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Gols de Zico se unem a mate e chorinho e ganham status de cultura do Rio

Maior artilheiro da história do Maracanã, Zico comemora um de seus 333 gols no estádio - Arquivo
Maior artilheiro da história do Maracanã, Zico comemora um de seus 333 gols no estádio Imagem: Arquivo

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

11/06/2013 06h10

Através de decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes, o Rio de Janeiro reconheceu os 333 gols de Zico no Maracanã como bem imaterial da cidade.  O ato oficializou os feitos do eterno camisa 10 do Flamengo no estádio como parte integrante da cultura carioca. O status é o mesmo concedido ao chorinho, às escolas de sambas e ao mate servido nas praias.

A medida passou a valer a partir da última segunda-feira, quando o decreto foi publicado no Diário Oficial do Município. Agora, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade será responsável por colher dados, vídeos, fotos e qualquer outro tipo de material sobre os gols de Zico no Maracanã. Terminada esta etapa, o órgão decidirá o que fará com a pesquisa, que poderá ser registrada como livro, documentário, etc.

Além dos vendedores de mate de praia, o chorinho e as escolas de samba, a prefeitura também reconhece outros bens imateriais do Rio, como as obras de Pixinguinha e Machado de Assis, as torcidas do futebol carioca e os bares tradicionais da cidade.  Maior artilheiro da história do Maracanã, Zico agora integra essa honrosa lista.

“É gratificante ser homenageado pela sua cidade. Me sinto parte da cultura do Rio de Janeiro. O mate, o chorinho, as escolas de samba, cada coisa dessas traz felicidade para alguém. Sou um consumidor nato do mate de praia, por exemplo. São coisas que marcam a vida do carioca. É um orgulho”, disse Zico ao UOL Esporte.

Na lista, Zico gostaria de ter acrescentado um gol em especial: o da classificação para a decisão da Libertadores de 1982. Na ocasião, o Flamengo buscava o bi da competição e foi eliminado com derrota por 1 a 0 em casa mesmo com a presença de 90 mil rubro-negros.

“Ganhei muitas coisas no futebol e normal que perdesse algumas também, mas gostaria de ter feito o gol de empate que poderia ter nos levado para a final da Libertadores de 82. Quem passasse ia para a final. Dominamos o jogo e o Peñarol marcou numa jogada isolada. Foi uma grande frustração”, recordou o camisa 10 da Gávea.

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  • Alexandre Vidal/Fla Imagem

Se lembra com tristeza da partida que acabou com o sonho do bi mundial pelo Flamengo, alguns gols fizeram valer o reconhecimento da cidade carioca. Em sua memória, Zico guarda com carinho lembranças de três gols no Maracanã: o primeiro, que fez ainda juvenil contra o Botafogo; o mais bonito, contra o Grêmio, em 82, e o mais marcante pela seleção brasileira, contra a Bolívia, no mesmo ano.

“Cada um dos 333 gols no Maracanã teve uma história diferente, é difícil dizer [qual o mais marcante]. Mas alguns têm significado especial. Existem gols inesquecíveis, como um que fiz ainda juvenil, o meu primeiro no estádio. Tinha só 18 anos. Já o contra o Grêmio no Dia das Mães de 82 foi um dos mais bonitos que fiz”, relembrou Zico.

O ano tem sido de homenagens para Zico. O eterno camisa 10 do Flamengo completou 60 anos e teve direito a festa junto de torcedores na Gávea no último dia 3 de março. Além disso, o ex-jogador ainda foi escolhido como tema da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval de 2014. Também considerada bem imaterial do Rio, a escola de samba contará a história de vida do craque na Sapucaí.