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Saga de corintianos presos teve intervenção do governo e pedido de propina de advogado

Torcedores presos do Corinthians na Bolívia dão entrevista no presídio em Oruro - Aizar Raldes/AFP
Torcedores presos do Corinthians na Bolívia dão entrevista no presídio em Oruro Imagem: Aizar Raldes/AFP

Do UOL, em São Paulo

07/06/2013 06h00

Após 106 dias, sete dos doze corintianos presos em Oruro, na Bolívia, foram liberados. Nesta quinta-feira, eles puderam comemorar a soltura. De acordo com a embaixada brasileira na Bolívia, eles foram soltos por falta de provas. Tiago Aurélio dos Santos Ferreira, Danilo Silva de Oliveira, Tadeu Macedo Andrade, Rafael Machado Castilho Araújo, Fábio Neves Domingos, Hugo Nonato e Clever Souza Clous devem voltar ao Brasil neste sábado.

Durante este período de mais de três meses, a situação se tornou um problema diplomático para o Brasil. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se envolveu pessoalmente no caso e chegou até a ir à Bolívia para tentar mediar uma solução. Enquanto isso, o Corinthians orientou os familiares dos detidos e seus advogados a trabalharem em sintonia com o governo brasileiro.

Advogado da família de Kevin pede R$ 450 mil para ajudar presos, acusa revista

  • A revista Isto É apresentou na edição desta semana uma suposta cobrança financeira feita pelo advogado da família de Kevin Espada para inocentar os 12 torcedores que estão presos desde fevereiro em Oruro. A publicação diz ter obtido áudio de conversas envolvendo Beltrán Espada, advogado da família boliviana, em que ele teria exigido US$ 220 mil (cerca de R$ 450 mil) para produzir petição destacando a inocência dos corintianos. Kevin Espada foi morto em fevereiro, quando assistia da arquibancada ao duelo entre San José x Corinthians, em Oruro, pela Libertadores. Ele foi atingido no rosto por um sinalizador disparado por um torcedor corintiano não identificado.

A ida de Cardozo foi vista pelas partes envolvidas como determinante para que a situação dos presos melhorasse. Até o momento, eles reclamavam de celas superlotadas e de maus tratos na detenção. Cardozo se reuniu em separado com o Ministro do Interior, Carlos Romero, e com o Delegado Geral da Bolívia, Ramiro Guerrero, para perguntar sobre o destino dos seus compatriotas, e obteve de ambos a garantia de um processo justo.

“Esta garantia me foi dada pelo Delegado Geral e pelo ministro Romero que será um julgamento justo e portanto não há o que duvidar das palavras do governo e das autoridades bolivianas”, afirmou o ministro Cardoso na ocasião.

Paralelamente a isso, o Corinthians tentava abrir um canal de diálogo com as autoridades brasileiras para acelerar  uma solução. O presidente Mario Gobbi, que deu diversas entrevistas chamando os torcedores de inocentes e dizendo que estavam sequestrados, se reuniu por mais de uma vez com José Eduardo Cardozo e Antônio Patriota, ministros da Justiça e das Relações Exteriores, pedindo uma intervenção oficial.

O Corinthians também chegou a oferecer à família de Kevin parte da renda da partida contra o San Jose no Pacaembu, pela Libertadores. No entanto, o pai do garoto não aceitou e, segundo o clube, chegou a pedir uma soma muito maior, recusada pelo time do Parque São Jorge. Depois disso o alvinegro decidiu cortar qualquer contato com a família.

Os torcedores poderão voltar ao Brasil já no sábado, em um voo pela manhã se tiverem essa intenção - alguns deles dizem que querem esperar os outros cinco serem soltos. Os que permanecem detidos são Reginaldo Coelho, Leandro Silva de Oliveira, José Carlos da Silva Júnior, Marco Aurélio Nefreire e Cleuter Barreto Barros.

O temor dos brasileiros agora é que os cinco que permanecem detidos arquem com toda a culpa perante a justiça boliviana. Eles continuam na Penitenciária de San Pedro, ainda sem previsão de liberdade.

Governo brasileiro festeja a liberação de torcedores na Bolívia

  • O ministro da Justiça, José EduardoCardozo, comemorou a libertação nesta quinta-feira de sete torcedores do Corinthians que estavam presos em Oruro, na Bolívia, desde fevereiro, por suposto envolvimento na morte do adolescente Kevin Beltrán Espada, em jogo da Libertadores. Ele disse estar “feliz” e que confiava que o governo boliviano respeitaria decisões judiciais. Outros cinco torcedores continuam na prisão. “Fico feliz porque quando, confiei que o governo boliviano disse que respeitaria o que seria correto do ponto de vista legal, eu acho que não me enganei. Então fico muito feliz”, disse em Brasília. Houve negociações diplomáticas entre o governo brasileiro e o boliviano.

ENTENDA O CASO DOS CORINTIANOS PRESOS EM ORURO

O jovem boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada morreu aos 14 anos durante o jogo entre San José e Corinthians em 20 de fevereiro, no estádio Jesús Bermúdez, em Oruro. O adolescente foi atingido por um sinalizador disparado por um torcedor brasileiro, distante cerca de 30 metros. Estima-se que o artefato tenha atingido a vítima a uma velocidade superior a 300 km/h.

Na ocasião foram detidos 12 torcedores corintianos, inicialmente na Corte Superior de Justiça de Oruro e posteriormente transferidos para o Cárcere de San Pedro, na mesma cidade.

Cinco dias mais tarde, um jovem de 17 anos confessou ter sido o autor do disparo do sinalizador, em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo. O menor foi ouvido pelo promotor boliviano Alfredo Canavari no final de abril, em São Paulo.