Corintianos ensinam hino do clube em prisão na Bolívia e ganham TV na cela
Os 12 corintianos presos na Bolívia acusados de ligação na morte de Kevin Espada, 14 anos, buscam maneiras de minimizar a saudade da família e do Corinthians. Eles reiteram inocência. Mesmo distantes, os presos estão atualizados do noticiário da equipe alvinegra graças a uma TV instalada em uma das duas celas que ocupam.
Não é possível conferir jogos ao vivo do Corinthians de dentro da penitenciária San Pedro, em Oruro, pois não tem o sinal da Rede Globo internacional.
A notícia da conquista do título do Paulistão, por exemplo, chegou rapidamente ao conhecimento dos torcedores detidos em Oruro. O sinal da Record é captado no presídio (exceto Globo).
O contato dos presos com advogados e familiares é feito por um orelhão no pátio da penitenciária.
O cenário no presídio é diferente do período em que chegaram, em março, quando foram recebidos com ameaças de outros presos. Aos poucos os corintianos ganharam a confiança de detentos, convertendo funcionários e detentos da penitenciária
Na prisão, os detentos brasileiros ensinaram o hino do Corinthians aos bolivianos. O hino do clube é cantado pelos bolivianos tão logo termina a execução do hino boliviano.
O UOL Esporte apurou que guardas que fazem a proteção no presídio costumam chegar ao local de trabalho com camisetas do Corinthians presenteadas pelos torcedores detidos.
GOVERNO BRASILEIRO E DEPUTADO BOLIVIANO CRITICAM PRISÃO
Os 12 torcedores reiteram inocência e aguardam intervenção do governo brasileiro. Cinco deles alegam que não estavam presentes na área interna do estádio em Oruro, onde Kevin Espada foi atingido por um sinalizador, que o vitimou. Exames com os detentos não encontraram resíduos que seriam compatíveis ao sinalizador lançado.
Líder da Câmara de Deputados da Bolívia, Héctor Arce, criticou a maneira como o governo local tem agido no processo envolvendo a prisão de 12 torcedores do Corinthians em Oruro.
“Há 12 jovens torcedores de um time de futebol estrangeiro que está detido em um cárcere em Oruro. É um caso preocupante e lamentável. E até onde sabemos, a investigação não avança”, cobrou o deputado
Nesses 97 dias detidos, os corintianos perderam peso. A estrutura na penitenciária é precária. Crises de choro são comuns. Um dos torcedores presos acordou de madrugada desesperado, acreditando estar sendo perseguido. O grupo acordou e conteve o jovem. os detidos contribuem na limpeza do local e recolhimento do lixo produzido.
Boliviana se solidariza com presos corintianos
A alimentação dos presos corintianos é preparada por uma senhora moradora em Oruro. A Gaviões da Fiel conheceu a mulher, apelidada de “Madrecita” pelos presos, através de um corintiano morador na Bolívia.
Inicialmente ela foi acionada pela Gaviões para servir emergencialmente os detidos. Sensibilizada com a situação dos corintianos, “Madrecita” decidiu continuar o serviço de preparar e levar diariamente as refeições, não cobrando pelo trabalho diário.
A Gaviões promove eventos beneficentes, cujo recurso financeiro é enviado à senhora boliviana.
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