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Sem Libertadores, centenário e estádio viram trunfo do Palmeiras em 2014

Brunoro, diretor-executivo do Palmeiras, disse que Libertadores não era planejada - Mastrangelo Reino/Folhapress
Brunoro, diretor-executivo do Palmeiras, disse que Libertadores não era planejada Imagem: Mastrangelo Reino/Folhapress

Mauricio Duarte

Do UOL, em São Paulo

09/09/2013 06h00

Até o momento, o Palmeiras não detalhou qual será seu plano de marketing para o centenário, a ser comemorado no ano que vem. O que é certo, no entanto, é que o planejamento foi feito sem considerar a Libertadores. Com a eliminação da Copa do Brasil, o time, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro, enterrou suas chances de disputar a competição no ano de seu centésimo aniversário. Segundo José Carlos Brunoro, diretor-executivo do clube, isso estava previsto e não afeta o combinado.

“O nosso trabalho de marketing está em cima de coisas que podem acontecer, não do imponderável. É muito importante que a gente esteja na Série A no ano que vem. Estamos trabalhando para isso”, informou o dirigente.

Notoriamente, o Palmeiras perderá em visibilidade e em cotas de televisão por ficar fora da principal competição do continente. No entanto, em termos de receita, isso deve ser amenizado justamente por causa da efeméride, segundo especialistas ouvidos pelo UOL Esporte. Dentro do departamento de marketing do clube, segundo apurou a reportagem, o raciocínio é mesmo.

“Se o clube estiver na Libertadores, é o ideal, porque aí é uma empolgação dupla. No caso do Palmeiras, como ele não estará no torneio, a empolgação continua alta porque é uma data muito representativa. O time deve subir para a Série A, vai inaugurar estádio, são eventos muito positivos. Em meio a tantas coisas positivas, o fato de não jogar a Libertadores fica minimizado”, explica Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.

Oliver Seitz, pesquisador de indústria do futebol da Universidade de Liverpool, o centenário é um momento singular histórico e pode abrir possibilidades de capitalização que normalmente o clube não possui. No entanto, não pode se descuidar da performance, já que a demanda por ela é também amplificada por conta do aniversário. Neste cenário, de acordo com ele, o Palmeiras agiu bem em não contar com a Libertadores para organizar suas ações.

“Você não pode prever performance. Todo plano que você faz aliado a isso corre o risco de falhar. E isso acaba impactando todo o produto. Você consegue resgatar vários produtos históricos que não conversam necessariamente com o desempenho. Claro que tem uma vontade dos dirigentes de ganhar tudo no centenário. Mas esse ano permite que você desenvolva outros planos”, comentou.

Até o momento, o Palmeiras divulgou pouco o que fará para comemorar o centenário. Além da inauguração do novo estádio e de algumas ações, ainda sigilosas, com o ex-goleiro Marcos, o clube lançou um relógio progressivo e também uniformes especiais para a ocasião, além de mudanças no Avanti, programa de sócio-torcedor do clube.

Patrocínio máster

O Palmeiras segue sem patrocínio máster. O clube, por enquanto, tenta tirar receitas de outros lugares, mas sabe que precisa ter uma marca estampada na camisa em 2014. “Estamos atuando muito forte com outras empresas e, paralelamente, estamos trabalhando em outras coisas para arrecadar dinheiro. O Avanti está com mais de 30 mil sócios, isso nos dá uma receita considerável, melhoramos alguns contratos que tínhamos também. Tudo isso nos ajuda a aumentar a receita. Não estamos parados só no patrocinador máster ou qualquer outra propriedade de camisa.”, disse Brunoro.

Para Oliver, a ausência na Libertadores não afetará diretamente na captação de um patrocínio para o time alviverde. No entanto, querer inflacionar os preços por conta do centenário pode se revelar uma armadilha. Segundo o especialista, é preciso entender que o centenário é um evento para o público cativo, que já torce pelo clube, e não para agregar novos torcedores. Ou seja, é um público interno, e não externo.

“O que pode dificultar é o clube querer ganhar mais dinheiro por causa do aniversário. Uma empresa dificilmente vai ver um retorno disso de maneira clara. O centenário tem uma base política muito grande, então acabam fazendo uma conta irracional, consideram o atributo emocional. Uma empresa que busca resultados racionais não vai se envolver com isso”, analisou.