'Gol de barriga' faz 18 anos e ex-volante relembra rap em homenagem a Renato
Um dos gols mais inesquecíveis para a torcida do Fluminense completa a maioridade nesta terça-feira. Há 18 anos, com um Maracanã lotado por mais de 100 mil torcedores, Renato Gaúcho usava a barriga para marcar o gol da vitória por 3 a 2 sobre o Flamengo, garantindo o título Carioca de 1995 e o fim de um jejum de dez anos sem conquistas. A partida, cheia de reviravoltas, terminou com quatro expulsos, sendo três do time das Laranjeiras.
Promovido das categorias de base anos antes, o ex-volante Cadu iniciou a jogada do gol do título. Mas também ficou conhecido pelos dotes musicais. Compôs junto ao ex-zagueiro Márcio Costa o ‘rap do Renato’, uma homenagem ao autor do gol de barriga. Torcedor do Fluminense, ele se emociona com a data e relembra a música que tomou as arquibancadas.
RELEMBRE O 'RAP DO RENATO GAÚCHO' CANTADO POR CADU E MÁRCIO COSTA
“Eu tinha 20, 21 anos e foi naquela explosão do rap no Rio de Janeiro. Era morador do subúrbio, em Del Castilho [bairro da zona Norte], e estava na moda aquele som. Fizemos meio de brincadeira e acabou caindo na boca da torcida. E olha que naquela época não tinha rede social, nada. A gente agitava o vestiário. A influência era do Claudinho e Buchecha, Willian e Duda, esse pessoal que fazia sucesso. Mas ficou só na música para o Renato mesmo”, brinca Cadu.
A relação com o ex-atacante era mais forte do que simplesmente de companheiros de equipe. O Fluminense vivia uma situação financeira delicada e o grupo conquistou o título com três meses de salários atrasados. Por isso, Renato Gaúcho, que tinha uma condição financeira melhor, auxiliava funcionários e jovens que subiam das categorias de base e ganhavam menos.
RAP DO RENATO
"O cara assina bola, camisa e chapéu
Assina até bumbum, esse gaúcho é cruel
Seu jogo preferido é o famoso Fla-Flu
Renato fez novela com Raí e a Babalu
Pretende ser ator de novela e cinema
Seu hobby é o futevôlei nas areias de Ipanema"
“Acho difícil formar um time tão amigo como aquele. Vencemos aquele campeonato com muitos jogadores em dificuldades financeiras. O Renato Gaúcho era demais com isso, ajudava muito. Foi ‘o cara’. Quando a coisa estava mais apertada, ele metia a mão no bolso e emprestava uma grana para os funcionários e jogadores mais novos, que tinham um salário menor”, revela o ex-jogador que também passou por Bahia e pelo futebol japonês.
Cadu entrou no segundo tempo, atuando improvisado como lateral esquerdo, já que Lira havia recebido cartão vermelho. Ele relembra uma curiosidade do lance histórico para o torcedor tricolor. Romário estava próximo do volante, mas deixou a jogada seguir. O ex-atleta do Fluminense comemora a famosa preguiça do ‘baixinho’ em marcar adversários.
“A jogada começou com um chutão da defesa do Flamengo”. Eu evitei a saída da bola na lateral esquerda e fui avançando. O Romário estava bem próximo, poderia ter atrapalhado a jogada, mas ele nunca fez sombra em ninguém, para nossa sorte. Eu toquei para o Márcio Costa, que lançou o Ézio. Ele abriu para o Ronald na direita, que deixou com o Aílton. Ele fez aquela fila na área e o resto é história”, relembra Cadu, que se aposentou no Duque de Caxias.
O gol que é sempre associado a Renato Gaúcho tem outro dono nas súmulas. O árbitro Léo Feldman se confundiu e marcou o tento para Aílton, apesar do desvio providencial do centroavante. Cadu conta que o grupo só ficou sabendo do erro no dia seguinte, nos jornais.
“A gente só soube que o gol tinha sido dado para o Aílton no outro dia, porque todo mundo foi abraçar o Renato e parecia claro que ele tinha desviado. O Aílton só tinha feito um gol no campeonato e a gente até brincava que estava duro de ele marcar”, disse o ex-volante, que completou.
EX-VOLANTE E TORCEDOR DO FLUMINENSE, CADU LEVA FAMÍLIA ÀS LARANJEIRAS
“Publiquei um texto logo pela manhã no meu Facebook e não consigo mais ler porque eu me emociono. Foi a realização de um sonho de garoto. Eu cheguei ao Fluminense com 11 anos, fui criado lá e sou torcedor fanático do clube. Ser campeão com o Maracanã lotado era como se um filme virasse verdade”.
Dono de um campo de grama sintética no bairro de Engenho de Dentro, Cadu estudou para começar uma nova caminhada no futebol, agora como treinador. Ele aguarda propostas de equipes para voltar ao lugar que mais gosta: os estádios.
“Fiz um curso no sindicato dos treinadores em 2011 e espero ter uma oportunidade. Trabalhei como auxiliar técnico do Dário Lourenço no Itabaiana, em Sergipe. Eu gosto desse trabalho de formar uma equipe, quebrando pedra mesmo”.
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