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Rivais reeditam esquemas ofensivos de outros tempos e têm bons resultados

Cruzeiro e Atlético-MG têm se destado ao longo deste ano pela força ofensiva de seus times - Marcus Desimoni/UOL
Cruzeiro e Atlético-MG têm se destado ao longo deste ano pela força ofensiva de seus times Imagem: Marcus Desimoni/UOL

Bernardo Lacerda e Dionízio Oliveira

Do UOL, em Vespasiano (MG) e Belo Horizonte

03/09/2013 06h00

Cruzeiro e Atlético-MG utilizam esquemas táticos idênticos e com influência do passado. Os dois rivais jogam com quatro atacantes de ofício e um centroavante. A forma ofensiva de jogar faz com que os clubes liderem o ranking de ataques mais positivos da temporada no Brasil: 93 contra 89 gols em jogos oficiais, respectivamente.

O Cruzeiro possui a maior goleada do Brasileirão – 5 a 0 sobre o Goiás –, e também participou da partida com maior número de gols – 5 a 3 diante do Vasco, ao lado de Internacional x Vasco e Coritiba x Ponte Preta, ambos com o mesmo placar. Contando amistosos, o time mineiro já chegou à marca de 103 gols no ano.

“O importante é que a gente está fazendo isso muito bem (o ataque), estamos atacando bem e tendo uma recomposição rápida. A gente ali da frente, que joga nessa linha, está voltando muito bem para ajudar nossos companheiros, os volantes, os laterais, a gente sabe que isso facilita e ao mesmo tempo estamos conseguindo chegar, criando, com jogadas muito rápidas”, analisou o atacante William. “Não podemos só atacar e fazer os gols, e nos esquecer de defender”, acrescentou.

O Atlético, por sua vez, mostrou ao longo do ano grande facilidade ofensiva. O poderio é grande. O time conseguiu marcar cinco gols contra cinco adversários. O ‘faro’ de gol do time atleticano fez a diferença na vitoriosa campanha da Libertadores, quando teve o artilheiro Jô e o ataque mais positivo da competição.

Curiosamente, a estrutura das equipes rivais montadas por seus treinadores é bastante parecida. Tanto Atlético, quanto o Cruzeiro jogam com dois volantes de maior marcação, dando suporte defensivo e quatro homens de frente, com características ofensivas. Do lado alvinegro, o quarteto atual é formado por Diego Tardelli, Ronaldinho, Fernandinho e Jô. Já o setor celeste atua com Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, William e Borges (Vinícius Araújo).

Ponto em comum nos números e na força ofensiva dos dois rivais é a divisão de gols. Apesar dos centroavantes dos clubes mostrarem maior poder de decisão, sendo os artilheiros da temporada, Borges com 12 gols e Jô com 13, os demais meias e atacantes deixam a sua marca com regularidade, casos de Everton Ribeiro, Dagoberto, Luan, Vinícius Araújo e William. Ao todo, 17 atletas diferentes marcaram pelo Cruzeiro no Brasileirão.

 No Atlético, Diego Tardelli, que auxilia Jô na função de artilheiro, marcou 11 gols no ano, juntamente com Ronaldinho Gaúcho, que tem papel de armação, mas mostra vocação para fazer gols. Além deles, Bernard, que já saiu, Luan e Fernandinho chegaram às redes adversárias. Em todo o ano, até o momento, são 14 atletas atleticanos com dois ou mais gols.

Leonardo Silva vê dificuldade ofensiva do Atlético no atual estágio do Brasileirão, mas destaca o poder de finalização do time. “Vamos buscando este ritmo que colocamos na Libertadores, não que a gente tenha desaprendido ou que não consiga colocar o ritmo, a gente está tentando, mas estamos sendo um time estudado”, comentou. “Aa gente vai continuar trabalhando para que possa, no Brasileiro, colocar o ritmo que colocamos no primeiro semestre”, acrescentou.

A tática ofensiva, que era marca dos grandes clubes brasileiros das décadas de 70 e 80, principalmente, e que são reeditadas pelos times mineiros são enaltecidas por ex-jogadores. “Os dois times mineiros jogam o melhor futebol do Brasil em 2013, para frente, atacando, como a gente gosta de ver. Os técnicos priorizam colocar atacantes em campo e não defensores, como a gente viu muito no Brasil”, disse Paulo Isidoro, que se consagrou no Atlético-MG, mas defendeu também o rival.

“A força do Atlético é Ronaldinho, Tardelli, o Jô. O Cruzeiro tem Vinícius Araújo que está crescendo, Dagoberto, Borges, tem este Everton Ribeiro que vive grande fase. Então, é bom ver times que jogam para frente, que fazem gols”, acrescentou o ex-jogador atleticano.

O ex-atacante Marcelo Ramos, quinto maior artilheiro do Cruzeiro com 162 gols e que teve três passagens pelo clube mineiro, também aprova o estilo de Marcelo Oliveira. “Contribui sim claro (para o sucesso), porque time bastante ofensivo a tendência é de que se não chegar ao titulo como o atlético chegou, vai estar sempre nas primeiras colocações”, disse.

“Claro que fica exposto como no jogo (contra o Vasco), mas sou a favor dessa forma, é bom para os atacante. Vi no jogo que o Cruzeiro tem jogadores que chutam muito bem. É bom sempre a bola estar chegando na frente, jogar dessa forma ofensiva, que tem mais chances de fazer o gol e sair coma vitória”, acrescentou o ex-centroavante.