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Filipe Luis diz que rixa com Messi ficou pra trás e sonha fazer medicina

Filipe Luis fica na marcação de Lionel Messi na partida entre Atlético de Madri e Barcelona - AFP PHOTO/ LLUIS GENE
Filipe Luis fica na marcação de Lionel Messi na partida entre Atlético de Madri e Barcelona Imagem: AFP PHOTO/ LLUIS GENE

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

18/09/2013 06h00

Aplicação tática, forte marcação e ajuda na estabilidade do time. É com essas qualidades que o lateral brasileiro Filipe Luis atribui sua boa fase na carreira e também a de seu clube, o Atlético de Madri, que nos últimos anos vem recuperando o prestígio na Espanha e passou a incomodar os dois grandes do país, Real Madrid e Barcelona.

Nos últimos dois anos, a equipe da capital espanhola deixou de frequentar zonas intermediárias da tabela no Espanhol e se estabeleceu como a terceira força do país. Ganhou títulos importantes, como a Liga Europa de 2012, a Supercopa Europeia do mesmo ano, e a Copa do Rei de 2013, vencendo o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu. Atualmente, a equipe divide a liderança com o Barcelona, já que os dois clubes estão iguais em todos os quesitos de desempate.

A melhora do time, diz o jogador brasileiro, é principalmente em função da chegada do técnico argentino Diego Simeone e seu sistema sólido de jogo. “É um conjunto de coisas. O primeiro passo é que o time é basicamente o mesmo dos últimos anos. Mas a principal mudança foi a chegada do Simeone, que deu estabilidade tática para a equipe. O time sabe o que fazer a cada jogo pra poder ganhar. Foi um conjunto e essa bagagem que trouxe da época que ele jogava, ajudou muito”, falou o lateral.

A marca do técnico na equipe pôde ser vista no primeiro grande duelo da temporada, nos dois jogos da Supercopa da Espanha, contra o Barcelona, em que o time catalão só saiu campeão graças ao regulamento de gols fora de casa (empate por 1 a 1 em Madri e 0 a 0 em Barcelona). Na segunda partida, o Atlético impôs uma forte marcação no Camp Nou. Messi, que gosta de jogar do lado direito do ataque, foi bem marcado por Filipe e outros defensores do time madrileno e pouco fez. E chegou a se irritar com a forte marcação do brasileiro e dar uma entrada dura de revide. Ambos discutiram no jogo por algumas vezes.

Mas, segundo Filipe, tudo isso ficou pra trás e dentro de campo. Afirma que é normal e que o estilo de jogo do Atlético incomode o Barça pela forte marcação e pouco espaço.

“Não só o Messi, mas alguns jogadores do Barcelona não estão acostumados com um time mais agressivo e que chega junto na marcação. Nossa tática é essa, até pela posse de bola, que é impossível ter mais do que eles. O que eu acho é que naquela hora que discuti com o Messi foi um lance normal de jogo. Fui proteger a bola e coloquei o braço um pouco mais alto. Ele não gostou e reclamou. Mas ele é um grande jogador e fui feliz, pois tive um grande dia. Mas não levei isso para fora de campo. Ficou lá dentro”, explicou.

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Filipe falou também que o lance em que foi expulso por uma dividida com Daniel Alves também não teve nenhuma consequência negativa. “Sou amigão do Daniel, mandei mensagem, conversamos e ficou tudo de boa. Tenho muita admiração por ele. É difícil, temos que disputar a bola e eles não gostam de quem chegue junto. Mas esse é o jeito de nosso time jogar".

A boa aplicação tática e marcação fizeram Filipe ter chances na seleção brasileira e agradar ao técnico Luiz Felipe Scolari, que o convocou para a disputa da Copa das Confederações e até optou pelo jogador como titular em alguns jogos da preparação. Futuramente, para a disputa da Copa do Mundo, deve ter a concorrência de nomes como Maxwell, do PSG, e Adriano, do Barcelona, além de Marcelo, do Real Madrid, que vem jogando como titular. Mas isso não tira o sono de Filipe.

“Eu acho que tem grandes jogadores. É bom ter de onde escolher. Maxwell fez um ótimo jogo, Marcelo é o melhor do mundo. Acredito que quem larga na frente vai depender do momento e da escolha e da característica que ele quer na seleção. O importante é que o grupo esteja unido na mesma direção.”

Gosto por medicina

A saída precoce do Brasil para jogar na Holanda, em 2004, e a permanência na Europa até então aliada à rotina do futebol atrapalharam alguns dos desejos do jogador, de, por exemplo, se aprofundar nos estudos.

Depois de se formar no segundo grau, Filipe não conseguiu ter oportunidade de ter um diploma universitário. Conta que chegou a pensar em fazer estudos básicos de medicina em Madri, recentemente, em uma universidade particular que tem parceria com o Atlético, mas que acabou desistindo pela rotina.

“Quando cheguei no Atlético tive chance de fazer faculdade. Queria fazer medicina e sempre tive amor por essa profissão do que outra que não fosse o futebol. Daí resolvi tentar entrar e fazer o processo para estudar em uma faculdade. Mas não dava, são muitas aulas e com treinos e jogos e não daria mesmo”, contou.

O plano agora fica para futuramente, quem sabe após o fim da carreira, tentar estudar. “Quem sabe, agora está mais difícil ainda, porque acabei de ser pai. Mas gostaria muito de tentar.”