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Valdir Bigode vive com aluguel de CT e pede chance como treinador "paizão"

Valdir Bigode em seu CT no bairro de Campo Grande - Reprodução/Facebook
Valdir Bigode em seu CT no bairro de Campo Grande Imagem: Reprodução/Facebook

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

18/04/2013 06h00

Atualmente com 41 anos, o ex-atacante Valdir de Morais Filho, popularmente conhecido nos tempos de atleta como Valdir Bigode, sofre para conseguir emprego como treinador e critica o mercado fechado e restrito na área.

Valdir encerrou a carreira em 2005, nos Emirados Árabes. A partir de 2010 tentou se aventurar como técnico, em passagens rápidas por Campo Grande (2010), Itaboraí (2011) e São Pedro (2012), todos clubes do Rio de Janeiro.

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Diz que agora tem tentado de tudo para conseguir outro clube: desde contato com agentes e empresários até conversa com dirigentes de clubes que conhece.

“Eu trabalhei em time sem salário, sem estrutura, mas pra aprender. Fiquei em sétimo em um campeonato de 30 times [com São Pedro]. Agora estou correndo atrás. Converso com pessoas dos clubes e peço oportunidades. O mercado é muito difícil. Sempre foi muito restrito e tem poucas oportunidades. Mas estou correndo atrás e esperando uma oportunidade”, falou.

“Tenho amigos nos clubes e sempre que posso tento agendar uma entrevista para uma chance. Empresários falam que vão me indicar pros clubes. Nesse início agora é pedir bastante até aparecer uma boa oportunidade. Esse mercado sempre foi fechado e agora piorou. Vou trabalhar, correr atrás. Mas é mais um desafio”, continuou.


O ex-atacante diz que seu trunfo como técnico é saber como o jogador gosta de ser tratado. E assim ter um diálogo e relação de confiança com o elenco que permitam que o clima do grupo seja agradável e propicie o bom rendimento dos atletas. O conhecido estilo “paizão”.

“Tem que olhar no olho do jogador e identificar problemas particular e em campo, chamar o cara pra você, fazer amizade, ensinar. Quando eu jogava, se não conhecia o treinador, jogava mais ou menos. Se conhecia o cara, era amigo, parceiro, pensava ´taticamente eu tenho que fazer isso e dar algo a mais´. E sempre vi isso do meu lado e vejo isso agora.”

“O cara tem que dar moral pra todo mundo, pro reserva, dessa maneira rola um trabalho legal. Aí o cara vai ganhando o grupo. Como já aprendi isso, quando chego já vou brincando com os caras, falando pra ele abrir o coração. O ponto básico é ter o grupo nas mãos.”

  • Reprodução/Facebook

    Valdir Bigode com amigos em seu CT, no Rio de Janeiro

Mas a falta de emprego no meio onde deseja trabalhar não é um problema financeiro para Valdir, já que ele montou um negócio próprio para conseguir arrecadar dinheiro. Construiu um espaço com três campos de futebol, no bairro de Campo Grande, periferia do Rio de Janeiro.

Aluga o campo para a prática de futebol e também uma área com churrasqueira para festas e música junto com os jogos. Colocou o nome de CT Valdir Bigode, que foi inaugurado há quatro anos.

“É um mini CT, com campo oficial, um de grama sintético de sete na linha e um outro de nove na linha. Ainda espero fazer uma quadra de areia para cinco na linha. É um trabalho paralelamente à carreira de técnico. Trabalho com aluguel dos campos e de festas. Pode ser festa pequena, como pagodes, aniversário. Tem piscina pro pessoal se divertir.”

“Futuramente ter uma salinha de musculação. Procurei pegar um pedacinho do futebol e viver disso, ganhar dinheiro. É meu segundo emprego, digo. Minha fonte de renda enquanto não estiver trabalhando como técnico. Nos próximos 12 meses espero construir um salão para 2 mil pessoas.”