Discípulo de Bielsa e apoiado por Messi, argentino é aposta do Barcelona

A cena pode parecer surreal nos dias atuais, mas seria bem razoável há pouco mais de dez anos. Num encontro hipotético com Gerardo Martino, Lionel Messi certamente pediria um autógrafo. A lembrança seria para o pai do hoje melhor jogador do mundo. É que o novo técnico do Barcelona, tido como maior jogador da história do Newell´s Old Boys e nome de uma arquibancada do estádio do clube de Rosário, foi o grande ídolo de Jorge Messi.

Torcedor do Newell´s, o pai do camisa 10 do Barcelona é fã assumido do ex-meia, que conquistou os título mais importantes do clube argentino, três campeonatos nacionais, em 1988, 1990 e 1992. Nada há nada concreto que confirme que a contratação do argentino foi um pedido do estafe de Messi. O que existe, sim, são informações de que o pai, que é também agente do craque, foi consultado e apoiou a contratação.

Segundo o jornal El País, nos bastidores do Barcelona se dá como certo que Jorge Messi foi ouvido sobre o treinador pela direção do clube. “Nem que tenha sido só para ter deixado claro o quão contente estaria seu filho por ver Martino no Sant Joan Despí (centro de treinamento do clube catalão)”, diz o diário espanhol.

Conterrâneo do craque, Martino não poupa elogios – no que não se pode dizer que é original entre os técnicos do futebol mundial - ao seu agora comandado. 

“Não há partidas que ele (Messi) jogue mal. Ou está brilhante, ou muito bem ou bem”, disse o técnico quando ainda estava no Newell´s.

Seguidor do “Louco”
Novo técnico do clube mais admirado do mundo, “Tata”, apelido que recebeu na infância e jura não saber explicar o porquê, é fã de outro argentino de Rosário. Ex-jogador de Marcelo Bielsa no Newell´s, não esconde sua admiração pelo antigo chefe.

“Foi um luxo ter sido treinado por ele”, disse Martino sobre “El Loco”. Quando Bielsa chegou ao Newell´s, o técnico do Barça já era o principal jogador do clube.

“O primeiro encontro dos dois foi num canal de televisão de Rosário. Martino admitiu que ao ouvir o que o novo treinador queria dos jogadores do time, pensou que não teria futuro na equipe”, conta o jornalista Roman Iucht, autor da biografia de Marcelo Bielsa. “Ele pedia uma cota de sacrifício a mais dos jogadores e Tata já era um ídolo, a estrela da equipe. Mas ele conseguiu e sempre agradece Bielsa por ter feito dele um jogador melhor. Hoje eles têm uma relação de admiração mútua”, completa.

Triunfo na adversidade
À frente de um dos clubes mais ricos e estruturados do mundo, Martino viverá uma realidade completamente distinta do que teve na sua carreira. Até agora o sucesso do técnico sempre apareceu na adversidade.

Na seleção paraguaia, que comandou por quatro anos, teve dificuldade para montar o time na sua chegada, em 2007. Na ausência de opções, pediu para os dirigentes da federação naturalizassem alguns argentinos.

“Diga-me quem são eles que faremos”, respondeu o então secretário da seleção, Horacio Cartes, hoje presidente do Paraguai.

Quatro argentinos foram naturalizados e jogaram a Copa do Mundo. Entre eles o atacante Lucas Barrios, que nunca havia atuado no país, mas é filho de uma paraguaia. Com eles, o técnico levou os paraguaios, eliminados nas quartas de final pela Espanha, à melhor campanha num Mundial.