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Dona de listas polêmicas, IFFHS sofre após morte de fundador e vive hiato de rankings

Alfredo Pöge, ao centro de gravata vermelha, fundador da IFFHS - Divulgação/IFFHS
Alfredo Pöge, ao centro de gravata vermelha, fundador da IFFHS Imagem: Divulgação/IFFHS

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

03/09/2013 06h00

Qual o melhor goleiro da década? Maior artilheiro do ano? E o maior time? Respostas como essas eram dadas pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS, sigla em inglês). Mas, desde março deste ano, mais precisamente o dia 22, os rankings pararam de ser feitos. O motivo disso foi a morte do alemão Alfredo Pöge.

Fundador do instituto, Dr. Alfredo, como se referem dois brasileiros que colaboravam para o instituto, era o responsável por centralizar os números, as estatísticas e finalizar as listas. Mas, dois dias depois do último ranking ser divulgado, ele morreu.

"Recebi um e-mail da mulher dele falando sobre a morte em março deste ano. Depois disso, o ranking não teve mais atualização, não fizeram mais pedidos. Ele é quem organizava os campeonatos, as fichas", disse Rodolfo Rodrigues, que entrou como colaborador da IFFHS no fim de 2012, ao UOL Esporte.

"A IFFHS pertencia a um alemão romântico. Ele tinha tudo em sua casinha, nada de uma sede rica ou suntuosa. Era trabalho voluntário, as pessoas faziam as estatísticas, reportavam e o Pöge reunia em sua casa, boa parte disso. Depois da morte dele, a entidade está passando por uma restruturação”, completou Rodrigo Bueno, comentarista do FOX Sports e outro colaborador nacional.

Dias antes da morte do pesquisador, a entidade elegeu um novo conselho. Agora, o espanhol Victor Martínez Patton é o responsável por tentar a reestruturação e a tendência é que ele assuma o lugar deixado por Pöge. Apesar de reconhecer a dificuldade para que o trabalho continue após a morte do fundador, Bueno diz acreditarque o instituto, de 29 anos, voltará a ter força com o tempo.

"Ela tem um grande legado, uma importância no mundo, tem chancela da Fifa, além de um valor comercial e histórico. Tem gente com muita grana querendo comprar. Mas, mesmo que não venha na parte comercial, existe um bom grupo de pessoas no entorno,novas lideranças. Vamos ver como vai ser agora no fim do ano, quando tradicionalmente tinham várias eleições, como melhor técnico, seleção, armador, artilheiro, árbitro...", falou o jornalista.

Antes mesmo da morte de Alfredo Pöge, a entidade foi procurada por um sheik árabe para que o instituto fosse profissionalizado. No entanto, o alemão era radicalmente contra, pois defendia o trabalho romântico, com receio de que a entrada do dinheiro tirasse o objetivo principal da IFFHS.

Além de Rodrigo Bueno e Rodolfo Rodrigues, a entidade também conta com Clóvis Martins e André Fontenelle como representantes do Brasil na entidade. Nenhum deles é remunerado. Antes de morrer, Pöge brigou para que um brasileiro fizesse parte do conselho, mas, por falta de tempo, nenhum pôde assumir tal cargo.

Os diversos rankings da IFFHS geraram diversas polêmicas no Brasil. Um deles, por exemplo,coloca Dida como o melhor goleiro do Brasil no século XXI. A mesma lista ainda traz Julio Cesar e Rogério Ceni à frente de Marcos, pentacampeão em 2002 com a seleção brasileira.