Topo

Valdeir "The Flash" monta imobiliária e lembra recusa de Zidane em dancinha

Valdeir no centro do time do Bordeaux, com Zidane em pé (o primeiro da esquerda) - Arquivo pessoal
Valdeir no centro do time do Bordeaux, com Zidane em pé (o primeiro da esquerda) Imagem: Arquivo pessoal

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

08/05/2013 06h00

Campeão carioca pelo Botafogo em 1990 e do Mundial Interclubes de 1993 com o São Paulo, Valdeir Celso Moreira justificou o apelido de “The Flash” ao longo da carreira na hora de escolher como conduzir o seu futuro fora de campo após a aposentadoria.

Aproximadamente um ano depois de encerrar a carreira no Madureira, em 2003, o ex-atacante montou uma imobiliária em negócio conjunto com seus familiares, na cidade de Goiânia.

A Savana Imóveis, de sociedade com seu irmão, faz compras, vendas e locação de imóveis, além de avaliações de preços, serviços de despachante imobiliário e reformas. Valdeir conta que o interesse na área surgiu nos tempos de jogador, quando passou a investir em imóveis e achou o ramo interessante por achá-lo rentável.

VEJA COMO ESTÃO OUTROS ÍDOLOS DO PASSADO


“Sempre gostei do ramo imobiliário e tinha amigos que trabalhavam com isso. Na época [de jogador] eu procurava fazer investimentos com o dinheiro que sobrava. Aí fui idealizando de trabalhar no ramo imobiliário quando parasse com o futebol. Conversei com meu irmão e tivemos a ideia”, contou.

A função de Valdeir no negócio é a de agilizar os trâmites burocráticos com as documentações necessárias para o cliente fechar o negócio. Seu irmão e sócio e outras pessoas ficam encarregadas de procurar clientes e negociar preços.

“Meu negócio é mais no escritório, a documentação tem que passar por mim. Tem muita coisa pendente pra resolver e despachar. Alguma documentação que tem que ser resolvida, é tudo comigo. Os corretores trabalham paralelamente. Só entro junto com a turma. Pra ser corretor tem que ter curso. Meu irmão faz essa parte”, contou.

Valdeir ganhou o apelido de “The Flash” do ex-narrador Januário de Oliveira por sua velocidade em campo. Conta que foi até cogitado pela família colocar o nome na imobiliária, mas ele mesmo vetou. Diz que não queria confundir as coisas e que o nome poderia não ser bem visto para o setor.

“Até hoje aqui muita gente aqui fala que o escritório tinha que chamar ´The Flash´, mas falo que tem que ser Savana mesmo. Chegamos a pensar no nome, mas acho que o ´The Flash´ é uma coisa que tem muito a ver com bola, futebol. Acho que não ficaria legal nesse ramo profissional de vendas.”

Valdeir fez parte da seleção brasileira que disputou em 1993 as eliminatórias da Copa do Mundo de 1994. Chegou a jogar contra a Venezuela no qualificatório, mas acabou preterido no Mundial. E ainda assim dá crédito ao técnico Carlos Alberto Parreira. “A seleção brasileira na minha época só tinha fera. Não poderia piscar que era complicado. Bebeto, Romário, Muller, Careca , João Paulo, Evair. E vários outros.”

VALDEIR EM 1995, NOS TEMPOS DE FLUMINENSE

  • Luciana Whitaker/Folha Imagem

Amizade com Zidane

Valdeir jogou de 1992 até 1996 (com saídas por empréstimo para o São Paulo, em 1993, e para o Fluminense, em 1995) no Bordeaux, da França. Durante toda a sua passagem jogou junto com meio-campista francês Zinedine Zidane, campeão mundial em 1998 e eleito por três vezes o melhor jogador do mundo pela Fifa.

Os dois foram muito amigos, conta o brasileiro, por morarem no mesmo condomínio e assim combinarem programas sociais juntos. Valdeir diz que ajudou na aproximação com o francês o fato da mulher de Zidane, Véronique Fernández, ter ascendência espanhola e ajudar o brasileiro a se comunicar.

“Tínhamos um relacionamento legal, morávamos no mesmo condomínio. Tinha dias que não tinha necessidade de dois carros e íamos juntos para o treino. A mulher dele entendia muito bem português e por isso eles me ajudavam muito no idioma. Frequentávamos restaurantes juntos, às vezes saíamos. Eu só evitava um pouco porque eu era solteiro e eles um casal, mas sempre me chamavam”, contou.

“O Zidane sempre foi uma ótima e excelente pessoa. Um cara que quer te ajudar de todas as formas, faz de tudo para colaborar. Eu digo que ele é bem melhor como pessoa do que como jogador. Então, se ele jogou tudo aquilo, imagina como ele não é como é pessoa”, continuou.

INVENTOR DO "THE FLASH", JANUÁRIO DE OLIVEIRA ENXERGA COM DIFICULDADE

  • Gabriel Badaró/Divulgação

Valdeir lembra que gostava de “sacanear” o amigo tentando fazer com que ele dançasse no ritmo dos brasileiros para comemorar gols. Diz que o apelidou de “brasileiro” pelo futebol parecido com o do padrão nacional. E que tentou fazer com que o francês dançasse como os brasileiros para comemorar um gol. Mas que  Zidane ficou envergonhado e não quis nem saber.

“Teve uma passagem que foi um gol que eu fiz no Francês. Falei pra ele num treinamento que eu iria fazer o gol no próximo jogo e iria colocá-lo pra dançar comigo. Falei ´se eu fizer um gol, você dança um samba comigo´. Ele já quis sair e nem respondeu”, contou.

 

“E no jogo seguinte dei sorte e fiz um dos gols mais bonitos da minha vida; saí correndo do meio-campo pro gol driblando todo mundo. Depois, na comemoração, fui direto nele. Ele ficou todo vermelho de vergonha me vendo dançar. Mas saiu de fininho. Ficou só olhando e rindo, não quis saber não”, continuou.

Valdeir disse que a última vez que conversou com o jogador francês foi por telefone, no ano de 1997.