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Brasileiro investe R$ 170 mi no futebol dos EUA e sonha em ter Kaká

Empresário Flavio Augusto da Silva é o sócio majoritário do time de futebol Orlando City - Divulgação/Orlando City
Empresário Flavio Augusto da Silva é o sócio majoritário do time de futebol Orlando City Imagem: Divulgação/Orlando City

Lucas Tieppo

Do UOL, em São Paulo

30/04/2013 11h00

O empresário Flávio Augusto da Silva se tornou recentemente o primeiro brasileiro a se tornar dono de um clube de futebol nos Estados Unidos e decidiu investir pesado para entrar na Major League Soccer (MLS), o campeonato de futebol do país e uma das ligas que mais cresce no mundo. Sócio majoritário do Orlando City, o empreendedor quer ver sua equipe no principal campeonato norte-americano e sonha alto com um reforço brasileiro, talvez até mesmo Kaká. 

“Sonhar não custa nada, mas mesmo que fosse ele, não poderia confirmar nada. Eu conheço o Kaká, temos um bom relacionamento, mas não posso confirmar nada nesse sentido. Seria fantástico, assim como um Ronaldinho Gaúcho. Queremos um reforço deste nível”, disse Flávio em entrevista para o UOL Esporte por telefone, de Barcelona.

O meia do Real Madrid é o garoto propaganda da Wise Up, rede de escolas de idiomas criada por Flávio, e seu contrato com o time espanhol vai até junho de 2015. Uma transferência para o futebol norte-americano já foi cogitada até pelo irmão de Kaká, Digão, e pelo presidente do Los Angeles Galaxy, um dos interessados.

Mas para o sonho de Flávio, torcedor do Flamengo, se tornar realidade, um longo caminho ainda tem que ser percorrido. O Orlando City, criado em 2010, disputa atualmente a USL Pro, considerada a segunda liga em importância no país, mas já há uma negociação para que o clube de Orlando faça parte da MLS.

Para isso, é necessária a construção de um estádio com capacidade para 25 mil pessoas e o pagamento de uma “taxa” para adquirir uma franquia, única forma para entrar na liga. No total, o investimento será de cerca de 165 milhões de dólares (R$ 330 milhões), sendo 110 milhões (R$ 220 milhões) para o estádio e 55 milhões (R$ 110 milhões) para a entrada da MLS.

  • Orlando City foi campeão da USL Pro em 2011 e briga pelo título na atual temporada

Deste montante, o empresário brasileiro arcará com cerca de 85 milhões de dólares (R$ 170 milhões), sendo 30 milhões de dólares para pagar parte do estádio e o restante para colocar o Orlando City na MLS.

ISTO É A MLS

  • 19

    times

    são divididos em duas Conferências

  • 10

    times

    se classificam aos playoffs do torneio, cinco de cada Conferência

  • 18.807

    torcedores/jogo

    foi a média da temporada 2012

  • US$15 a 80

    em média

    é o preço dos ingressos da MLS

  • 7

    meses

    dura a temporada: de março a outubro, quando ocorre a final

    Silva pode se dar ao luxo de investir em um time que ainda não está na MLS -a aquisição foi feita em fevereiro - e acompanhar todo o processo de criação, pois o que não lhe falta é dinheiro. O empresário fundou a Wise Up, rede de franquias de escolas de inglês, que foi vendida nem fevereiro desse ano por R$ 877 milhões para o grupo Abril Educação.

    “Morei por três anos em Orlando e vi o interesse crescente que o futebol tem entre as crianças e, principalmente, entre os pais delas. Ai meu lado empreendedor falou mais alto e decidi investir”, contou.

    O terreno onde ficará a arena está comprado e fica próximo ao Amway Arena, onde o Orlando Magic mandam seus jogos na NBA.

    A ideia de Flávio é transformar o Orlando City em uma atração para os milhares de brasileiros que visitam a cidade por conta dos parques de diversões e para começar a divulgar o time no país está marcado um amistoso contra o Fluminense, no dia 22 de junho.

    • Orlando City venceu 5 mil carnês em 2013 e costuma levar até 15 mil torcedores em jogos decisivos

    A participação do empresário no futebol brasileiro está restrita ao patrocínio da Wise Up à Copa do Mundo de 2014. Torcedor fanático do Flamengo, Flávio explica que o modelo de gestão dos clubes brasileiros impede um investimento parecido.

    “O Flamengo não está à venda. A estrutura do futebol brasileiro é diferente e só investir em jogador é algo menor. Estamos falando de algo grande, clube, arena, algo mundial. E jogadores nós formaremos naturalmente. No Brasil a estrutura é muito política, é dinheiro meu que está sendo investido. Tem que dar lucro, tem que crescer e ser próspero”, disse.

    Além do investimento no Orlando City, o empresário também planeja ganhar mais dinheiro com o futebol. Silva estuda a criação de uma rede de franquias de escolas para treinar futuros atletas. Segundo ele, os Estados Unidos não possuem escolas profissionais e há capacidade para pelo menos 1 000 unidades no país.

    SUCESSO, "EXPERIÊNCIA BECKHAM" TURBINOU PÚBLICO DO SOCCER NOS EUA

    • REUTERS/Danny Moloshok

      Na MLS, há um consenso: os cinco anos que o astro David Beckham passou jogando no Los Angeles Galaxy, da Califórnia, foram essenciais para o crescimento do público do soccer no país. O inglês chegou aos EUA em 2007, e fez várias grandes empresas, como AT&T, Visa, Volkswagen e Microsoft firmarem acordos de patrocínio com o torneio e com os clubes. Canais de TV e estações de rádio também tomaram gosto pela competição, que ganhou novos apoiadores. LEIA MAIS