira por cuidado com privacidade

Alexandre Pato com Barbara Berlusconi; atacante tem evitado expor sua vida pessoal - Giuseppe Aresu/AFP
Alexandre Pato com Barbara Berlusconi; atacante tem evitado expor sua vida pessoal Imagem: Giuseppe Aresu/AFP

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

11/04/2013 11h00

Há exatamente três meses, Alexandre Pato chegava ao Corinthians para seu primeiro treino, despertando dúvidas sobre seu passado de lesões e curiosidades sobre sua vida pessoal. Desde então, ele conseguiu provar em campo que a rotina nos departamentos médicos parece ter ficado para trás, com um bom desempenho em campo. Fora dele, pouco mostrou. Recluso e cuidadoso com sua privacidade, o jogador trocou a vida de craque-prodígio e hoje evita se expor de maneira desnecessária.

O cuidado com a discrição é o traço mais marcante demonstrado por Alexandre Pato em seus primeiros meses no Brasil depois de cinco anos na Itália. Até hoje, seu início de carreira meteórico no Inter lhe rende uma popularidade fora do normal fora do meio estritamente futebolístico.

Pato desperta atenção de revistas de celebridades, tem um fã-clube considerável na internet e uma vida social ativa. O fato de sua namorada ser filha de Silvio Berlusconi, dono do Milan e ex-premiê italiano, só contribui para que ele siga atraindo atenção. Na carreira dele, porém, sempre foi assim.

Admirado pelo público feminino desde seu começo de carreira no Inter, Pato assumiu seu primeiro namoro famoso em 2008, com a atriz Stephany Brito. A relação atraiu muita atenção da mídia. Os dois trocaram juras de amor eterno, o atacante acostumou-se a homenagear a amada com um coração ao fazer gols e casou-se com pompa, chamando muita atenção.

A relação acabou de forma traumática, com direito a disputa judicial entre os dois, e parece ter deixado uma lição em Pato. Desde que chegou ao Brasil, o camisa 7 do Corinthians é frequentemente perguntado sobre sua rotina e a relação com Barbara Berlusconi.

Sempre simpático, Pato não se recusa a responder nada, mas se esquiva sorrateiramente com afirmações gerais e sorrisos, muitos sorrisos. Quando pode, ele sequer menciona o nome da namorada. “Eu torço pelo Milan pelos cinco anos maravilhosos que passei por lá, e também porque uma pessoa que é muito importante para mim trabalha lá”, disse o atacante em sua segunda entrevista coletiva no clube, sem dizer que a pessoa em questão é Barbara, que compõe a direção do clube italiano.

A preocupação acompanha o dia-a-dia do jogador. Quando chegou a São Paulo, Alexandre Pato optou por morar em Alphaville, bairro de condomínios de luxo em Barueri, na Grande São Paulo. A tranquilidade do local compensa a distância do CT do Corinthians, que fica na zona norte da cidade e custa ao jogador mais de uma hora de deslocamento por dia.

Quando é convidado para algum evento social com os amigos, Pato também se preocupa com quem estará e em qual local. Trata-se de uma prevenção para que não seja surpreendido por uma multidão de fãs indesejada ou cliques indiscretos de paparazzis.

Mesmo quando deliberadamente se expõe, como nos jogos do Corinthians que assistiu da arquibancada, Pato tenta evitar confusões. Nas vezes que foi ao Pacaembu, mesmo aquelas em que foi acompanhado de Barbara, o jogador levou apenas seguranças pessoais e avisou os organizadores de forma discreta para que pudesse ocupar um espaço na tribuna.

A reclusão também pode ter a ver com um projeto pessoal. Até agora, Pato não concedeu nenhuma entrevista individual desde que chegou ao clube. A ideia era, desde o início, aguardar a afirmação em campo para depois pensar na promoção fora dele. Sua única aparição em um programa ao vivo foi na última segunda, no “Bem, Amigos”, comandado por Galvão Bueno no Sportv.

Pessoas próximas ao jogador dizem que ele só deve se desarmar quando estiver garantido na lista de Felipão para a Copa das Confederações. A espera pela afirmação não impediu, no entanto, que ele contratasse uma empresa para gerir a sua imagem. A ideia é que a parceria sirva para trabalhar maneiras adequadas de comunicar Pato com seu público.

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Um dos grandes trunfos do atacante é justamente seu alcance nas redes sociais, menina dos olhos de nove entre dez publicitários hoje em dia. O potencial de Pato no Instagram e em seu recém-criado Twitter são elogiados pelos patrocinadores do jogador, que também agrada pela solicitude com que atende os parceiros comerciais.

É só mais um adendo na postura de bom-moço que ele faz questão de adotar desde o início da carreira. Seu esforço no Corinthians, por exemplo, é reconhecido por vários funcionários. No breve período em que ficou fora do time par cuidar de um incômodo na coxa direita, ele chegou a ir ao CT fazer tratamento durante a folga.

Apesar do lado “caxias”, ele não destoa dos companheiros de time e tem hábitos comuns a qualquer jogador. Nas seguidas concentrações, passa a maior parte do tempo usando a internet no celular. Nas “resenhas” com os colegas, participa da troca de apelidos e das provocações como um atleta qualquer.

Esta, aliás, é outra característica da nova estrela do Corinthians. Se há alguns anos o clube repatriou nomes como Ronaldo e Roberto Carlos, que chegaram com status de medalhões internamente, Pato destoa dos seus antecessores. Apesar dos cinco anos na Europa e da sofisticação adquirida, o atacante ainda é um jovem de 23 anos.

Nos almoços, quando a disposição das mesas entrega os grupos que são formados dentro de um elenco, Pato costuma sentar com Giovanni, Felipe e Romarinho. Apesar de conviver em bom nível com jogadores mais experientes e esclarecidos como Paulinho, Paulo André e Alessandro, entre outros, a identificação natural do camisa 7 é com seus contemporâneos.

Nada que impeça que uma certa idolatria seja mantida. “Aprendendo todos os dias”, escreveu certa vez Giovanni em seu Twitter, sem esconder a relação especial que tem com seu companheiro de clube.