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Brasileiro feminino tem 'calote' a árbitros e jogo com renda de R$ 0,35

Partida que começou 40 minutos atrasada por falta de ambulância, entre Duque de Caxias (foto) e Adeco-SP - Rafael Ribeiro/CBF
Partida que começou 40 minutos atrasada por falta de ambulância, entre Duque de Caxias (foto) e Adeco-SP Imagem: Rafael Ribeiro/CBF

Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/09/2013 06h00

O patrocínio de R$ 10 milhões da Caixa Econômica Federal, maior aporte para um torneio feminino de futebol no país, não livrou o Campeonato Brasileiro de 2013 de alguns problemas em seu início. Os jogos começaram na última semana com registros de falta de pagamento à equipe de arbitragem, atraso por falta de ambulância no estádio e a curiosa renda líquida de R$ 0,35 em uma das partidas.

Dos oito jogos da rodada inaugural, três não tiveram as despesas de arbitragem pagas. O fato aconteceu na vitória por 5 a 0 do São Francisco-BA sobre o Misto-MT, no triunfo por 2 a 1 do Tuna Luso-PA contra o Iranduba-AM e no empate sem gols entre Francana-SP e Rio Preto-SP. A responsabilidade do pagamento é das federações, de acordo com o artigo 20 do REC (Regulamento Específico da Competição).

A CBF confirmou os problemas ao UOL Esporte e disse apenas que tomará medidas para que os casos não se repitam nos próximos jogos. A reportagem apurou que houve falha na comunicação com as federações, que alegam não terem sido orientadas sobre os valores nem sobre a foram de pagamento. As entidades estaduais recebem repasse de R$ 7 mil para cobrir gastos com ambulâncias, gandulas, antidoping e arbitragem.

Renda de R$ 0,35 e problema com água
A partida entre São Francisco e Misto também teve outros casos relatados pela arbitragem. Foram cinco ingressos vendidos dos 50 disponibilizados e arrecadação de R$ 20. Os impostos e taxas 'comeram' R$ 19,65, gerando uma renda líquida de apenas R$ 0,35. O jogo, inclusive, foi o único que teve o borderô disponibilizado no site da CBF. A maioria dos confrontos teve portões abertos, sem a cobrança de bilhetes.

O árbitro Cosme Iran Sabino Araújo relatou na súmula que não havia médicos nas comissões técnicas dos times nem água para beber no vestiário dos árbitros. Após pedido do juiz reserva aos funcionários da equipe da casa, um litro 'de água da torneira, com resíduo de sujeira' foi entregue. O técnico e coordenador do São Francisco, Mário Augusto Figueiras, se defende e diz que houve exagero no informe.

"Aconteceu uma manifestação em Salvador no dia da partida e chegamos ao estádio atrasados, tanto que o jogo começou 15 minutos depois do que estava marcado. Foi algo atípico, ficamos presos no trânsito. Por essa razão não havia água no vestiário da arbitragem, pois nossos funcionários estavam no ônibus. Quando chegamos, entregamos uma garrafa de água mineral. Foi a mesma que nossa equipe consumiu e que entregamos ao adversário. Não era da torneia. Se tinha alguma coisa, é responsabilidade da empresa", declarou.

Atraso por falta de ambulância
Se uma das partidas atrasou por conta de manifestações em Salvador, outra teve o início adiado pela falta de uma ambulância. A derrota do Duque de Caxias por 4 a 1 para o Adeco-SP só começou 40 minutos depois do horário marcado. 

O clube carioca informou que o jogo teve local alterado na véspera - foi levado do estádio Romário Faria para Los Larios, ambos em Xerém - e que teve dificuldade em comunicar a mudança à empresa que fornece a ambulância. 

Novo uniforme e sorteio
Outro detalhe curioso aconteceu no duelo entre Ascoop-DF e Vasco, no estádio Valmir Bezerra. A equipe de Brasília começou a partida com camisa, calção e meião verdes, mas trocou no intervalo por um conjunto todo branco, segundo relato da súmula do árbitro Rafael Martins Diniz.

Na partida entre Vasco e São José-RJ, na última quarta-feira, pela segunda rodada, um sorteio de brindes foi feito para torcedores que acompanharam o duelo em São Januário. Itens como um travesseiro do clube e uma garrafa térmica foram disputados pelos cerca de 100 presentes. Eles eram, na maioria, convidados de colégios, escolinhas do clube e familiares das próprias jogadoras.

Apesar dos problemas nas rodadas de estreia, o coordenador do São Francisco elogia a estrutura do Brasileirão Feminino e diz que torce pela manutenção da competição nos próximos anos.

"Esperamos muito tempo para ter um torneio estruturado. Está muito melhor agora. O ônibus e os hotéis são de qualidade, temos uma ajuda de custo para jogos fora de casa que garantem uma tranquilidade para qualquer emergência. Espero que continue assim", disse Mário Augusto Figueiras.

O Brasileirão Feminino vai até o dia 4 de dezembro e o contrato de patrocínio da Caixa é válido apenas para esta temporada. São 20 clubes divididos em quatro grupos. Os dois melhores de cada chave serão divididos em dois novos blocos. Por fim, as quatro equipes mais bem colocadas disputarão semifinal e final.

JOGADORA BRASILEIRA É DESTAQUE DA EQUIPE DO MILAN